As petéquias, segundo definição, são manchas avermelhadas de tamanho pequeno e causadas, na maioria das vezes, por algum tipo de sangramento ocorrido na pele de um indivíduo, como ocorre em situações de trauma físico.
Elas nem sempre são identificadas como o sintoma principal de uma doença. Todavia, as petéquias se diferenciam das demais lesões dermatológicas de aspecto semelhante, pois elas não são capazes de se tornarem mais claras (ou até mesmo sumirem) quando o examinador realiza uma pressão sobre as lesões.
Existem diversas doenças que podem ter como manifestação inicial a formação de petéquias. Neste artigo, você vai conhecer as principais doenças que levam ao aparecimento desse sintoma, assim como reconhecer qual é a principal fisiopatologia que desencadeia o seu surgimento.
Púrpura trombocitopenica idiopática
A púrpura trombocitopenica idiopática, também conhecida como PTI, é uma doença autoimune, relacionada a um defeito na produção de células sanguíneas. Devido a esse defeito na coagulação sanguínea, o organismo dos indivíduos fica mais propenso a apresentar episódios de sangramentos. Estima-se que atualmente cerca de 10 mil pessoas sejam acometidas pela doença, que é mais frequente em mulheres (principalmente quando elas estão na idade fértil).
Na PTI, ocorre uma deficiência da produção das plaquetas. Essa deficiência comprometerá a cascata de coagulação do paciente, gerando os sangramentos. Sangramentos estes que têm como principal manifestação clínica as petéquias, principalmente em pele e em mucosa.
Anemia aplástica
A anemia aplástica é uma doença que se caracteriza por apresentar uma queda significativa na produção dos componentes do sangue. É uma doença relativamente rara dentro da população mundial, porém estima-se que nos regiões como a Ásia, a incidência de anemia aplástica aumenta muito. Ela é ainda mais frequente em indivíduos do sexo masculino, jovens, e com o poder aquisitivo baixo em comparação aos demais pacientes. No Brasil, o estado com maior número de casos da doença autoimune é o Paraná.
O paciente, então, vai produzir quantidades reduzidas de hemácias, plaquetas e glóbulos brancos. Se o indivíduo não consegue produzir quantidades adequadas de plaquetas, o seu sistema de coagulação fica prejudicado, visto que elas são protagonistas desse processo. Logo, os indivíduos diagnosticados com aplasia de medula vão apresentar sangramentos como sintoma principal da plaquetopenia.
Dengue
A dengue é uma arbovirose transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Estudos mostram que a dengue é a arbovirose mais transmitida no mundo, e isso reflete um grave problema relacionado à saúde pública.
É uma doença bastante comum em países tropicais, como, por exemplo, o Brasil. As epidemias da dengue ocorrem classicamente no verão, pois é nessa época do ano que ocorre um aumento do número de chuvas. Com isso, há um aumento da proliferação do mosquito Aedes aegypti, por causa da água parada. No Brasil, os estados com maior número de casos notificados de dengue são São Paulo, Tocantins, Paraná e Santa Catarina.
Uma das diversas manifestações clínicas da dengue é a formação de petéquias. Isso ocorre porque quando o vírus da dengue está circulando em nosso organismo, ocorre a liberação de anticorpos na tentativa de controlar essa infecção. Essa reação autoimune acarreta uma diminuição na produção de plaquetas. Sendo assim, os pacientes apresentam plaquetopenia, resultando em uma deficiência na sua cascata de coagulação, que é manifestada no paciente por meio das petéquias.
H1N1
A Influenza (H1N1 é um subtipo) é uma doença transmitida de pessoa a pessoa por gotículas. Estima-se que cerca de 420 mil pessoas foram acometidas até o ano de 2018 e, dentre as pessoas acometidas, 8.768 evoluíram para o óbito.
O vírus acarreta doenças em seu hospedeiro à medida que ataca diretamente as suas células, por um fenômeno chamado de citotoxicidade direta. Com essa lesão celular, ocorre a liberação de citocinas e de mediadores inflamatórios. Esses mediadores inflamatórios, por sua vez, acarretam diminuição da produção de plaquetas, pela medula óssea do paciente. Sendo assim, os indivíduos apresentam plaquetopenia, manifestada, no paciente sob a forma de petéquias por todo o corpo. Cabe lembrar que nem todos os pacientes apresentam esse sintoma!
Tifo
O tifo epidêmico é uma doença transmitida pela picada do piolho Pediculus humanus, principalmente. Era muito comum encontrarmos pacientes com tifo epidêmico na época das grandes guerras mundiais, período em que havia maior aglomeração populacional, devido as trincheiras.
É uma doença relativamente rara no Brasil, porém, nos pacientes acometidos, os sintomas são consideravelmente graves, pois o paciente pode apresentar alterações hematológicas devido a uma vasculite. Essa vasculite é provocada pelo processo infeccioso, que a infecção bacteriana estimula. Com isso, ocorre uma trombocitopenia e o paciente vai manifestar as petéquias.
Leucemia
A leucemia é outra doença que pode cursar com a formação de petéquias. A doença nada mais é do que um câncer que atinge a medula óssea dos pacientes acometidos. Ela é dividida em vários subtipos, sendo a leucemia linfoide aguda o tipo mais frequentemente encontrado em crianças, correspondendo a cerca de 30-35% dos casos.
A medula é a parte do organismo responsável pela produção de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. A doença ocorre quando algumas células da medula sofrem algum tipo de mutação, se tornando deficientes e, em certos casos, podem até mesmo substituir as células normais. Com esse acúmulo de células neoplásicas na medula dos pacientes, a produção de novas células hematopoiéticas fica prejudicada. Devido à diminuição das plaquetas, os pacientes estão propensos a apresentarem sangramentos, sendo as petéquias a manifestação mais frequente da trombocitopenia induzida pela doença.
Mononucleose infecciosa
A mononucleose infecciosa é uma doença infecciosa causada pelo Vírus Epstein-Barr (EBV) e que acomete a grande maioria da população (cerca de 90% de toda a população mundial é carreadora do EBV), principalmente os indivíduos mais jovens, entre os 15 e os 25 anos de idade. Estima-se que nos Estados Unidos ocorram cerca de 45 casos em cada 100.000 pessoas.
Quanto à fisiopatologia da doença, o vírus, ao entrar no organismo humano pela orofaringe, principalmente, vai levar ao acometimento do sistema linforreticular. Isso leva ao comprometimento, em especial, dos seguintes órgãos: fígado, baço, medula óssea e pulmões.
E é esse comprometimento medular que dificulta o funcionamento adequado do sistema hematopoiético, deixando os pacientes acometidos predispostos a adquirirem hemorragias. Dentre elas, a principal encontrada no exame físico são as petéquias.
Sífilis congênita
A sífilis, principalmente quando ocorre a sua transmissão vertical, passando a ser chamada de sífilis congênita, é outra doença que cursa com a formação de petéquias durante a evolução clínica do paciente. Ela é uma doença infecciosa provocada pela bactéria Treponema pallidum, e os indivíduos acometidos, na maioria das vezes, apresentam sintomas como linfadenopatia e lesões na região genital. No Brasil, estima-se a notificação de 19.846 casos em neonatos.
Após entrarmos em contato com a bactéria, ela penetra em nossas células e faz com que estas sejam aderidas em nossos tecidos, causando danos em diversos órgãos. O sistema imune do hospedeiro começa a querer ativar as células de defesa, que vai ser responsável pelo aparecimento dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente em questão. As manifestações hemorrágicas também são sintomas comuns, sendo as petéquias uma das mais frequentes a serem observadas.
Conclusão:
Cabe lembrar que as doenças citadas neste artigo não correspondem à totalidade de doenças com capacidade de manifestar petéquias. Vimos, aqui, uma pequena parte das inúmeras enfermidades dentro da Medicina que podem causar esse tipo de sintoma.
Devemos lembrar que as petéquias nunca devem ser menosprezadas. Portanto, sempre que encontrar lesões semelhantes a uma petéquia em seu corpo, ou em algum paciente que você esteja acompanhando na enfermaria, é imprescindível que esse doente seja investigado, a fim de estabelecer a causa para o surgimento desse sintoma.
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Muito esclarecedora as explicaçoes. Obrigada ? Doutora
Obrigado pelo comentário, Telma! Continue acompanhando as nossas postagens.
Olá Daniele tudo bem, estou procurando saber como faço para evitar e também para secar as petequias , pois tenho muitas no abdomem e algumas me incomodam muito ! é chato e desconfortáveis , algumas são um pouco altas tipo verruga. Tem algum produto para passar tipo verrux ?
Olá, muito obrigado por dividir sua dívida conosco. Na verdade petéquia não é uma doença, mas a consequencia de uma doença. Recomendo procurar um bom clínico para descobrir a causa de suas petéquias e aí sim tratar. Um abraço, Dr. Felipe Magalhães – diretor médico
Olá! Tudo bem? Tive uma crise de vasculite cutânea leucocitoclastica a mais ou menos 4 meses, onde me apareceram diversas petéquias e púrpura nas pernas (encheu bastante e estava bem visível), durou cerca de 1 mês e o diagnóstico foi que foi causa viral. Tudo normalizou, porém ainda me aparecem pontos de petéquia muito pequenas e individuais (1 ponto a cada 3/4 dias), principalmente no quadril e axilas. Me consultei já com 2 reumatologistas, 1 dermatologista de 1 clínico geral e fiz diversos exames neste período (4 hemogramas, Anca C, Anca P, fator reumatóide, PCR, VHS, crioglobulina, proteínas no sangue, creatinina, Hepatites, etc) e está tudo excelente, dentro da normalidade, mas os pontos continuam aparecendo… Devo me preocupar? Foi-me dito por um dos médicos que isso pode ser algo fisiológico, mas que nunca me atentei… Devo procurar mais um médico? Obrigado!
Olá, obrigado pela mensagem. Não é possível dar uma opinião realmente abalizada sem ver a lesão e saber detalhes, mas de qualquer forma a minha sugestão é você ter um médico referência que acompanhe seu caso, te examine, tenha acesso aos exames e solicite novos se achar necessário. As vezes o que vai precisar mesmo é de ter um médico para acompanhar o caso e tomar condutas caso apareça outro sintoma ou volte a piorar.
Boa noite! Depois do meu filho de ter dengue em 2017, as manchas vermelhas ficaram castanhas, em abril desse ano mais uma vez com dengue e as manchas ficaram mais evidentes, deve me preocupar? Esteticamente há como “remover ” essas manchas?
Desde já agradeço ??
Olá! Normalmente, as lesões de dengue não deixam sequelas. Recomendo, então, procurar um(a) dermatologista para avaliar o caso. Um abraço!
Olá, tudo bem? Minha filha teve Mononucleose Infecciosa e ficou com o corpo cheio de petéquias. Mas depois desse episódio, quase dois anos depois, ela ainda apresenta esporadicamente algumas petéquias em menor quantidade do que no primeiro aparecimento. Seria possível ela ter ficado com algum tipo de sequela?
Olá, tudo bem? Normalmente, mononucleose não apresenta esse comportamento… Sugiro, então, procurar um médico para avaliar o que está acontecendo. Um abraço!