Você faz ideia da quantidade de ar que nossos pulmões conseguem acomodar? Faz ideia de quanto você consegue inspirar ou do quanto consegue expirar? Essas são algumas perguntas que vamos responder ao longo do artigo.
Anatomia Pulmonar
Antes de falar da anatomia do pulmão, vamos falar do trajeto até o pulmão, a trajetória do trato respiratório.
A porção em contato com o meio externo é o nariz, onde, por meio das narinas (dois orifícios presentes no nariz), ocorre a entrada do ar. Após temos a faringe, dividida em três porções: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. A faringe promove a passagem tanto de ar quanto de alimento. Logo após a laringofaringe (última porção da faringe), temos a laringe, que possui entre suas funções promover a passagem de ar e bloquear a passagem de alimentos para a traqueia. A traqueia é um tubo que se liga superiormente a laringe, e termina ao se bifurcar em dois brônquios principais: direito e esquerdo. Após os brônquios principais, várias bifurcações acontecem, até chegar à formação dos bronquíolos. Estes continuam a ramificação e formam os ductos alveolares. E então, chegamos aos alvéolos, as unidades que fazem realmente a troca gasosa, conhecida comohematose.
E agora vamos a anatomia pulmonar.
É um órgão par. Temos um pulmão direito e um pulmão esquerdo, que atuam conjuntamente de forma a manter os níveis de oxigênio circulantes. Não são iguais! O pulmão direito é dividido em três lobos: o lobo superior, lobo médio e lobo inferior. Quem faz essa separação são duas fissuras: a fissura oblíqua que separa o lobo superior do lobo médio, e uma fissura horizontal que separa o lobo superior do lobo médio. Já o pulmão esquerdo é dividido apenas em dois lobos, o lobo superior e o lobo inferior. Essa divisão se dá por uma fissura, conhecida como fissura oblíqua. O lobo superior possui a língula, que é um resquício do que seria o lobo médio.
Função dos pulmões
O pulmão é um órgão que compõe o nosso aparelho respiratório e é essencial para a vida. É por meio dele é que ocorre a oxigenação do sangue.
Quando inspiramos, inspiramos um ar rico em oxigênio, que entra pelas narinas, e passa por todo o aparelho respiratório até chegar aos pulmões, especificamente nos alvéolos. Por outro lado, temos a todo tempo a perfusão tecidual que “leva” sangue rico em oxigênio aos tecidos, e “traz” sangue rico em gás carbônico, que chega aos pulmões. Então, esse gás carbônico originado dos tecidos é “trocado” pelo oxigênio que foi inspirado, e aí você expira gás carbônico.
Se não tivéssemos um órgão que realizasse essa troca, a vida seria impossível, pois não teríamos oxigênio.
E agora, sabendo de tal importância, vamos falar sobre as capacidades de inspiração, expiração, e etc.
Volumes e Capacidades Respiratórias
Nossos pulmões comportam certa quantidade de ar e, da mesma forma, têm um limite para expirar. Essas quantidades de ar que podem ser inspirados e expirados variam entre os indivíduos, especialmente na presença de alguma patologia.
Conhecer os volumes pulmonares são de suma importância para avaliarmos esses parâmetros em um paciente, e por isso vamos estudá-los. E, além dos volumes, algumas “capacidades” podem ser avaliadas, como veremos.
O primeiro volume, é o volume corrente (VC). Muito fácil de entender. É o volume obtido numa respiração normal, ou seja, quando você respira normalmente, sem forçar. O volume que entra e sai dos pulmões a cada inspiração e expiração, respectivamente, é o volume corrente. Normalmente, o volume corrente está em torno de 500 ml.
Mas os nossos pulmões não “trabalham” apenas com o que entra e sai a cada ciclo respiratório. Eles mantêm alguns volumes de reserva, para casos de uma respiração (inspiração ou expiração) máxima, que ao contrário da anterior, é forçada.
A primeira dessas reservas é o volume de reserva inspiratória (VRI). Esse volume é obtido quando o indivíduo realiza uma inspiração máxima, ou seja, o máximo de ar que ele consegue inspirar forçadamente. Perceba que aqui não estamos falando de uma respiração basal/normal, e sim daquela respiração profunda, e forçada, tentando inspirar o máximo possível. Esse volume de reserva inspiratória chega a 3.000 ml.
Após uma inspiração máxima, é possível avaliar a capacidade pulmonar total (CPT), que é o volume de ar nos pulmões após uma inspiração máxima.
A segunda reserva é o volume de reserva expiratória (VRE). Ao contrário do anterior, esse volume é mensurado em uma expiração máxima, ou seja, o máximo que consegue expirar, de forma forçada. Esse volume está em torno de 1.100ml.
Temos também o volume residual (VR). Esse volume é importantíssimo. É o volume que permanece no pulmão após uma expiração máxima, quando você “joga para fora” o máximo que conseguir. Isso mostra que nossos pulmões não ficam sem ar nenhum. Isso é essencial, pois o ar que permanece nos pulmões impede que haja, por exemplo, um colabamento pulmonar. O volume residual equivale a cerca de 1.200 ml.
Uma das “capacidades” que é muito utilizada é a capacidade vital (CV). Ela representa o máximo de ar que pode ser mobilizado nos pulmões. Dessa forma, é calculada somando os volumes que saem e entram dos pulmões. Soma-se o volume corrente, o volume de reserva inspiratória e o volume de reserva expiratória.
Outra capacidade muito importante é a capacidade vital forçada (CVF), que é o volume máximo de ar expirado com esforço máximo, após uma inspiração máxima (avaliada pela capacidade pulmonar total).
Temos também o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), que é o volume de ar expirado no primeiro segundo após uma manobra de expiração forçada (ou capacidade vital forçada).
E como mensurar esses valores no paciente?
Tanto falamos sobre volumes, mas como avaliar esses volumes em um paciente?
Há um aparelho de fácil acesso e fácil utilização que é o espirômetro. É utilizado há muitos anos.
A espirometria, conhecida também como Prova de Função Pulmonar, ou Prova Ventilatória, ou Exame do Sopro, é um exame que faz o registro de volumes e fluxos de ar, como os descritos anteriormente. A partir da espirometria, é possível tomar conhecimento desses valores e, assim, avaliar a função pulmonar do paciente.
Nem todos os volumes podem ser medidos por espirometria. O volume residual, por exemplo, não pode ser mensurado pela espirometria, pois é um volume que permanece nos pulmões, ainda que seja feita uma expiração forçada, e portanto, o aparelho não consegue mensurar um volume que não sai dos pulmões.
Como realizar a espirometria?
A espirometria é realizada pelo uso do espirômetro.
O teste pode ser realizado sentado ou em pé.
A primeira coisa a ser feita é pesar e medir o paciente. Depois disso, oriente o paciente sobre o exame, peça que ele mantenha a boca no bocal do espirômetro, e que mantenha a inspiração e/ou expiração até que você diga que pode parar, para que assim ele não dê “uma pausa” no meio da avaliação do aparelho.
Outro cuidado é garantir que nenhum ar saia pelo nariz, então usa-se um “clipe” para evitar a respiração nasal, pois o aparelho mensura os volumes mobilizados pela boca, apenas.
E então inicie o exame, onde o paciente deve inspirar e aspirar fortemente por três vezes. Diga ao paciente para que ele aspire o máximo de ar que conseguir, e depois sopre com o máximo de força que conseguir. Essa inspiração e expiração devem durar 6 segundos, e então você dá o sinal de que ele pode parar.
O exame deve ser feito cautelosamente para que os resultados do mesmo sejam fidedignos.
Muitas relações importantes para avaliar a função pulmonar e chegar à diagnósticos podem ser feitas, como você pode conferir na aula de função respiratória (https://www.jaleko.com.br/curso/pneumologia/respiratorio-asma-dpoc/funcao-respiratoria/espirometria).
Bons estudos!!