A HISTÓRIA DO MOVIMENTO EMPRESA JÚNIOR
Inspirado por jovens inconformados que não se limitavam à prática ensinada dentro da faculdade, surge, em 1967, o Movimento Empresa Júnior, com a primeira Empresa Júnior do mundo, em Paris, na França.
Alunos da ESSEC – L’École Supérieure des Sciences Economiques et Commerciales criaram a Junior Enterprise, uma associação estudantil que forneceria prática suficiente para prepará-los melhor frente à realidade empresarial da época.
Foram criadas Empresas Juniores na França em outras universidades e, em 1969, depois da criação de mais de 20 novas Empresas Juniores, foi fundada a Confederação Francesa de Empresas Juniores.
Quando o Movimento atingiu a marca de mais de 100 empresas, em 1986, países como Bélgica, Holanda, Alemanha, Portugal e Itália já tinham Empresas Juniores em desenvolvimento, com a expansão do Movimento Empresa Júnior para toda a Europa.
Em 1992, foi criada a JADE, a Confederação Europeia de Empresas Juniores, reunindo as lideranças das principais Empresas Juniores da Europa, baseada em Bruxelas, na Bélgica.
A CHEGADA DO MOVIMENTO EMPRESA JÚNIOR NO BRASIL
Depois de 20 anos da criação do Movimento Empresa Júnior, João Carlos Chaves, Diretor da Câmara de Comércio Franco-Brasileira, orientou os alunos de Administração da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo – FGV SP a fundarem a primeira Empresa Júnior do Brasil, a Empresa Júnior – EJFGV.
E o Movimento, ou MEJ, como é chamado pelos empresários juniores atualmente, chegou, então, ao Brasil, em 1987.
Em 1993, seis anos depois da chegada do movimento no Brasil, o 1º Encontro Nacional de Empresas Juniores (ENEJ) mobilizou centenas de jovens empreendedores na cidade de São Paulo, despertando a ideia da criação da primeira federação do Brasil, a FEJEMG, a Federação de Empresas Juniores de Minas Gerais, criada em 1995.
A Federação passou a coordenar o desenvolvimento e a criação de todas iniciativas de Empresas Juniores do estado de Minas Gerais, contribuindo para a criação de novas Federações, como a FEJESP.
Em 2003, com o intuito de criar, organizar e difundir as diretrizes nacionais que devem ser adotadas pelas federações estaduais, para regulamentar a atividade das empresas juniores em âmbito nacional, foi criada a Brasil Júnior, a Confederação Nacional de Empresas Juniores.
Atualmente, desde o ENEJ de 2018, o Brasil tem Empresas Juniores em todos os Estados da Federação e no Distrito Federal, consolidando-se com mais força como o país com maior número de Empresas Juniores em todo o mundo.
IMPACTO
O atual planejamento estratégico do Movimento definiu que a missão da Brasil Júnior e todo o Movimento é formar, por meio da vivência empresarial, empreendedores comprometidos e capazes de transformar o Brasil.
Desde 2010, o MEJ já impactou mais de 70 milhões de reais na economia brasileira, que são integralmente reinvestidos na educação dos estudantes, contribuindo para a formação empreendedora de milhares de jovens de mais de 900 Empresas Juniores de mais de 110 Universidades Brasileiras.
Com a formação empreendedora, o jovem estudante do Ensino Superior consegue associar o conhecimento teórico da faculdade com a prática do mercado de trabalho, levando o nome da Universidade para o Mercado e adquirindo novas habilidades e competências, como o senso crítico, a liderança e a capacidade de trabalhar com adversidades.
Em 6 de abril de 2016, o Movimento Empresa Júnior se tornou o primeiro movimento estudantil reconhecido por lei no Brasil, com a aprovação da LEI Nº 13.267, que disciplina a criação e a organização das associações denominadas empresas juniores, com funcionamento perante instituições de ensino superior.
Atualmente, o Brasil se consolidou como o maior polo de Empresas Juniores do Mundo, com jovens brasileiros integrando os boards executivos das principais instituições do Movimento Empresa Júnior, como:
– Históricos de cargos de presidência da Global Enterprise, Confederação Internacional de Empresas Juniores, que reúne todas as Confederações do mundo.
– Criação da Junior Enterprise USA, Confederação de Empresas Juniores dos Estados Unidos, que foi criada por dois brasileiros que estudavam em Universidades americanas em 2016 e liderada pela estudante de engenharia elétrica e economia, Bruna Correa, presidente até final de 2018.
O comprometimento dos brasileiros nas Universidades americanas garantiu a participação de membros brasileiros na diretoria da Instituição até os dias atuais.
O QUE É UMA EMPRESA JÚNIOR?
De acordo com a Brasil Júnior, “Empresa Júnior” é uma empresa formada apenas por estudantes de graduação que prestam projetos para micro e pequenas empresas.
Durante a execução desses projetos e no dia a dia da empresa, os universitários aprendem sobre gestão, se especializam em sua área de atuação e têm contato direto com o mercado.
Assim, por meio da vivência empresarial, adquirem competências fundamentais para um empreendedor.”
De uma forma mais técnica, o Conceito Nacional de Empresas Juniores (CNEJ) define que as empresas juniores são constituídas pela união de alunos matriculados em cursos de graduação, em instituições de ensino superior, organizados em uma associação civil, com o intuito de realizar projetos e serviços que contribuam para formar profissionais capacitados e comprometidos com o propósito de transformar o Brasil.
Os projetos são orientados e supervisionados por professores e profissionais especializados, mas têm gestão autônoma em relação à direção da faculdade, centro acadêmico ou qualquer outra entidade acadêmica.
Quanto aos projetos prestados, as empresas juniores só podem realizar projetos e serviços que cumpram ao menos uma das seguintes características:
- Estejam inseridos no conteúdo programático do(s) curso(s) de graduação a que ela for vinculada;
- Sejam fruto de competências ou qualificações decorrentes do conteúdo programático do(s) curso(s) de graduação a que ela for vinculada;
- Sejam atribuições da categoria de profissionais, determinados por lei regulamentadora das categorias profissionais, a qual os alunos de graduação do(s) curso(s) de graduação a que ela for vinculada fizerem parte.
As empresas juniores não podem, de nenhuma forma, captar recursos financeiros para seus integrantes ou para a instituição de ensino a que estiver vinculada, por intermédio da realização de seus projetos ou qualquer outra atividade.
A renda obtida com os projetos e serviços prestados pelas empresas juniores nos seus respectivos segmentos de atuação deverá ser reinvestida na atividade educacional de associação.
O QUE ISSO TEM A VER COM A MEDICINA?
Com certeza você já se deparou com situações que o senso crítico, a liderança e a capacidade de trabalhar com adversidades foram essenciais no atendimento médico, seja durante uma cirurgia, ou durante um atendimento de emergência, ou até mesmo na hora de solicitar e analisar exames laboratoriais com sua equipe.
O grande problema é que não se ensina isso na Faculdade de Medicina.
De acordo com a Endeavor, empreendedorismo é “a disposição para identificar problemas e oportunidades e investir recursos e competências na criação de um negócio, projeto ou movimento que seja capaz de alavancar mudanças e gerar um impacto positivo”.
E é isso que o médico faz a todo momento, desde a gestão da decisão do tratamento do paciente até a gestão do corpo clínico e cirúrgico. O médico é um empreendedor por natureza.
O grande problema é que as Faculdades de Medicina Brasileiras têm seus olhares voltados apenas para a formação assistencialista tradicional, sem desenvolver as habilidades e competências do médico em sua formação empreendedora mais ampla.
Ou seja, só se ensina ao médico o diagnóstico e tratamento de doenças, mas não ensina o caminho do paciente até que chegue ao médico e qual o desfecho do atendimento na vida dessa pessoa – e sua família.
Se não se ensina o fluxo de atendimento do paciente, o que dirá da gestão de recursos públicos e privados da saúde no Brasil?
O tema é cada vez mais comentado em congressos e discussões científicas. E inicia-se uma revolução do ensino da medicina, com noções de empreendedorismo e gestão discutidas dentro de sala de aula.
A crise econômica na saúde brasileira tem mais uma esperança com a nova geração de médicos empreendedores formados em Universidades onde o Movimento Empresa Júnior atua.
Em agosto de 2003, foi fundada a primeira Empresa Júnior de Medicina da América Latina, a Medicina Júnior, composta por acadêmicos da Faculdade de Medicina (FMUSP), da Escola de Enfermagem e da Faculdade de Saúde Pública da USP, apoiada pela FMUSP e gerida pelos acadêmicos.
Os estudantes de Medicina passaram, então, a se interessar pelo futuro da gestão em saúde no Brasil.
Após 14 anos da introdução dos alunos de Medicina no Movimento Empresa Júnior, iniciou-se um movimento estudantil liderado por alunos de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, para difundir o conceito de Empresa Júnior no Brasil e levar a formação empreendedora para dentro das salas de aula.
Foi fundada, em agosto de 2017, a Medic Júnior Consultoria em Saúde, a primeira Empresa Júnior de Medicina de Minas Gerais e responsável por dar apoio à criação de mais 6 Empresas Juniores de Medicina no Brasil nos últimos 2 anos, como a Córtex Jr, da UFCSPA, a Mederi, da UFSM e a Mediare, da UFAM.
Outras iniciativas foram criadas com sucesso, como a Áxis Jr, da FMJ, a Med.Co Jr, da UFRJ, a Atrium, da Suprema e a retomada de uma das pioneiras, a Gestmed da UFG.
Não se pode esquecer de citar a Santé Jr, referência de Empresa Júnior de medicina em Sorocaba, da PUC Sorocaba.
Atualmente, compõem a lista de EJs de medicina federadas, ou seja, formalmente reconhecidas e representadas por suas federações estaduais em um nível organizacional mais completo, no Brasil – e no mundo – a Medic Júnior, Atrium e GestMed.
Através de parcerias com outras Empresas Juniores e servindo de inspiração para a criação de iniciativas em todo território brasileiro e até mesmo em outros países, os integrantes da Medic Júnior ainda buscam levar o conceito de empreendedorismo em saúde para as Universidades, contribuindo para o gasto consciente na saúde e diminuição dos custos desnecessários.
Em 2018, o fundador e ex-presidente da Medic Júnior, Rafael Kenji – quem escreve esse artigo – foi diretor de Desenvolvimento da Junior Enterprise USA, ajudando a levar o conceito de Empresa Júnior de Medicina para outros países. A grande curiosidade é que o Brasil ainda é o único país do mundo com EJ de medicina.
Todos os anos, são realizados pela Medic Júnior diversos projetos de consultoria, gestão hospitalar, administração e finanças, análises de viabilidade técnica e operacional de projetos e até mesmo eventos voltados ao público médico.
Todo o conhecimento para realizar esses projetos vem de capacitações e da própria vivência empreendedora – ainda não se ensina esse tipo de conhecimento nas Faculdades de Medicina – mas esse cenário está prestes a mudar.
Atualmente, existe uma expansão acelerada de iniciativas de Empresas Juniores nas Faculdades de Medicina e até mesmo a criação de Ligas Acadêmicas de Gestão em Saúde.
Os alunos estão entendendo a necessidade do aprendizado acerca do empreendedorismo em saúde, e estão cobrando providências de suas Universidades.
A solução mais rápida e prática é se associar a movimentos estudantis que apoiam essa prática, como o Movimento Empresa Júnior.
O QUE EU TENHO A VER COM ISSO?
Você deve estar se perguntando: “Que diferença isso faz na minha vida como médico?”.
O autor desse artigo do Blog, e professor dos cursos de Empreendedorismo e Carreira Médica do Jaleko, foi fundador e presidente das gestões de 2017 e 2018 da Medic Júnior Consultoria em Saúde.
E hoje é médico e Diretor Comercial do Jaleko, trabalhando com pessoas das mais diversas áreas, algumas delas também pós-juniores de cursos como Engenharia de Produção.
Grandes CEOs de empresas já são pós-juniores, e em breve, grandes presidentes e diretores de hospitais serão pós-juniores. O aluno de Medicina está começando a pensar em trocar a residência por um MBA de Gestão Hospitalar e romper o preconceito existente na “ausência de uma residência médica”.
Escolhendo não fazer a residência e investir na educação em saúde, o autor desse artigo se tornou exatamente aquilo que queria quando foi dado início ao processo de fundação da Empresa Júnior: um jovem inconformado que vê o paciente muito além de uma doença, mas uma pessoa com todos seus determinantes pessoais, sociais, espirituais e econômicos, que percorre um longo caminho nos Sistemas de Saúde até chegar ao atendimento médico.
Atendimento que precisa ser gerenciado com cuidado, utilizando-se estratégias autossustentáveis que diminuam gastos desnecessários e amplificam o impacto no processo saúde-adoecimento.
A formação empreendedora dos pós-juniores contribui para a chegada de jovens médicos em ambientes que eram inexplorados, como as áreas de produção de conteúdo, comercial, marketing e qualidade.
O futuro do empreendedorismo na saúde com certeza será povoado médicos que tiveram em sua formação acadêmica as habilidades e competências desenvolvidas de forma prática e ampla, com apoio do Movimento Empresa Júnior.