Introdução:
Você está no seu plantão e chega um paciente com o diagnóstico sugestivo de Tromboembolismo Pulmonar (TEP). Ele apresenta-se dispneico, com dor torácica, uma taquipneia importante (geralmente acima de 30), angústia respiratória, sudorese, cianose, taquicárdico… No exame físico, encontramos sinais de uso da musculatura acessória (como tiragem intercostal), pode sentir-se enjoado, e manifestar ainda tosse seca ou hemoptise em alguns casos.
Além da clínica que o paciente pode vir a apresentar, nós podemos lançar mão de alguns exames complementares e de imagem para confirmar o diagnóstico de TEP. Neste artigo, você irá conferir os principais achados em uma radiografia de tórax, que são sugestivos de TEP, e o que eles podem significar.
Corcova de Hampton:
A corcova de Hampton é uma área isquêmica na periferia do pulmão, porque ali não está chegando sangue adequadamente. Então, você vai ver essa corcova. Ela não aparece sempre.
Essa área isquêmica aparece na imagem como uma consolidação, e o local mais frequente de acometimento é em um dos seios costofrênicos. Isso ocorre de uma maneira secundária a um infarto pulmonar ou à uma hemorragia.
Ele não é tão específico, mas, se formos juntar a clínica do paciente com esse achado na radiografia de tórax, o diagnóstico é corroborado.
Sendo assim, podemos definir o sinal da corcova de Hampton como uma imagem em cunha no parênquima do pulmão, cuja a sua base está voltada para a parte periférica do mesmo, enquanto a sua ponta é localizada em direção ao centro do pulmão.
Sinal de Westermark:
O Sinal de Westermark é uma oligoemia que ocorre nos segmentos pulmonares, que estão mal perfundidos, devido à obstrução de alguns ramos segmentares ou lobares da artéria pulmonar.
Oligoemia nada mais é do que uma diminuição do volume de sangue para aquela determinada região do pulmão. Ela vai depender da oclusão dessa artéria pulmonar de grosso calibre, pelo trombo ou também da obstrução de diversos vasos com calibre menor.
Sinal de Palla:
Em poucas palavras, o sinal de Palla é uma dilatação da artéria pulmonar descendente à direita. Você vê aquela artéria pulmonar com um trombo lá dentro. Ele é mais encontrado nos quadros agudos de TEP. Em quadros mais avançados, fica difícil a sua observação.
Na radiografia, encontramos uma imagem semelhante a uma salsicha (aparência salsichoide) indo em direção ao lobo médio direito.
Atelectasia:
Ainda nos pacientes com TEP, podemos encontrar áreas de atelectasia em determinados lobos pulmonares. A atelectasia é quando ocorre um colapso daquele pulmão, podendo ser total ou parcial. Isso ocorre porque aqueles alvéolos estão completamente vazios de ar.
Pode se tornar uma situação extremamente grave se não for tratada de imediato. No TEP, o mais comum de encontrarmos são atelectasias laminares nas bases pulmonares.
Derrame pleural:
O derrame pleural ocorre quando há acúmulo de líquido no espaço pleural de um indivíduo. Esse espaço está situado entre as membranas que envolvem o pulmão.
É uma condição complicada, pois esse acúmulo de líquido, quando em excesso, pode dificultar a respiração daquele paciente, à medida que ele limita que o pulmão dele sofra uma expansão adequada.
O TEP é a quarta causa mais frequente de derrame pleural. Todavia, não é muito comum encontrarmos um derrame pleural nos pacientes com TEP.
Sinal de Knuckle:
Quando o vaso da artéria está ocluído, ocorre um afilamento distal do mesmo. E, esse afilamento, conseguimos ver numa radiografia simples de tórax, recebendo o nome de Sinal de Knuckle.
Linhas de Fleichner:
Diferentemente do sinal de Fleishner, as linhas de Fleichner são visualizadas na radiografia de tórax como linhas de fibrose, que ocorrem devido a uma invaginação gerada na pleura naquela área que foi colapsada, simulando, assim, uma fissura.
Conclusão:
Embora existam diversos tipos diferentes de achados radiográficos para o TEP, vocês têm que ter em mente que esses sinais não são patognomônicos de tromboembolismo!
Eles, juntamente com as manifestações clínicas que o paciente apresenta, vão contribuir para uma suspeita maior daquele diagnóstico.
Sendo assim, ao encontrar esses sinais quando você estiver analisando uma radiografia de tórax, sempre pergunte ao seu paciente a clínica que ele vem apresentando. E correlacione os dois achados, para fazer um diagnóstico mais preciso e tratar o seu paciente da maneira mais correta possível.
Lembre-se também que, ao solicitar uma radiografia de tórax para o seu paciente, você deve saber que elas possuem baixa sensibilidade e baixa especificidade. Portanto, não são bons exames a serem solicitados.
Então, para que ele é pedido? Simples, para excluir outras causas que estariam fazendo diagnóstico diferencial com TEP, como, por exemplo, o pneumotórax, que é o principal diagnóstico diferencial.
Parabéns, explicação objetiva e clara.