Algumas coisas nos assustam quando chegamos no plantão. Mas acho que todos concordam que uma das piores é aquele monitor batendo bem devagarinho. Os pacientes com algumas bradiarritmias são como uma bomba relógio, e você precisa saber como identificar os casos mais graves.
Nosso foco será nos bloqueios átrio-ventriculares (BAVs), que são muito importantes na prática clínica.
Dividimos os BAVs em ritmos benignos e malignos. As causas mais comuns de bloqueios atrioventriculares são:
– Doença de Lev-Lenegre
– Degeneração senil do sistema de condução cardíaco.
– IAM de parede anterior ou inferior (BAVT)
– Amiloidose
– Miocardiopatia Chagásica
O que são os BAVs Benignos?
O bloqueio da condução átrio-ventricular ocorre acima do feixe de His (supra-hissiano).
BAV de 1o grau (Figura CA-AC-7): Intervalo PR > 200ms (“> 5 quadradinhos”)
BAV de 2o Grau Mobitz I (Figura CA-AC-8):
Presença de ondas P eventualmente bloqueadas (sem QRS).
Fenômeno de Wenckebach – Aumento progressivo do intervalo PR até o bloqueio da onda P.
Tratamento
– BAV 2o grau Mobitz I: Depende da presença de sintomas. Nos casos sintomáticos, a droga de escolha é a Atropina por se tratarem de bradiarritmias benignas.
O que são os famosos BAV malignos?
Quando o bloqueio da condução átrio-ventricular ocorre no feixe de His (Intra- Hissiano) ou abaixo do feixe (Infra-Hissiano). Caso o QRS seja estreito, o bloqueio é Intra-Hissiano, caso seja alargado (>120ms), o bloqueio é Infra-Hissiano.
BAV de 2o Grau Mobitz II (Figura CA-AC-9):
– Bloqueios eventuais da onda P
– Intervalos PR iguais antes do bloqueio.
– QRS alargado (infra-hissiano) e FC < 40 bpm em geral.
ATENÇÃO! BAV 2:1: Pode ser benigno ou maligno. É benigno quando o QRS é estreito (supra-hissiano) e maligno quando o QRS é alargado (infra-hissiano) (Figura CA-AC-10)
BAV Total (3o Grau ou BAVT):
– Dissociação atrioventricular completa. A onda P aparece em diversas posições em relação ao QRS.
– Intervalos RR regulares e intervalos PP de acordo com frequência sinusal.
Caso haja escape juncional: QRS estreito.
Caso haja escape ventricular: QRS alargado.
Tratamento
Remoção de fatores desencadeantes e implante de marca-passo (ver Estimulação cardíaca artificial)
Caso haja instabilidade hemodinâmica
Marca-passo transcutâneo sob sedação seguido de implante de marcapasso transvenoso.
Caso haja estabilidade hemodinâmica (mesmo sintomático): Marca-passo transvenoso.
Na indisponibilidade de marca-passo: Dopamina 2-10mcg/kg/min ou Adrenalina 2-10mcg/kg/min
Saiba mais sobre análises da frequência cardíaca com os artigos:
DIRETO AO PONTO: Taquicardia Supraventricular Paroxística (TSVP)
DIRETO AO PONTO: Taquicardia Ventricular (TV)