De acordo com a LEI Nº 13.267/2016, ou Lei das Empresas Juniores,os estudantes matriculados em cursos de graduação e associados a uma respectiva Empresa Júnior (EJ) exercem trabalho voluntário, nos termos da Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998.
Ou seja, o dinheiro recebido pela Empresa Júnior não pode servir como pagamento de salário ou bolsa para os alunos integrantes da EJ, que são voluntários.
Contudo, esse dinheiro pode pagar capacitações e eventos que visem o autodesenvolvimento dos membros da empresa ou a formação acadêmica destes.
Além disso, pode-se usar o dinheiro para o pagamento de itens de infraestrutura da empresa.
De acordo com a lei, as empresas juniores só podem realizar projetos e serviços que cumpram ao menos uma das seguintes características:
- Estejam inseridos no conteúdo programático do(s) curso(s) de graduação a que ela for vinculada (para saber tal informação o aluno deve procurar a ementa do curso);
- Sejam fruto de competências ou qualificações decorrentes do conteúdo programático do(s) curso(s) de graduação a que ela for vinculada;
- Sejam atribuições da categoria de profissionais, determinados por lei regulamentadora das categorias profissionais, a qual os alunos de graduação do(s) curso(s) de graduação a que ela for vinculada fizerem parte (por exemplo o CRM e o CFM).
De acordo com as normas do Conselho Federal de Medicina (CFM), que regulamentam os estágios extracurriculares, “os estagiários não estão autorizados a prestar atendimento médico sem supervisão do preceptor, nem assinar atestados, relatórios e receitas.
Os estudantes também não podem receber remuneração, a não ser sob a forma de bolsa de estudos”.
Por esse motivo, as Empresas Juniores de Medicina fundadas no Brasil, como a Medic Júnior Consultoria em Saúde, não realizam atendimento médico ou consultoria direcionada a condições assistencialistas (para diagnóstico ou tratamento de doenças ou condições médicas).
As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina, do MEC, exigem o ensino de gestão em saúde nas Faculdades de Medicina brasileiras, necessidade claramente deficiente em todo território brasileiro – e muitas vezes inexistente.
Dessa forma, uma EJ de medicina deve buscar atender as necessidades do estudante de medicina e impactar positivamente o ecossistema empreendedor da sua região, com o foco na gestão em saúde, que pode ser dividida em alguns grupos, com serviços determinados:
GESTÃO DO PACIENTE:
O atendimento médico se inicia na ligação do paciente ao consultório e vai até sua recuperação e o suporte à família, muitas vezes chegando até ao suporte pós-morte.
Dessa forma, a maneira que o paciente procura atendimento e é acolhido, com suas queixas reconhecidas, seus determinantes pessoais, socioeconômicos e espirituais analisados afeta todo o Sistema de Saúde.
Fazer essa análise, identificando os problemas e propor soluções, é um grande exemplo de projeto a ser feito por uma Empresa Júnior de Medicina.
GESTÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
Muitos dos problemas encontrados nos Sistemas de Saúde provêm da má gestão e fluxo inadequado do paciente, funcionários e equipamentos, com gestão sem protocolos e diretrizes.
Uma Empresa Júnior de Medicina pode fazer um diagnóstico situacional da Unidade de Saúde, seja ela pública ou privada e aplicar Processos Operacionais Padrões (POPs) para organizar os fluxos.
São exemplos de fluxos e diretrizes que organizariam os Sistemas de Saúde (feitos após a análise individual de cada estabelecimento):
- Análise da fidelização do médico;
- Pesquisas de satisfação do paciente (NPS, ENPS, pesquisas one-one);
- Pesquisas de mercado para instalação de nova Unidade de Saúde;
- Análise de viabilidade técnica;
- Análise e conferência de regras de vigilância sanitária e ambiental;
- Análise de regulamentos próprios do hospital ou clínica;
- Cartilhas com as regras do estabelecimento para médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, funcionários de recepção e limpeza, e pacientes;
- Análise de ergonomia dos consultórios;
- Marketing interno e externo do médico e da Unidade de Saúde etc.
Lembrando que esses são algumas das dezenas, ou centenas, de possibilidades de serviços que Empresas Juniores de Medicina podem oferecer e que existem outras EJs, de outros cursos, como Engenharia de Produção, Engenharia Ambiental, Engenharia Civil, Administração, Economia e Direito, que podem auxiliar ou até mesmo compartilhar o serviço.
Pode até mesmo existir uma troca de indicação de clientes!
GESTÃO DA CARREIRA MÉDICA:
Motivo inicial da criação da grande maioria das Empresas Juniores de Medicina, o desconhecimento acerca do mercado de trabalho e a carreira médica é solucionado a partir do aconselhamento de estudantes de medicina e médicos recém-formados acerca das possibilidades de atuação no mercado e análise das especialidades e áreas de atuação.
Os consultores da EJ podem orientar os alunos e médicos recém-formados quanto a:
- Qual especialidade escolher para fazer residência médica ou especialização;
- Qual região, estado ou cidade oferece as melhores condições de trabalho, salário, vagas de emprego e qualidade de vida;
- Processo de entrada nos programas de residência médica;
- Olhar além da Medicina e atuar em áreas de empreendedorismo, gestão e educação;
- Direitos e deveres dos médicos (e até mesmo do interno ou estudante de Medicina de outros períodos/anos), baseados nas cartilhas dos Conselhos Regionais e Federal de Medicina.
A presença dos orientadores, com experiência de mercado e de vida médica, é essencial nesse tipo de serviço prestado.
Além disso, o médico precisa de um conhecimento – ou consultoria – sobre:
- Gestão de mídias sociais;
- Gestão de publicidade médica;
GESTÃO FINANCEIRA DO MÉDICO:
A maioria absoluta dos médicos não tem controle ou desconhecem seus próprios movimentos financeiros e padrões de qualidade de vida por falta de noções de gestão na sua formação acadêmica.
Uma parceria com uma Empresa Júnior de Economia para realizar projetos de gestão financeira para consultórios, clínicas e hospitais é bastante interessante, além de uma consultoria do médico recém-formado ou interno para que ele já forme com pelo menos a noção básica desse tipo de gestão.
EVENTOS:
Quase todas Empresas Juniores de Medicina do Brasil, com exceção da Medic Júnior Consultoria em Saúde (que tem seu portfólio composto basicamente por projetos de consultoria de gestão em saúde), têm como maior parte dos seus serviços compostos por eventos, sobre gestão ou até mesmo treinamentos de primeiros socorros e emergência em escolas e faculdades.
Os eventos servem como marketing para a Empresa Júnior captar novos clientes ou leads (potenciais clientes), além de mostrar para a comunidade acadêmica o que fazem e quebrarem aquele preconceito que toda Empresa Júnior de Medicina sofre no processo inicial de formação.
Afinal, tudo que é novo assusta né? E a classe médica é muito tradicionalista e resistente a mudanças.
Os eventos são uma boa forma de conseguir um recurso financeiro para a empresa, principalmente no início de sua formação, com custos com documentação, contador, processo de abertura, etc.
Quer saber toda a história do Movimento Empresa Júnior na Medicina? Então clique aqui!
Muito bom o conteúdo. Foi bastante esclarecedor sobre os principais objetivos da EJ.
Obrigada pelo conhecimento.
Obrigado, Lyz! Continue acompanhando as nossas postagens.