Atenção! Pode conter spoiler.
O personagem do filme “O Lado Bom da Vida”, Pat Solitano Jr., descobriu que tinha transtorno bipolar após um episódio de agressão e retorna para família depois de ficar internado em um hospital psiquiátrico. Alguns sintomas e fases da doença são bem retratados no filme. Vocês conseguiram identificar alguns?!
O transtorno bipolar é uma doença cerebral física que gera alterações de humor bruscas, desde euforia até tristeza intensa. As fases são chamadas de delírio, mania, hipomania e depressão; estão muito bem representadas na obra. A seguir, vamos comentar um pouco sobre esses sintomas e como foram retratadas em diferentes cenas:
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Delírio:
Sob estresse intenso pode ocorrer a perda de contato com a realidade. Ocorre somente em momentos de crise, ou seja, durante a fase maníaca ou depressiva. Fatores externos podem ser “gatilhos” para gerar esse processo, que geralmente acompanha o humor – se maniacos, delírios de grandeza, como ser muito importante, rico ou famoso; se deprimidos, delírios de ruína como doença grave, grande fracasso.
No caso de Pat, um delírio bastante nítido é mencionado: o personagem liga para a polícia e acusa a mulher e o professor de história da escola de trabalha de estarem tramando contra ela. Pode ter sido ocasionado talvez por um estresse prolongado pelo trabalho, ou pela suspeita de traição de sua mulher.
Mania:
Também chamado de euforia, é uma das três fases do transtorno bipolar (mania, hipomania e depressão). Como o próprio nome já diz, caracteriza-se por um estado de exaltação, mas que não necessariamente está relacionado a um sentimento positivo. Durante este período o paciente pode sentir euforia, irritação, ansiedade e até tristeza, mas sempre em grande exagero. Neste último caso, quando a mania se desenvolve a partir de tristeza excessiva, chamamos de episódio misto (ou seja, um estágio maníaco depressivo considerado muito grave!).
A cena de Pat procurando o seu vídeo de casamento compulsivamente pode ser um exemplo de episódio misto. O personagem se sente irritado e sob forte estresse; acredita que esconderam a fita para que não assista. O episódio se desenvolve como um gatilho para o início de um delírio. Começa a enxergar cenas da última vez que viu sua mulher e a ouvir uma música que tocou em seu casamento.
Hipomania:
Um estado de mania mais leve em que o indivíduo pode se tornar mais produtivo. Nessa fase, há uma sensação de bem estar e, por isso, deve-se tomar muito cuidado. Muitos pacientes ficam mais resistentes ao tratamento e param com a medicação.
Logo no início do filme, por exemplo, Pat se recusa a tomar medicação porque afirma que está bem e curado. Ele consegue ler livros, praticar exercícios físicos, como a corrida; e deseja voltar a trabalhar na escola.
Depressão:
Os sintomas apresentados na fase de depressão são os mesmos de um episódio depressivo como humor deprimido; falta de energia; falta de prazer; problemas para dormir; lentidão motora e de pensamento; alteração no apetite entre outros.
A periodicidade, assim como a frequência desses episódios dependem do tipo de bipolaridade. Essa doença pode ser classificada como Tipo I, Tipo II, não especificado ou misto e Transtorno Ciclotímico. Vamos falar um pouco sobre cada um:
Tipo I: O transtorno bipolar de tipo I é marcado por pelo menos um episódio de mania e períodos de depressão profunda. Uma pessoa com este tipo de transtorno pode passar longos períodos de estabilidade entre os sintomas. A mania e a depressão também podem alternar em períodos rápidos. Às vezes os sintomas aparecem ao longo do mesmo dia e a pessoa apresenta mudanças abruptas de humor.
Tipo II: Neste tipo de bipolaridade as mudanças entre as fases são mais sutis e não muito bem marcadas como no tipo I. A depressão é prolongada e a mania são se desenvolve completamente. Torna-se períodos de bem-estar entre a fase depressiva, que é prolongada.
Transtorno Ciclotímico:Transformações de humor mais leves, geralmente caracterizadas entre as fases de hipomania e depressão leve.
Experiências traumáticas, como as do personagem do filme, estão entre os fatores de risco da doença. Vocês sabem qual dos tipos de transtorno bipolar está sendo retratado em O Lado Bom da Vida?! Fale para a gente nos comentários!
Bom texto, parabéns,
Obrigado pelo comentário, Matheus! Continue acompanhando as nossas postagens.
Muito bom o post.
Bom, eu tenho a doença e no começo era muito difícil lidar com ela. Eu me identifiquei muito com o filme, pois quando eu tive o primeiro surto, minha vida mudou drasticamente. Eu perdi: emprego, amigos, namorada e a confiança dos meu familiares, fora que algumas pessoas ficaram com medo de mim. O filme me ajudou a entender melhor a doença e como devo lidar com ela.
Adorei o post.
Abraços.
Danilo, você não faz ideia do quanto é bom saber que a gente pode te ajudar de alguma maneira. É lógico que o filme te auxiliou muito mais e foi preponderante para você lidar com a doença, mas agora também nos sentimos parte dessa sua recuperação! Vai ficar tudo bem (=