Você já se fez essa pergunta? Quantas vezes você se deparou com um paciente em que tudo que você falou pareceu não ser absorvido? E aquele paciente que retornou na sua consulta, mas não conseguiu realizar nada do que havia sido planejado?
Será que isso é “culpa” do paciente? Será que é você o responsável por isso? Ou será que há uma falha na comunicação entre vocês?
Este artigo vai buscar refletir sobre um dos temas mais importantes na prática da medicina, mesmo que um pouco negligenciado, que é a comunicação médico-paciente.
Aquela arte em que o profissional deve dominar a fim de ser capaz de explicar toda a situação da doença, perspectivas, possibilidades terapêuticas para o seu paciente, além de conseguir os dados corretos da anamnese, sem que haja lacunas entre esse diálogo.
Muitos vão se perguntar: “Qual o motivo da comunicação ser tão importante, se hoje achamos tudo com muita facilidade com o uso das novas tecnologias e da internet?”.
Bom, aí que está a questão! Apesar disso, o diálogo, o contato pessoal e o saber escutar são essenciais do atendimento, com inúmeros benefícios, dentre eles o sucesso do seu trabalho e a adesão do paciente aos seus planos terapêuticos.
Cabe ao profissional médico estar aberto a falar e a ouvir, transmitir confiança e informações de maneira clara. Quando o paciente não se sente seguro para manter uma conversa, há uma dificuldade imensa na formação do vínculo, o que atrapalha a conduta médica.
QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS DESSE MELHOR DIÁLOGO?
Podemos citar diversos:
– Melhores diagnósticos;
– Redução dos erros médicos;
– Maior confiança no tratamento proposto;
– Maior vínculo médico paciente;
– Redução de queixas;
– Maior adesão ao tratamento;
– Maior satisfação do paciente;
– Melhor compreensão, por parte do profissional, dos anseios, medos, questionamentos e queixas do paciente;
POR QUE HÁ UMA MELHORA NA ADESÃO AO TRATAMENTO QUANDO O DIÁLOGO É MELHOR?
Quando há um diálogo eficaz e uma relação de confiança, no qual o paciente se encontra bem informado e se sente confortável para participar na tomada de decisão do seu próprio tratamento, a adesão é muito maior.
É importante que o doente perceba que possui autonomia e abertura para tratar sobre qualquer assunto com seu médico, principalmente sobre o curso do tratamento, suas dúvidas e cuidados.
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS DESAFIOS NA COMUNICAÇÃO MÉDICO PACIENTE?
Como já sabemos, toda pessoa que procura um atendimento de saúde e auxílio médico se encontra em uma certa situação de vulnerabilidade, encontrando-se desconfortável. Com isso, diversos fatores vêm como consequência: inseguranças, medos, dúvidas.
Olha que interessante! Um estudo realizado pela Universidade de Toronto apontou que 54% das queixas do paciente e 45% das suas preocupações passam despercebidas pelos profissionais ao decorrer das consultas.
Alguns dados apontam que, em pelo menos metade dos atendimentos, médicos e pacientes não estão em comum acordo sobre o motivo principal dos sintomas apresentados.
Em algumas situações, o paciente está incerto sobre o tratamento ou não se encontra à vontade para realizar perguntas. Em outras, o médico não dá tanta oportunidade para o doente falar.
Já temos dados suficientes na literatura médica que concluem que o médico acaba falando muito mais do que o próprio paciente em uma consulta (não deveria ser o oposto?), e que, geralmente, o profissional interrompe a fala da pessoa necessitada frequentemente (um estudo do JAMA – The Journal of the American Medical Association – aponta que os médicos não levam mais do que 23 segundos até realizar a primeira interrupção na fala do paciente).
Portanto, talvez o maior desafio desse tema seja a humanização da relação. Como isso é feito? O médico deve permitir que o paciente participe de forma mais ativa da consulta, além de ser capaz de ouvir mais do que falar e compreender melhor as reais preocupações do doente.
QUAIS SÃO AS HABILIDADES NECESSÁRIAS PARA QUE EU MELHORE MINHA COMUNICAÇÃO MÉDICO PACIENTE?
Vamos citar algumas técnicas que podem possibilitar uma técnica mais apurada?
– Escuta ativa: saber ouvir! Isso ajuda o paciente a se sentir mais à vontade para abordar suas aflições e necessidades, sanar suas dúvidas e revelar receios e inseguranças que possam surgir.
É importante que o médico demonstre interesse e concentração na conversa (atitudes como conversar com outro indivíduo ao mesmo tempo, manipular o celular ou qualquer outro objeto durante a conversa transmitem desinteresse ao paciente).
– Empatia, respeito e se livrar de julgamentos: saber se colocar no lugar do outro.
– Melhora da comunicação não verbal: a famosa “linguagem corporal” (gestos, expressões faciais, postura, olhar) é essencial para a primeira impressão e contato inicial do profissional com o paciente.
É o tipo de atitude capaz de demonstrar sentimentos, emoções e estabelecer um vínculo. É importante receber o paciente com um sorriso e um gesto simpático, manter contato visual sempre que possível.
– Evitar linguagem muito especializada / científica: nem todo paciente (na verdade, a minoria) possui a capacidade de conhecer tão bem a linguagem científica e o vocabulário médico como você. Então, por que usar termos extremamente técnicos ao se comunicar com ele?
Por isso, é importante que sejamos capazes de adequar a comunicação de acordo com o tipo de ouvinte. Saber fazer isso permite que o diálogo ocorra com fluidez, trazendo o paciente para mais próximo do profissional.
Sendo assim, esteja sempre à disposição para repetir e esclarecer as informações fornecidas, ou algum procedimento que possa ter sido mal interpretado. Sempre devemos confirmar com o paciente se restou alguma dúvida.
– Instruções por escrito e material educativo: uma boa ferramenta é investir em instruções escritas, materiais educativos e até mesmo desenhar na consulta.
PORTANTO, PESSOAL, VALE A PENA REFLETIRMOS SOBRE O TEMA E PENSAR SE ESTAMOS SENDO O MAIS CLARO POSSÍVEL COM OS NOSSOS PACIENTES!