Durante a faculdade, e mesmo depois de formados, nos deparamos com uma variedade de cursos, preparatórios e aulas que parecem que vão ensinar o que nenhuma disciplina da faculdade foi capaz: curso de via aérea, curso de ventilação mecânica, curso de reanimação neonatal, curso de prescrição médica e tudo o mais que imaginar.
As propostas são muito tentadoras e, apesar do custo às vezes alto, algumas parecem ser bem apropriadas, como atividades complementares do histórico escolar médico. Mas uma das principais dúvidas de acadêmicos e recém-formados sobre esse assunto é: vale a pena fazer um curso de eletro?
A resposta é simples: sim, principalmente se você estiver disposto a se dedicar.
O eletrocardiograma é um exame barato, simples, prático, extremamente útil na vida médica e, em muitos casos, indispensável para uma boa conduta. Grande parte das pessoas tem verdadeira aversão ao eletro e um bloqueio para aprender a interpretar aquelas linhas no papel milimetrado. Algumas faculdades possuem uma disciplina específica para ensinar a interpretar esse exame, mas a maioria não tem uma matéria na grade curricular ou alguma aula que se dedique a explicar as suas funções e resultados. Fazer um curso a parte pode ser o empurrãozinho que falta para perder o medo, ajudar a entender o exame e facilitar sua vida nos plantões.
Existem vários tipos de cursos: pagos, disponíveis em aulas de congressos, online, presenciais, curtos, extensos, básicos, detalhados… Cada um pode ser ajustado ao seu propósito de aprender eletrocardiografia.
Por outro lado, não existe mágica nenhuma que faça o aluno de uma hora para outra virar um expert em laudos eletrocardiográficos. Sem a prática diária, o costume e a familiarização com o exame, relembrando conceitos básicos que foram aprendidos no curso e renovando o aprendizado, todo o conteúdo se perde e volta a sensação de que aquelas linhas são rabiscos elétricos que só o cardiologista entende.
Na hora de decidir qual o investimento a ser feito pelo curso a ser escolhido (em muitos casos, investimento monetário mesmo) é importante pensar: eu terei a disciplina de me manter em contato com o exame e exercitar o que aprendi? Tenho tempo, disposição e necessidade para estudar algo mais detalhado ou o que preciso mesmo é aprender o básico da interpretação? Tenho disciplina para fazer um curso online em casa ou só aprendo indo até uma sala de aula com um professor diretamente me explicando? Qual o meu objetivo ao fazer o curso?
As opções são variadas e podem se encaixar perfeitamente dentro daquilo que você precisa. O que deve ser levado em favor é o fato de o eletrocardiograma ser um exame prático e muito utilizado pelo clínico nas emergências. Não é um exame para cardiologista! O conhecimento básico é muito importante nas condutas de síndromes coronarianas, arritmias e ritmos de parada cardíaca, ou na dúvida de um paciente que procura o consultório ou unidade básica de saúde para pedir liberação para atividade física, por exemplo. A identificação das principais alterações pode ajudar, e muito, no dia a dia da prática médica, ainda que você não seja um cardiologista ou arritmologista. Nesse ponto, fazer um curso de eletro é de grande ajuda.
Fica, então, a dica: pesquise, pense nos seus objetivos ao realizar o curso e seu planejamento. Alguns cursos disponibilizam material escrito, que pode ajudar a manter o contato com as definições e o conteúdo sempre em mente; outros são essenciais para quem quer se manter atualizado, mas não tem muito tempo livre, disponibilizando aulas online para que você possa continuar aprendendo, mas sem sair de casa – um grande ponto a favor pela facilidade. Quando escolher seu perfil de curso a ser feito, aí não tem mais dúvidas: estude! Conhecimento é sempre bem-vindo.