“Design Thinking é a abordagem centrada no ser humano para a inovação e solução de problemas complexos, que se baseia num conjunto de metodologias para integrar as necessidades das pessoas às possibilidades da tecnologia e aos requisitos para o sucesso dos negócios.” Essa é a definição veiculada em livros e sites oficiais.
Porém, além da definição vamos entender abaixo quais os princípios que o Design Thinking se baseia e por quê se aplica à saúde, mais precisamente aqui, à Medicina.
Princípios:
Empatia – Primeiro princípio trazido do Design Thinking aplicado à área da saúde, em razão da relevância incondicional de que o paciente, cliente e usuário seja o centro da ação, projeto ou solução. Pautado nas dores e necessidades do ser humano, o Design Thinking aborda aspectos que nem sempre são enaltecidos ou valorizados, quando se trata do paciente. É sobre olhar um problema real do paciente e trabalhar em uma solução real. No final das contas, é mostrar que sempre será gente cuidando de gente, independente do viés de solução. De nada vale ideias, projetos, prototipação ou solução se não entregar real valor ao cliente final. Há a necessidade dele enxergar claramente valor naquilo que está sendo apresentado, sem dificuldade, sem muitas voltas, deve agregar valor.
Colaboração – Não há prototipação de ideias sem o caráter colaborativo da equipe, em prol do cliente. Esse princípio tem a ver com “entender o todo”. Não há Design Thinking isolado, há uma necessidade coletiva que precisa ser entendida pelos diferentes contextos e olhares para todos os aspectos contraditórios do problema.
Experimentação – O modelo de Design Thinking traz consigo ideias de experimentação e testes que colocam em movimento ideias. O projeto sai do campo da ideação para a ação quando é envolvido o princípio de experimentação. Não esperar estar 100% pronto para testar, mas a cada próximo step, validar, por meio da experimentação.
Com isso, fechamos os princípios do Design Thinking e podemos partir para entender o processo do Design Thinking.
O processo do Design Thinking
O modelo de “duplo diamante” apresentado na imagem abaixo é utilizado em duas grandes divisões, o primeiro diamante sendo pautado no problema e o segundo pautado na solução.
Ambos os diamantes têm etapas de amplificação, no qual é o momento em que se prioriza a captação de ideias, feedbacks e dados em si do seu problema/solução, seguido do fechamento, momento esse em que segue-se para a síntese das coletas, buscando a orientação dos próximos passos.
Iniciando pelo “Problema ou Oportunidade”, busca-se partir da descoberta do cenário, por isso a amplificação em entender e mapear os clientes, contexto e pessoas envolvidas, por meio de ferramentas e técnicas de captação desses dados e insights. Logo após, busca-se o fechamento dessas coletas, com o propósito de analisar e convergir para qual de fato é o problema que terá o foco.
A partir da definição do problema, inicia-se a jornada pelo segundo diamante, a “Redefinição do Problema”, focado no seu desenvolvimento, por meio da amplificação novamente de possibilidades de estratégias a serem consideradas pra a solução. E por fim do segundo diamante, é o momento de considerar o fechamento das ideias e soluções que foram levantadas para que, de fato, possam ser testadas e validadas, no menor tempo possível, a fim de evitar desperdícios com grandes investimentos iniciais em algo ainda não consolidado e buscar a melhor solução real para o problema encontrado.
Dentre o modelo de Design Thinking, é possível encontrar ferramentas que auxiliam no objetivo específico que queremos atingir, como entender a persona e a jornada do usuário.
Para o objetivo de entender a persona, o Design Thinking traz a ferramenta de mapa de empatia, que se define por ser uma ferramenta visual para descrever o perfil de uma pessoa ou de um grupo de pessoas. Mas afinal, o que é empatia? Empatia é o esforço que se faz para se colocar no lugar do outro, a fim de sentir as dores, necessidades, sentimentos e pensamentos.
Para isso, serão usados os quatro elementos para extrair o máximo de informação nesse trabalho de empatia. Ver, fala e faz, pensa e sente, e escuta, esses são os quatro elementos apresentados na imagem abaixo que são abordados no mapa da empatia. Vamos explicar eles separadamente agora.
Os elementos de “ver” e “escutar” são abordados com o viés de entender o que chega até a pessoa, ou seja, ao que ela é exposta, seja de forma visual ou auditiva em ambientes de trabalho, lazer, familiares e de solitude.
Os elementos de “pensar e sentir” e “falar e fazer” estão relacionados com os impactos que essas exposições externas causam na pessoa central, ou seja, o qual o impacto causa no comportamento, seja pensando, sentindo, fazendo ou falando.
Na parte inferir do mapa da empatia, constam dois outros elementos, que abordarão sobre dor (medos, frustações e obstáculos) e ganhos (desejos e necessidades, formas de medir sucesso). Vale lembrar que esse mapa de empatia é ainda mais válido se construído de forma coletiva, visando a diversidade de perspectivas sobre o mesmo centro, a pessoa, paciente, cliente ou médico, a depender de quem será a sua persona.
Essas são ferramentas usais e práticas na introdução do Design Thinking que podem e devem ser aplicadas aos estudantes de Medicina que pretendem adentrar nessa atmosfera moderna e atual.