William Bowman e a Cápsula de Bowman

Cápsula de Bowman

No estudo da anatomia e fisiologia humana, encontramos diversos órgãos e sistemas que, juntos, contribuem para o bom funcionamento do organismo humano.

O sistema renal é comandado por estruturas vasculares e outros elementos, como, por exemplos, os rins, néfrons e a bexiga. O rim de cada ser humano é formado por milhares de estruturas que são responsáveis pela filtração, que são os néfrons.

Eles são estruturas em formato de tubos que possuem início em outra porção, mais dilatada, a qual nós chamamos de Cápsula de Bowman. Dentro dela, contamos com um emaranhado de vasos denominados de glomérulo de Malpighi.

A cápsula de Bowman é também conhecida como cápsula glomerular, possuindo um aspecto de uma taça quando olhada em sua anatomia.

Ela é constituída por dois folhetos, um visceral (ou também chamado de folheto interno) e um outro parietal (também chamado de folheto externo).

Importante lembrar que o folheto visceral tem uma íntima relação com as alças capilares, enquanto que o folheto parietal é um dos limites do corpúsculo de Malpighi.

Entre o folheto visceral e o folheto parietal, nós encontramos o espaço de Bowman.

O sangue chega na cápsula de Bowman por meio de uma arteríola denominada arteríola aferente. A medida que o sangue passa pelos túbulos, o líquido e a água são filtrados para dentro da cápsula de Bowman.

Sendo assim, ela funciona como se fosse um recipiente para a água e outras impurezas retiradas do sangue, e, com isso, gerar a formação de um líquido também conhecido como urina.

Por outro lado, os capilares glomerulares vão formar toda a rede que será responsável pela filtração do sangue. Eles são estruturas formadas por um epitélio, composto por células endoteliais que possuem fenestras, estas são relativamente impermeáveis à passagem de algumas proteínas.

Na verdade, eles são formados por 3 estruturas: o endotélio, a membrana basal (juntamente com suas 3 lâminas) e diafragma (uma estrutura circular que possui alguns poros que são permeáveis à água e alguns solutos).

A medida que o sangue passa por esses capilares, a água e outras substâncias também saem do sangue por essas fenestras e caem no espaço de Bowman.

Biografia

William Bowman foi um médico anatomista e oftalmologista britânico nascido em 20 de julho de 1816 em Nantwich, Cheshire. Filho de John Eddowes Bowman, um banqueiro local de sua cidade natal e membro do Conselho da Sociedade de Linnean, e de Elizabeth Eddowes.

De sua mãe, puxou as habilidades para a pintura, e com o pai, a habilidade e o interesse pela ciência e as pesquisas científicas. Estudou no colégio Hazelwood, importante escola britânica, e concluiu os estudos aos 16 anos, já sabendo que queria se dedicar à Medicina.

Logo após a formatura, entrou para o Hospital Geral Birmingham, para dar início à sua carreira médica, ainda que tão novo.

Com 17 anos, ele começou a acompanhar um de seus mestres de Birmingham, que, como forma de agradecimento pela ajuda que lhe foi oferecida, presenteou William com um microscópio, o qual auxiliou e muito nas suas pesquisas futuramente.

Em 1837, decidiu por mudar-se da Inglaterra e ir aprimorar os seus estudos na pacata cidade de Londres, aonde estudaria no King’s College como aluno da pós-graduação.

No auge dos seus 25 anos de idade, William já havia descoberto a membrana pertencente ao corpúsculo renal que atualmente recebeu o seu nome como epônimo, a famosa cápsula de Bowman, muito estudada pelos estudantes da área da saúde.

Além de achados que contribuíram para o estudo do sistema urinário e renal, William Bowman também desvendou estruturas importantes para outros sistemas e que também vieram a receber o seu nome, como por exemplo a glândula de Bowman (sistema olfativo) e a membrana de Bowman.

Após a sua formatura, tornou-se de cara um assistente do seu médico e cirurgião inspirador Sir William Ferguson ainda no King’s College Hospital.

Porém, esse emprego de assistente não durou muito, uma vez que William Bowman possuía causas mais populares, pedindo demissão do cargo para seguir seus princípios.

Em 1851, foi nomeado cirurgião do Hospital Hospitalógico de Moorsfield, aonde se tornaria especialista em cirurgia oftálmica um pouco depois.

Dentro da área da oftalmologia, realizou diversos estudos e pesquisas, dentre as quais se destacou a descrição de um tratamento novo, a ser realizado em casos de obstrução do canal lacrimal, através da passagem de uma sonda pelo nariz do paciente.

Além de médico e pesquisador, ele também era um importante escritor, tendo publicado diversos livros e artigos contando as suas aventuras no meio científico.

Em parceria com seu mestre Todd, William publicou um compêndio composto por 5 volumes denominado Physiological Anatomy and Physiology of Man (1843-1856) e Cyclopaedia of Anatomy and Physiology (1852).

Também trabalhou como oculista a partir do ano de 1844 em Londres, no Royal London Ophtalmic Hospital, e também entrou para o magistério, se tornando professor no ano de 1855, na King’s College.

No ano de 1880, foi o grande fundador da sociedade de oftalmologia de Londres (Ophtalmological Society).

Após ser aposentado, no auge dos seus 60 anos de idade, o que muitos consideravam cedo naquela época, continuou trabalhando como consultor na área médica até o ano de 1887.

Em 29 de março de 1892, faleceu devido à complicações de uma pneumonia grave, com 76 anos de idade.

Contribuições para a Medicina

Como já abordado anteriormente, William Bowman foi o responsável por descrever a cápsula de Bowman, importante estrutura que será detalhada em breve neste artigo.

Como um bom anatomista e histologista, ele foi o responsável pela descoberta de que a urina dos seres humanos não passava de um subproduto gerado da filtração sanguínea, ocorrida nos rins.

E como bom oftalmologista, claro, ele descobriu importantes funções da anatomia e estrutura do olho e das funções dos músculos estriados.

A descoberta mais importante de sua carreira foi, sem dúvidas, as descobertas acerca das funções renais.

Ele evidenciou ainda que existia uma cápsula ao redor de cada um dos glomérulos renais, e que essa cápsula era uma estrutura contínua do ducto renal, responsável por drenar a urina para a bexiga daquele paciente.

A essa estrutura ele deu o nome de cápsula de Bowman.

William Bowman, no século XIX, era bastante reconhecido, porém perdeu importância como médico, tendo os estudantes e profissionais de saúde reconhecido apenas as suas descobertas.

Cabe lembrar que, por trás de todos os epônimos que conhecemos, existe um médico, ou melhor, existe um ser humano que cresceu e viveu dedicando seus estudos e até mesmo sua vida para proporcionar uma Medicina melhor para o mundo.

Isso que tentou William Bowman, alcançando seu sucesso e marcando a vida de milhões de brasileiros e profissionais pelo mundo inteiro.