Como um médico deve se vestir no hospital?
Você já parou para pensar que, de repente, o que um médico veste pode influenciar a impressão que o paciente tem de você?
Ou, além disso, a depender do tipo de vestuário que você está usando, este transmite maior confiança para o doente?
Então, nesse artigo, vamos tentar expor um pouco da opinião dos próprios pacientes, e o que dizem alguns estudos realizados em outros países (Chopra V. et al) sobre a influência da roupa do médico na sua atuação profissional.
Esses estudos afirmam que mais de 4000 pacientes dizem: “prefiro médicos que utilizam um jaleco branco”.
Por outro lado, atualmente, a maioria dos médicos não se importa tanto com a utilização desse acessório ou uniforme.
Aqui já vai uma dica! Se você se importa com a impressão que possa causar no seu paciente, que tal voltar a adotar o bom e velho jaleco?
Na realidade, o vestuário médico pode ser muito mais importante do que os médicos, e até mesmos os pacientes, possam imaginar, dizem os últimos estudos sobre o assunto.
Mais da metade dos pacientes interrogados no estudo mais importante sobre este tópico alegaram que o que o médico veste na hora de atendê-lo é importante.
Um terço dos pacientes referiu que isso interfere diretamente na sua satisfação sobre o tratamento recebido (você já parou para pensar nisso?).
Ainda nesse mesmo estudo, foi solicitado que os pacientes olhassem para fotos de médicos do sexo masculino e feminino, vestindo 7 tipos diferentes de uniformes, e que, após isso, falassem sobre o quão atualizado, técnico, confiante e cuidadoso aquele profissional parecia ser, e o quão confortável o paciente se sentia com aquela imagem.
As opções para descrever os uniformes foram:
– Casual (ex.: calça jeans/social e camisa polo);
– Pijama cirúrgico;
– Formal (ex.: calça e blusa social, com ou sem gravata para homens e sapatos);
– “Executivo” (ex.: blazer, blusa e calça social, sapatos, com ou sem gravata).
Dentre as classificações, o traje formal associado com o jaleco branco foi o que obteve maior pontuação na satisfação para os doentes, principalmente na população com faixa etária acima dos 65 anos.
Em segundo lugar, o pijama cirúrgico com o jaleco branco e, em terceiro, o traje formal “puro”.
O QUE OS PACIENTES PENSAM SOBRE OS SEUS PRÓPRIOS MÉDICOS ASSISTENTES?
Quando foi perguntado aos pacientes o que eles pensam sobre os seus médicos quanto à vestimenta, 44% alegou que há preferência pelo traje formal com o jaleco branco, e 26% pijama cirúrgico com jaleco branco.
EXISTE VARIAÇÃO QUANTO ÀS ESPECIALIDADES MÉDICAS E OS LOCAIS DIFERENTES DE ATUAÇÃO?
Quando foi perguntado sobre o que os pacientes preferiam que cirurgiões e emergencistas vestissem, pijama cirúrgico “puro” foi a resposta de 34% deles, seguido do pijama com o jaleco em 23% dos casos.
Os resultados se estenderam para os médicos de ambos os gêneros, divergindo apenas sobre os cirurgiões homens, que os pacientes preferem o traje formal, sem o jaleco.
Em referência ao local em que está sendo realizado o atendimento (ex.: hospitais, consultório e emergência), 62% concorda que os médicos deveriam vestir jaleco branco, enquanto 55% alegam a mesma coisa sobre os profissionais atendendo nos consultórios. O jaleco branco ficou com 44% da preferência, quando o local em questão é a emergência.
Interessante também que, no mesmo estudo, comparando as regiões americanas entre si, houve diferença sobre a preferência dos uniformes médicos, algumas sendo mais formais que outras (acredito que em nosso país essa diferença também possa existir).
SERÁ QUE ISSO TAMBÉM TEM RELAÇÃO COM O DIA DA SEMANA EM QUE O MÉDICO ESTÁ TRABALHANDO?
Olha que curioso! Quando foi realizada essa pergunta aos pacientes, aproximadamente 44% dos pacientes afirmaram que calça jeans com uma blusa polo estaria apropriado nos finais de semana, enquanto 56% se demonstrou neutro ou desaprovou tal vestuário.
A REAL IMPORTÂNCIA DO UNIFORME MÉDICO PARA A SATISFAÇÃO DO PACIENTE
O paciente se preocupa com o uniforme médico e tem uma expectativa sobre um determinado “estilo médico”, ou seja, quando vamos estar diante de um indivíduo doente ou que esteja necessitado do nosso trabalho, ele tem uma imagem idealizada do que vai encontrar na figura do médico.
Sendo assim, a forma que estamos vestidos pode ser uma peça fundamental para conquistar a confiança do nosso paciente e o início de uma relação médico-paciente fortalecida.
E AQUELA HISTÓRIA DO JALECO AUMENTAR A TAXA DE INFECÇÃO ENTRE OS PACIENTES?
Algumas vertentes atuais alegam que o jaleco branco, principalmente aqueles de manga longa, são possíveis fontes de infecção / contaminação cruzada entre pacientes. Como assim, Guilherme!?
Bom, vamos lá! Imagine um médico com jaleco de manga longa cumprimentando um paciente aqui, outro ali, examinando um lá, outro cá, e encostando a pontinha da manga do jaleco em todos esses indivíduos. Então, muitos acreditam que essa é uma possível fonte de infecção, defendendo a suspensão do uso dos jalecos brancos.
E o que temos de fato? Até agora, nenhum estudo demonstrou transmissão de infecção para os pacientes através do contato com o uniforme médico. No entanto, é um assunto que ainda necessita de mais pesquisas para que possamos ter conclusões mais exatas.
ALIÁS, DEPOIS DESSA CONVERSA TODA, VOCÊ SABE DE ONDE SURGIU O JALECO BRANCO QUE MÉDICOS DO MUNDO INTEIRO USAM?
A história mais aceita é que o jaleco tenha surgido no final da Idade Média, para proteger os profissionais da peste bubônica que ocorria na Europa, além de outros acessórios como luvas, chapéus, máscara e até um “bico” (muito semelhante ao de um pássaro) que protegia o nariz.
No entanto, naquela época, os tecidos eram escuros e quanto mais manchados fossem, mais moral fornecia ao médico, pois indicava o número de pacientes tratados por aquele.
Somente no final do século XIX, quando foi provada a relação de muitas doenças com a falta de assepsia nos hospitais, que o jaleco branco e limpo se tornou a tendência.
ANDAR DE JALECO NÃO É FASHION!
Por que este tópico, Guilherme? Vale a pena lembrar que, mesmo que você sinta um enorme prazer em “ostentar” seu jaleco, é importante lembrar que é lei a proibição de utilização de jalecos em ambientes externos aos de trabalho.
Andar de jaleco na rua não está na moda e tem muitos malefícios, como a transmissão de bactérias da rua para dentro de Unidades de Saúde.
Então, use seu jaleco com responsabilidade e de maneira correta!