Você sabe o que é o Estado de Mal Epiléptico? Mais ainda, sabe reconhecer e tratar corretamente? Caso não saiba, a hora é agora de aprender esse assunto tão importante que pode aparecer durante seu plantão nos hospitais de emergência.
O estado de mal epiléptico é uma condição na qual o estado epiléptico se mantém por mais de 30 minutos, ou não há recuperação do estado de consciência, entre 2 ou mais crises. É importante lembrar também que crises com duração maior a 5-10 minutos apresentam baixa probabilidade de cessarem de modo espontâneo. Estimasse que cerca de 90000 pessoas apresentam o quadro por ano no Brasil, é bastante gente, né? Mas o pior dessa condição eu ainda não falei! A letalidade, dependendo da etiologia e a facha etária, pode chegar a 58% dos pacientes! Sim, é uma condição que quando presente aumenta muito a chance do paciente falecer.
Esse quadro pode ser provocado por mudanças nas drogas antiepilépticas, abstinência a benzodiazepínicos, uso de drogas, infecções ou tumores do SNC, acidente vascular encefálico, malformações ou fístulas do SNC, distúrbios metabólicos, contrastes intravenosos e pré-eclâmpsia.
Um dos problemas dessa condição é que o cérebro torna-se cada vez mais suscetível a ter novas crises de difícil controle toda vez que acontece uma crise epiléptica, cujo controle e retorno ao estado de consciência foi demorado. Tendo isso em vista, o tratamento precoce e efetivo é a melhor forma de prevenir essa condição, bem como seus danos.
O tratamento inicial será sempre garantindo a perviedade das vias aéreas, após isso podemos adotar as medidas medicamentosas necessárias. As causas tratáveis devem ser sempre pesquisadas e prontamente corrigidas, principalmente a hipotensão arterial e a hipoglicemia. Aliás caso você não consiga medir a glicose deve fazer empírico (40-60 ml de SG 50% IV), lembre-se que além de ser causa de estado epilético a hipoglicemia piora muito o prognóstico cerebral do paciente. Ao repor glicose, muitos autores recomendam adicionar 100mg de tiamina parenteral.
E medicamentos específicos? Bem, a farmacoterapia inicial é com a infusão endovenosa de benzodiazepínicos, com o intuito de interromper as crises. O mais utilizado no Brasil é a infusão de Diazepam na velocidade de 2 mg/min, com dose total de 10-20 mg, até a interrupção das crises. Nos livros textos você vai encontrar a indicação de lorazepam venoso.
A segunda conduta possível deverá ser adotada se não houver sucesso na anterior. A opção possível é com o uso de drogas antiepilépticas de duração prolongada, como a infusão endovenosa de fenitoína. A dose utilizada inicial é de 20 mg/Kg, respeitando a dose máxima de 50 mg/min.
A terceira conduta utilizada em caso de ausência de melhora é o fenobarbital, em infusão endovenosa inicial de 20 mg/Kg, com dose máxima de 75 mg/min. Além disso, é recomendada a administração de uma nova dose de fenitoína após 20 minutos de duração de crise.
Por fim, caso não haja sucesso com nenhuma das etapas anteriores, deve-se optar por sedação com monitorização eletroencefalográfica. Para isso as drogas mais utilizadas são o midazolam e propofol. Caso não haja resolução com todas essas medidas, podemos utilizar ainda uma dose de 1 g de topiramato.
Ao fim do tratamento do estado de mal epiléptico, não se deve esquecer de garantir um tratamento a longo prazo adequado. Tendo isso em vista, é fundamental definir as possíveis causas do quadro atual, a fim de que as intervenções sejam corretas e capazes de prevenir novas crises. O tratamento crônico das crises epilépticas necessita de um acompanhamento com neurologista para ajuste de drogas e doses.
São etapas elaboradas com o intuito de usar adequadamente cada fármaco, bem como obter sucesso rápido na intervenção das crises. Sendo assim, é importante conhecer elas e utilizar corretamente. Espero que seja muito útil para você no seu plantão. Bons estudos!