A Escala de Coma de Glasgow já existe dentro da Medicina por mais de 40 anos, tendo sido, durante esse período, modificada diversas vezes por centros especializados, como os institutos neurológicos. Ultimamente, veio à tona uma nova mudança na escala, que além de ajudar médicos e profissionais de saúde a realizarem um diagnóstico mais preciso de seus pacientes, veio operacionalizar a aplicação dessa escala nos indivíduos, de maneira a simplificar a sua utilização. Com isso, a variação entre os examinadores foi diminuída e também foi possível realizar estudos comparativos entre as condutas de profissionais diferentes. Além de ter um prognóstico sobre a situação atual daquele paciente.
Ela foi criada em 1974, por médicos, com o objetivo de ter uma avaliação padrão para as alterações que eram observadas em adultos e crianças vítimas de TCE, que estavam em estado consideravelmente grave e que possuíam alteração em sua consciência.
Cabe lembrar que existem alguns fatores externos que podem dificultar ou até mesmo inviabilizar a realização desse exame, como por exemplo:
– Diferenças culturais: às vezes um paciente não consegue entender o que você fala, por não falar a mesma língua que a sua, e isso dificulta o entendimento e pode mascarar o resultado do exame.
– Dificuldades auditivas: se o paciente não consegue te ouvir devido à uma deficiência no conduto auditivo, também é um fator que limita o exame e pode alterar o seu resultado.
– Intubação ou sedação
– Pacientes que sofreram TCE: impede a abertura ocular, impedindo a realização completa do exame
Abertura ocular:
A abertura ocular pode ser graduada de 1 (pior resposta) até 4 (melhor resposta). Quando você classifica uma abertura ocular como sendo espontânea, você está querendo dizer que o seu paciente tem os olhos abertos antes de você realizar uma estimulação. A abertura ao som é quando o paciente abre os olhos à medida que você chama ele em tom normal ou ambiente. Nesse caso, ele recebe 3 pontos. Os 2 pontos quem vai receber é o paciente que é classificado como abre os olhos à pressão, após a estimulação da extremidade dos dedos. E se o paciente não tiver abertura ocular espontânea ou ao som, ou ao estimulo físico, ele receberá 1 ponto na escala. Se o paciente em questão estiver com algum desses critérios citados acima, que o impossibilitem de realizar determinada parte do exame, você irá classificá-lo como NT (não testado).
Resposta verbal:
Diferentemente da abertura ocular, nesse momento da escala, eu terei a melhor resposta verbal recebendo 5 pontos e a pior resposta verbal recebendo 1 ponto. Orientado é aquele indivíduo com a resposta adequada, você perguntou para ele o nome dele, que dia é hoje, e ele respondeu adequadamente e corretamente todas as respostas. Esse paciente vai receber 5 pontos. O paciente que não conseguir responder alguma dessas perguntas ou errá-las, é aquele paciente que está confuso, desorientado, e, por isso, deve receber 4 pontos na escala. O paciente que não conseguir verbalizar, conseguir apenas pronunciar palavras desconexas com o que você perguntar, receberá 3 pontos. O paciente que conseguir verbalizar apenas gemidos durante o exame irá receber apenas 2 pontos. E o paciente que não conseguir verbalizar e nem emitir sons, ele recebe 1 ponto.
Resposta motora:
A melhor receberá 6 pontos e a pior 1 ponto. Os 6 pontos quem vai receber é aquele paciente que você pede para ele mexer as mãos e ele mexe, sem qualquer dificuldade. O paciente que conseguir localizar o estímulo doloroso ou aonde estiver doendo, receberá 5 pontos. Aquele paciente que, embora não consiga localizar de onde está surgindo esse estímulo doloroso, consegue fazer um movimento de retirada quando for estimulado, recebe 4 pontos. O paciente que estiver adotando a posição de decorticação (flexão anormal) receberá 2 pontos, e o que estiver com a postura de descerebração (extensão) receberá 2 pontos. O paciente que não conseguir realizar nenhum movimento e não estiver adotando as posturas de flexão ou extensão, vai receber apenas 1 ponto.
Interpretação da escala:
Após aplicada a escala com seu paciente, ele receberá uma pontuação, que deverá ser analisada e irá traduzir um prognóstico sobre o quadro clínico dele. Se o paciente somar 8 pontos ou menos na escala, ele é dado como um paciente em coma ou que tenha alguma lesão cerebral grave. Já aqueles que tiverem a sua pontuação entre 9 a 12 pontos, ele é classificado como tendo uma lesão cerebral moderada. E aqueles que ficarem entre 13 a 15 na pontuação da ECG serão classificados como pacientes com lesão cerebral leve.
Reatividade pupilar:
Atualmente, foram realizados estudos que adicionaram a reatividade pupilar na escala de coma de Glasgow. Essa parte da escala contempla uma pontuação de 0 a 2, sendo o paciente que apresenta as pupilas fotorreagentes bilateralmente recebendo a pontuação 0, o paciente que possui apenas uma das pupilas fotorreagentes vai receber 1 ponto, e o que não tiver nenhuma das duas pupilas fotorreagentes receberá 2 pontos. Só que, nesse caso, os pontos não serão somados aos outros recebidos na avaliação da resposta ocular, verbal e motora, mas sim subtraídos.
Conclusão:
Essa atualização da escala de coma de Glasgow trouxe mudanças importante. As etapas de sua realização se tornaram mais claras para o examinador, que, ao invés de terem como foco principal a pontuação final que cada indivíduo recebia, agora tem como ênfase a pontuação individual de cada sistema. Com isso, a escala se tornou um dos parâmetros mais preciso para os profissionais conseguirem quantificar o nível de deteriorização de um paciente vítima de traumatismo crânioencefálico. Há um problema porém: como toda escala nova precisa de validação, enquanto a escala de 1974 tem mais de 40 anos de estudos e usos, a nova escala é bem recente e ainda estão surgindo estudos usando ela. Logo, ainda precisamos avaliar como interpretar os estudos anterior com a escala antiga.
Parabéns pelo artigo .