Pela definição em dicionário, “cuidador” é aquele que trata, que cuida de alguém ou de algo, que é zeloso. Na prática do dia a dia, usamos essa palavra para definir as pessoas que cuidam, fazem companhia ou prestam assistência de saúde a outras pessoas, principalmente idosos; essas pessoas podem ser familiares, vizinhos ou profissionais contratados. Com certeza, você já ouviu falar ou até mesmo conhece alguém que seja cuidador de idosos. O que é pouco conhecido, na verdade, é a propensão que essas pessoas estão sujeitas ao estresse e adoecimento, justamente por causa dessa função de cuidar.
O ato de cuidar, sozinho, não é responsável por sintomas de depressão, isolamento social ou outros problemas de saúde que o cuidador possa sofrer. Uma pessoa mais susceptível ao estresse – também chamado de síndrome de burnout – tem a combinação de vulnerabilidade psicobiológica associada a condições de isolamento social, restrições pessoais e vivência prolongada de períodos de estresse. Muitas vezes a tarefa do cuidador envolve algumas renúncias: atividades profissionais anteriores são deixadas de lado, atividades de lazer dão lugar às tarefas do dia a dia de cuidado do paciente idoso e, em alguns casos, até mesmo o auto-cuidado se torna secundário. Quando há sobrecarga física e emocional do cuidador, existe um risco elevado que a atenção ao idoso ou paciente, que é cuidado, seja prejudicada – esse fator é preditor de risco para aumento do número de internações hospitalares, aumento de institucionalizações dos pacientes cuidados e maior mortalidade entre os cuidadores.
Ser cuidador não é fácil e envolve desafios diários, especialmente se o grau de dependência da pessoa cuidada é elevado, como em pacientes acamados ou com doença de Alzheimer. Alguns fatores são apontados em estudos como de maior risco para que o cuidador esteja mais susceptível ao estresse: ser mulher, tempo longo dedicado exclusivamente ao cuidado – morar com a pessoa que é cuidada, por exemplo, aspectos culturais, como menor escolaridade, e aspectos financeiros, condições psicológicas prévias (depressão e isolamento social já presentes antes de exercer a tarefa de cuidar), ser cuidador sem ter optado por essa função e inabilidade ou dificuldade de enfrentamento e resolução de problemas. O perfil mais comum de ser encontrado nos casos de estresse do cuidador é: esposa idosa que é cuidadora do marido ou filha (na maioria das vezes, solteira) que cuida dos pais; mulheres que cuidam de maridos com diagnóstico de síndrome demencial têm 63% a mais de risco de mortalidade!
Como identificar um cuidador com estresse?
Os principais sinais são geralmente encontrados com questionamentos ativos por parte do profissional de saúde – algumas pessoas estão tão envolvidas no cuidado e no sentimento, muitas vezes protecionista, que não enxergam os riscos de estresse físico e emocional a que estão submetidos; os relatos envolvem: sonolência excessiva ou insônia, abuso de álcool ou outras substâncias – incluindo medicamentos, ganho de peso ou perda ponderal não intencional, sensação de cansaço a maior parte do dia, irritabilidade, tristeza, preocupação constante, anedonia (perda do interesse por atividades que antes gostava de realizar), dores de cabeça ou musculares.
Essa situação é mais comumente encontrada em cuidadores de pacientes que apresentam diagnóstico de síndrome demencial. A atuação de uma equipe multiprofissional é fundamental, focando principalmente na educação e no apoio ao cuidador. Tanto o cuidador quanto os familiares devem ser intruídos e preparados para situações de dependência funcional do paciente e atender às suas necessidades, sendo aconselhados sobre como lidar com sentimentos de raiva, depressão, tristeza e culpa, que frequentemente acompanham as pessoas responsáveis pelo cuidado. Quanto mais informação é fornecida e compreendida pelo cuidador, melhor será sua capacidade de lidar com os desafios diários, facilitando a escolha de estratégias de enfrentamento e manejo das situações que possam acontecer.
O que podemos fazer ao identificar a sobrecarga do cuidador?
As estratégias de intervenção devem priorizar a abordagem multidisciplinar, reduzindo a sobrecarga do cuidador; algumas modalidades são: psicoterapia, atividade física regular, ampliação da rede de suporte do paciente e divisão de tarefas, atendimento domiciliar por equipe de saúde específica, administração de fármacos para o paciente e/ou para o cuidador, institucionalização do paciente, entre outras. Algumas estratégias para resolução de problemas, as chamadas estratégias coping (palavra em iglês, que pode ser traduzida como “enfrentamento”), envolvem um processo de adaptação a situações de estresse, que abrangem crenças pessoais, recursos e habilidades de lidar com situações adversas, valores morais, entre outros. A estratégia coping pode ser centrada no problema – a situação é avaliada a fim de encontrar um meio que solucione o problema, com alternativas e confecção de um plano de ação – ou centrada na pessoa – com processos que busquem aliviar o impacto do estresse no cuidador, mesmo que a situação problemática inicial não possa ser resolvida.
A indicação de hospitalização ou institucionalização do paciente cuidado pode, inicialmente, não ser muito bem recebida pelo cuidador – principalmente se for um familiar; mas deve ser pensada como uma opção, principalmente em casos onde outras estratégias foram tentadas (divisão de tarefas, coping, intervenção farmacológica) e falharam, ou quando a sobrecarga se torna tão acentuada que faz com que o cuidador passe a ser considerado incapaz de seguir os cuidados. Quando a carga emocional de estresse sofrida pelo cuidador atinge níveis insuportáveis para ele, o paciente cuidado fica mais vulnerável a negligência e maus-tratos.
Algumas sugestões podem ser dadas ao cuidador:
- A primeira delas é – procure por ajuda e aceite se for oferecida por alguém. Algo simples, como alguém se oferecer para passar uma tarde com o paciente, para que você possa realizar uma caminhada de alguns minutos, pode fazer total diferença no cuidado.
- Esteja concentrado em fazer o que você é capaz, não vá além das suas habilidades ou faça algo que exija esforço acentuado. Ninguém vai ser perfeito. Aprender a dizer “não” a determinadas perguntas pode ser o primeiro passo para aliviar a sobrecarga.
- Tenha metas e planejamentos compatíveis com a realidade; priorize etapas, faça uma lista de tarefas – dê um passo por vez.
- Participe de atividades em grupo – atividades físicas, terapia de grupo; isso vai te incentivar a criar estratégias novas ou remodelar as já utilizadas para enfrentar melhor os problemas do dia a dia.
- Esteja sempre informado (muito importante!). Pergunte, tire suas dúvidas, procure atendimento médico. Algumas unidades básicas de saúde oferecem serviços domiciliares e palestras sobre doenças crônicas e síndromes demenciais que podem ajudar a encontrar soluções e dividir experiências com outros cuidadores.
- Tenha metas pessoais de cuidados com a própria saúde e tempo disponível para atividades sociais. Tenha uma rotina de sono e alimentação, separe um horário para atividade física – que pode ser feita incluindo a pessoa cuidada, se for possível. Mantenha o seu calendário vacinal atualizado e faça consultas médicas regulares.
Investir na assistência de saúde de quem cuida é uma tentativa de impedir que essas pessoas se tornem novos pacientes do sistema de saúde. O estresse do cuidador é uma realidade do panorama atual, que se torna mais importante pelo crescente envelhecimento populacional, e está associado a um considerável comprometimento da qualidade de vida – biológica, psicológica e social. Quando um cuidador consegue realizar suas tarefas sem sobrecarga, de maneira equilibrada, com informação e assistência adequadas, os efeitos adversos são minimizados e, assim, se oferece um cuidado mais atento, de melhor qualidade.
Se você é um cuidador (ou conhece alguém que seja), busque ajuda! Procure por informações e troque experiências. Divida as dúvidas e questionamentos, pergunte, compartilhe as vivências e, principalmente, cuide da sua própria saúde.
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