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Quando você chega na parte prática na faculdade, uma coisa muito importante que você precisa ter é o esfigmomanômetro, pois, em praticamente todas as consultas clínicas, ambulatórios, ou cenários práticos em geral, aferir a pressão do paciente é essencial.
E, então, surge a dúvida: qual esfigmomanômetro devo comprar?
Por que aferir a pressão arterial?
Aferir e conhecer a pressão arterial do paciente é fundamental. É uma das técnicas mais utilizadas em qualquer ambiente médico, seja hospital, consultório, clínicas.
Isso porque a pressão arterial, que é a pressão exercida pelo sangue ao passar pelas artérias, é um sinal vital, e deve estar dentro da normalidade, pois, tanto o aumento da pressão, quanto a redução, podem trazer diversos malefícios à saúde do paciente.
Essa pressão é necessária para gerar um fluxo sanguíneo adequado à nutrição tecidual. É determinada pelo débito cardíaco (DC) e pela resistência vascular periférica (RVP).
PA= DC x RVP
Se a pressão arterial estiver aumentada, acima dos limites, o paciente pode ter o quadro de hipertensão arterial sistêmica, e esse quadro afeta diversos órgãos do organismo, como coração, rins e etc.
Se a pressão arterial se encontrar diminuída, o paciente pode apresentar sintomas de hipotensão. Isso porque a hipotensão leva à redução da perfusão tecidual, inclusive à hipoperfusão cerebral.
Ou seja, os dois quadros são maléficos ao bom funcionamento do organismo.
História do esfigmomanômetro
A brilhante ideia de aferir a pressão arterial se deu em 1733, por Stephen Hales, que realizou experimentos em animais, inserindo um tubo de cobre em uma artéria da região inguinal, e, acoplado a esse tubo de cobre, havia um tubo de vidro.
Dessa forma, ele mensurava a pressão arterial pelo cálculo da altura que o sangue atingia no tubo. A maior altura era a pressão sistólica.
Depois, aguardava alguns minutos, e avaliava o sangue em uma altura baixa no vidro, que era, então, a pressão diastólica. Mas esse era um procedimento invasivo demais.
Quase 100 anos depois, em 1828, Jean Léonard Marie Poiseuille aperfeiçoou o manômetro de Hales, utilizando um tubo com mercúrio e anticoagulante, que era inserido também de forma invasiva na artéria.
Era melhor do que o anterior, porém não era ainda tão exato.
Em 1834, um médico (J. Hérrison) e um engenheiro (Gernier), criaram o esfigmomanômetro, que possuía uma coluna de vidro e mercúrio.
A medida não era mais invasiva, era realizada pressionando o equipamento, que se assemelhava a um termômetro, no pulso do paciente.
Assim, quando ocorria esse pressionamento, o mercúrio variava sua altura na coluna de vidro.
Foi o primeiro instrumento marcado em mm e uma grande evolução. Mas ainda não fornecia informações muito confiáveis.
Os estudos continuaram, e, em 1896, Riva-Rocci, criou um esfigmomanômetro, não invasivo, que continha um manguito contendo duas bolas que envolviam o antebraço do paciente.
O manguito era insuflado até atingir um ponto na coluna de vidro onde a pulsação cessasse.
Ao desinflar o manguito, quando a pulsação voltasse a ser visível, seria a pressão sistólica, e quando ela desaparecesse, seria a pressão diastólica. Já estava bem próximo do que temos hoje.
Em 1967, comitês de alguns países ratificaram o equipamento para aferir a pressão. Ele era formado por duas lâmpadas e 1 pera de insuflação.
Quando o equipamento sentia o pulso do paciente, a primeira lâmpada acendia, e, quando o pulso desaparecia, a segunda lâmpada acendia, isso indicava a pressão sistólica.
Ao desinflar o manguito, quando o pulso desaparecia novamente, a primeira lâmpada apagava, e isso indicava a pressão diastólica.
Atualmente
Atualmente, temos alguns aparelhos de pressão que são utilizados para aferir a pressão arterial. Vamos falar de métodos indiretos, ou seja, não são invasivos.
Esfigmomanômetro de Mercúrio
O esfigmomanômetro de mercúrio era muito utilizado e considerado o padrão ouro para aferição da pressão.
O instrumento é composto por uma pera insufladora, uma régua em mmHg, ligada a um tubo contendo mercúrio.
Para aferir a pressão utilizando esse esfigmomanômetro, é necessário o uso de estetoscópio (método auscultatório).
Era um instrumento que tinha vantagens, como uma alta precisão (por isso era o padrão ouro), fácil manutenção, e sem necessidade de ser calibrado posteriormente.
Porém, possuía algumas desvantagens também, como o tamanho grande, mas a principal desvantagem é que as peças de vidro contendo o mercúrio são frágeis.
E foi devido a isso que a Anvisa proibiu o uso desse aparelho, por apresentar periculosidade, devido ao risco de derramamento de mercúrio.
Por isso, atualmente, esse aparelho de pressão não é mais comercializado.
O mercúrio apresenta riscos à saúde humana. A exposição a quantidades mínimas de mercúrio e em períodos curtos podem provocar bronquite química e até fibrose pulmonar.
Pode causar também alterações graves na tireoide e no sistema nervoso central, em longas exposições. Por isso, houve proibição do uso desse aparelho.
Esfigmomanômetro Aneroide
Hoje, é o mais utilizado na prática clínica. É utilizado juntamente com um estetoscópio (método auscultatório).
O esfigmomanômetro aneroide é composto por uma pera para inflar o manguito, uma válvula para controlar a desinflação, um manômetro aneroide para medir a pressão, e o manguito e braçadeira para manter a pressão constante.
Ao posicionar o paciente, deve manter o braço que será utilizado para aferir a pressão arterial, na altura do coração. Para aferir a pressão arterial com esse aparelho de pressão, a primeira coisa é o método palpatório.
Após colocar corretamente o manguito no braço do paciente, palpa o pulso radial e, então, começa a insuflar, até que deixe de sentir o pulso.
Esse ponto onde você deixa de sentir o pulso radial coincide com a pressão sistólica. Desinfle o manguito.
Após determinar esse valor, você deve localizar a artéria braquial, e posicionar o estetoscópio sobre ela.
E, então, comece a insuflar o manguito até 20mmHg acima do valor que você encontrou como pressão sistólica no método palpatório (exemplo: no método palpatório você deixou de sentir o pulso em 120mmHg, então agora você deve insuflar até 140mmHg).
E ouça atentamente, pelo estetoscópio, os sons. Vá desinflando o manguito lentamente, quando aparecer o primeiro som, esse som é a pressão sistólica (provavelmente ele irá coincidir com o que você já tinha encontrado no método palpatório).
Continue desinflando, e o último som que você auscultar corresponde a pressão diastólica.
É um aparelho de fácil transporte e que traz boas mensurações da pressão arterial. Mas uma desvantagem é que o aparelho necessita ser calibrado frequentemente.
Um aparelho de pressão utilizado em ambiente hospitalar, por exemplo, necessita de calibração mensal. Quando utilizado no consultório, deve ser calibrado de 6 em 6 meses.
Para saber com detalhes todos os fatores que devem ser considerados no momento de aferir a pressão arterial, leia o artigo https://blog.jaleko.com.br/medida-da-pressao-arterial-aspectos-essenciais/.
Esfigmomanômetro Digital
Na classe dos esfigmomanômetros digitais, os principais são o automático e o semiautomático. O uso deles têm aumentado muito, pela facilidade, e pelo fato de que podem ser utilizados em domicílio.
Assim, o paciente pode aferir sua pressão sozinho, ou com o auxílio de alguém.
Os esfigmomanômetros digitais não utilizam o método de ausculta. Eles utilizam o método oscilométrico para mensuração da pressão arterial.
São aparelhos de fácil manuseio e utilização. Porém, possuem uma grande dificuldade em manter a calibração e, caso apresentem algum defeito, suas manutenções são muito caras.
Há aparelhos de pressão digitais de braço e de pulso, mas os de pulso não são recomendados, pois, muitas vezes, fornecem leituras erradas da pressão arterial.
Qual a diferença entre o esfigmomanômetro digital automático e o semiautomático?
Esfigmomanômetro Digital Semiautomático
O semiautomático possui a pera insufladora. Dessa forma, o indivíduo precisa de alguém que insufle a pera, isso porque o paciente não deve movimentar-se durante a aferição.
Esfigmomanômetro Digital Automático
O automático possui uma grande praticidade, pois o indivíduo pode aferir a pressão mesmo estando sozinho.
Basta colocar o manguito no braço, e ligar o aparelho de pressão, que ele infla sozinho e mensura a pressão.
E enfim, qual comprar?
Para escolher entre o esfigmomanômetro aneroide ou os digitais, você precisa avaliar qual é o melhor para você, de acordo com a sua necessidade.
Para uso na prática médica, geralmente utiliza-se o aneroide, e é esse o que eu utilizo.
Recomendo que você tenha um esfigmomanômetro aneroide.
Mas isso não o impede de ter um digital automático em seu domicílio para quando quiser aferir sua própria pressão arterial.
É isso, pessoal! Até a próxima e boa escolha do seu esfigmomanômetro!!!