Todos sabemos que a população idosa cresce progressivamente e sua tendência é aumentar nos próximos anos. E algumas perguntas importantes surgem nesse cenário: em que condições estamos envelhecendo? Temos hábitos de vida saudáveis para chegar na longevidade? Nosso cotidiano tem influência ou somente a genética explica os idosos com mais de 70 ou 80 anos com saúde impecável?
A atenção do mundo tem se voltado para essa população de idosos saudáveis, para entender como e por que eles chegam em idade avançada conservando bom estado de saúde biológica, psicológica e social. Nesse sentido, alguns fatores foram destacados como os “determinantes comportamentais” para um envelhecimento ativo e bem sucedido.
O etilismo é um hábito que pode ser adotado, desde que seja de maneira moderada e controlada; é considerado aceitável o consumo de até uma dose por dia (dose de apetivos, um copo de cerveja ou uma taça pequena de vinho tinto). Já o tabagismo é um hábito totalmente proscrito; não existe uma quantidade “segura” de cigarros por dia que o paciente possa fumar sem causar danos – portanto, o paciente deve sempre ser encorajado a abandonar o hábito de fumar. Além disso, a alimentação é item essencial para o envelhecimento ativo – uma dieta rica em fibras e vitaminas, com bastante consumo de vegetais e frutas, e pouco consumo de gordura e de alimentos industrializados é a dica de vários especialistas em envelhecimento; para isso, é muito importante o seguimento com nutricionista e acompanhamento do cardápio escolhido no dia a dia, não esquecendo do consumo de proteínas e cálcio – pessoas com estilo de vida vegetariano tem encontrado, nesses especialistas, variadas ideias de substituição de fontes de proteína, para a manutenção das quantidades ideais de consumo diário.
Sempre é importante lembrar da saúde bucal dos pacientes, principalmente se pensarmos em cuidados preventivos; higiene adequada, próteses dentárias bem adaptadas e consultas frequentes ao dentista são fatores de sucesso para o cuidado bem sucedido. Alguns estudos colocam a higiene oral precária como importante fator de risco para descompensações clínicas e internações hospitalares em idosos, sendo essencial seu cuidado em prevenção.
Outro fator sempre lembrado quando o assunto é saúde é a prática de exercícios físicos. Para o envelhecimento ativo, a prática de exercícios aeróbicos e resistidos é recomendada pelos especialistas, de preferência se realizados sob a supervisão de um educador físico. O mais importante nesse item é a periodicidade dos exercícios e sua rotina; além da melhora da condição física e possibilidade de redução das descompensações de doenças crônicas preexistentes, o hábito de praticar exercícios físicos também envolve contato social, item que é parte da definição de saúde.
Dois pontos são lembrados quando falamos de idosos ou envelhecimento: polifarmácia e propensão a iatrogenias. Polifarmácia é definida como o uso crônico de 5 ou mais medicações, algo bem comum nas prescrições dos pacientes com mais de 60 anos; o papel importante do geriatra, nesses casos, é tentar sempre manter na prescrição somente as medicações essenciais, reduzindo o que for possível, inclusive suspendendo ou substituindo medicamentos. Isso influencia na redução de iatrogenias causadas por interação medicamentosa, por exemplo. Pacientes idosos são grandes vítimas de procedimentos diagnósticos, muitas vezes, obstinados pela facilidade tecnológica, porém sem efeito em conduta terapêutica para esses pacientes. Devemos estar atentos à necessidade de exames complementares e medicações indicadas, individualizando sempre os casos e suas indicações.
Além da indicação do tratamento, a adesão a ele é essencial para o sucesso do cuidado e, consequemente, um envelhecimento ativo de sucesso. Aderir ao tratamento inclui, não somente, tomar as medicações na dose e horários recomendados, mas também a adoção de hábitos saudáveis de não fumar, realizar exercícios físicos de rotina e boa alimentação.
O envelhecer não começa aos 60 anos! Quanto antes adotarmos esses “determinantes comportamentais”, maiores as chances de chegarmos à terceira idade ativos e saudáveis.