O que é um eletrocardiograma?
O eletrocardiograma (ECG) é um exame prático, barato, não invasivo, que pode fornecer informações importantes a respeito da anatomia e fisiologia cardíaca de um indivíduo.
Contudo, ele também é avaliador dependente, ou seja, necessita de um indivíduo capacitado que saiba realizar e interpretar. Tudo isso com o intuito de que os resultados obtidos sejam compreendidos em toda sua complexidade de informações.
Uma das possíveis informações obtidas é a presença de sobrecarga das câmaras atriais direita e/ou esquerda e das câmaras ventriculares direita e/, ou esquerda.
Como reconhecer as sobrecargas?
Sendo assim, o nosso objetivo será aprender a reconhecer essas possíveis alterações que podem ser indicativas de quadro de insuficiência cardíaca direita e/ou esquerda, presença de hipertrofia ventricular esquerda, hipertensão pulmonar, valvulopatias, dentre outros.
No caso das sobrecargas atriais, o átrio encontra-se afetado com sinais de hipertrofia, principalmente. Como a onda P do eletrocardiograma corresponde ao período de despolarização atrial, ao estudar a morfologia da onda P, conseguiremos perceber se há ou não existência de sobrecarga atrial e de qual lado.
As melhores derivações para analisar a onda P são D2 e V1, pois em D2 apresenta a maior amplitude e em V1 permite visualizar os vetores direito e esquerdo por um ângulo diferente (morfologia bifásica).
O estudo da morfologia da onda P considera seu formato, duração e amplitude. O formato normal é de uma onda P monofásica, positiva e arredondada em D2 e bifásica em V1. A duração normal é de 100 ms (2,5 quadradinhos), enquanto a amplitude é de 2,5 mm (2,5 quadradinhos) em D2. Se a onda P não apresentar esses critérios, iremos suspeitar de alterações, como sobrecargas, por exemplo.
Sobrecargas atriais
Nas sobrecargas atriais direitas, iremos encontrar uma onda P com amplitude alta (maior que 2,5 mm) e apiculada em D2. Nas esquerdas, a onda P encontra-se alargada, ou seja, com duração maior que 100 ms em D2 e com índice de Morris (corresponde ao aumento da fase negativa de V1) maior que 1 mm em V1. Nas sobrecargas biatriais, encontraremos os dois padrões associados.
Sobrecargas ventriculares
No caso das sobrecargas ventriculares, o ventrículo encontra-se afetado com sinais de hipertrofia, principalmente. Como o complexo QRS do eletrocardiograma corresponde ao período de despolarização ventricular, ao estudar a morfologia do complexo QRS, conseguiremos perceber se há ou não existência de sobrecarga ventricular e de qual lado.
O estudo da morfologia do complexo QRS considera seu formato, duração e amplitude. Normalmente, o formato é variável, tornando-se gradualmente positivo de V1 a V6. A duração é menor que 120 ms (3 quadradinhos) e a amplitude deve ser menor que 5 mm nas derivações frontais e 8-10 mm nas derivações precordiais.
As sobrecargas ventriculares direitas modificam a ativação ventricular, portanto, iremos encontrar um complexo QRS mais positivo que o normal em V1 e V2 e mais negativo em V5 e V6. Diferente do que ocorre nas esquerdas, na qual não há modificação da ativação, apenas uma exacerbação.
Dessa forma, os complexos QRS gradualmente irão se positivando de V1 a V6, porém com maior amplitude (mais que 8-10 mm). Nas biventriculares, encontraremos também associação dos padrões. É importante lembrar que podemos encontrar sobrecargas de mais de uma câmara ao mesmo tempo, e de ambos os lados.
Espero que essas dicas tenham sido úteis e te ajudem a reconhecer as sobrecargas no ECG. Bons estudos! E caso queira se aprender mais sobre o assunto, recomendamos que assista o vídeo em nosso canal no YouTube, em que o professor Rodrigo Sá explica sobre as bases teóricas do ECG e, consequentemente, como ele se forma.
Sensacional galera. Parabéns pelo Blog. Sou da área de enfermagem, atuo há 16 anos. Estou relembrando alguns conceitos no Jaleko…Sucesso para vcs !
Leo, você não sabe o quanto foi reconfortante ler esse seu comentário! Agradecemos demais pelos elogios (;