Nossa #DicaJaleko de hoje é do #JovemProfessor Bernardo Farias. O conhecimento apurado de fisiologia ajuda-nos a compreender as alterações fisiopatológicas na sepse e os princípios que norteiam as possíveis intervenções terapêuticas. Quer ver um exemplo?
Introdução
A diferença de pressão que há entre dois pontos da circulação é o produto da multiplicação do débito cardíaco pela resistência vascular sistêmica (PAM – PVC = DC x RVS). Simplificando esta fórmula, dizemos que PAM = DC x RVS. A fórmula simplificada mostra-nos que o DC e a RVS são os principais determinantes fisiológicos da PAM e, por conseguinte, da perfusão tecidual, visto que a pressão arterial gerada é responsável pela manutenção do fluxo sanguíneo que oferta O2 e nutrientes aos tecidos.
Imagine agora o contexto da sepse, com todos aqueles mediadores inflamatórios sendo liberados e agindo nos vasos. Há intensa vasodilatação e, consequentemente, diminuição da RVS. Aplicando esta alteração à fórmula simplificada acima, entendemos em parte a hipotensão que pode acometer um paciente com sepse grave e choque séptico.
Os barorreceptores localizados “percebem” a hipotensão, informando-a ao centro de controle cardiovascular, o qual leva ao aumento do tônus simpático e a queda do parassimpático. A ativação simpática e a inibição parassimpática sobre o coração aumentam a força de contração do miocárdio e a frequência cardíaca. Se recordarmos a relação DC = FC x VS, entendemos que há aumento do DC.
Desse modo, no choque séptico, temos o DC aumentado (ou normal) e a RVS diminuída, o que, inclusive, caracteriza-o como um exemplo de choque distributivo.
O que fazer então para tratar o paciente com choque séptico? Além da reposição volêmica, que aumenta o DC, tentaremos elevar a RVS. Para tal, podemos administrar uma droga vasopressora, isto é, uma substância que tenha ação vasoconstrictora, em especial das arteríolas e pequenas artérias. Os guidelines atuais recomendam como primeira opção a noradrenalina.
Bernardo é monitor em Fisiologia, na UFF, e integrante do Projeto de extensão desenvolvido pela UFF intitulado CONHECENDO E MELHORANDO O CONTROLE DO DIABETES (em andamento).