As arritmias podem ser doenças muito variáveis. Algumas são mais benignas, outras malignas, e algumas dão medo só de ouvir o nome. Uma dessas últimas é a Taquicardia Ventricular (TV)!
Mas não existe apenas um tipo, são 4, e você precisa conhecer para identificar e tratar. Nesse artigo nós vamos de ensinar de uma vez por todas como diagnosticar e manejar um paciente com a famosa TV. Presta atenção:
Existem basicamente 4 subtipos de Taquicardias Ventriculares, que são:
(1) Taqui Ventricular Monomórfica
(2) Taqui Ventricular Polimórfica Não-Torsades
(3) Torsades de Pointes
(4) Ritmo Idioventricular Acelerado (RIVA)
TV Monomórfica
O ECG apresenta:
– FC > 100bpm
– QRS alargado (> 120ms), ausência de onda P
– Todos os QRS possuem a mesma morfologia e são regulares (por isso a denominação “monomórfica”)
Na maioria dos pacientes, principalmente cardio e coronariopatas, taquicardia com complexo QRS alargado é TV até que se prove o contrário.
O que quer dizer TV sustentada?
A definição de TV sustentada (TVS) se dá através da duração ou da presença de sinais de instabilidade hemodinâmica. Quando a TV dura mais de 30 segundos e/ou causa instabilidade hemodinâmica, dizemos que é uma TV sustentada. Já a TV não-sustentada (TVNS) dura menos de 30 segundos e não causa instabilidade hemodinâmica. Por definição, 3 ou mais extrassístoles ventriculares consecutivas indicam taqui-ventricular.
TV Polimórfica
Possui como causa mais comum a isquemia cardíaca. Apresenta as mesmas características anteriores, contudo os complexos QRS possuem morfologias diferentes (daí a denominação “polimórfica).
Alguns episódios geram colapso hemodinâmico e outros degeneram para FV, porém a maioria cessa espontaneamente.
Torsades de Pointes
É um subtipo especial de TV Polimórfica, que está relacionada ao prolongamento do intervalo QT, uma desordem na repolarização miocárdica. Pode ser congênita ou adquirida, principalmente devido ao uso de algumas medicações que prolongam o intervalo QT, como: haloperidol, amiodarona, ondansetrona, procainamida, quinidina, sotalol, cloroquina e eritromicina, dentre outras. Ou então por condições clínicas como por exemplo hipocalemia, hipomagnesemia e hipocalcemia.
É uma emergência médica e pode provocar morte súbita. Significa literalmente “torções das pontas”, como podemos observar na figura abaixo:
Ritmo Idioventricular Acelerado (RIVA)
Tem critérios iguais aos de uma TV, porém com FC entre 60-100bpm. É muito visto no momento da reperfusão miocárdica em cirurgia cardíaca.
Ritmo Idioventricular Acelerado (RIVA)
Tratamento
É importante saber de antemão que instabilidade hemodinâmica é igual a reversão imediata.
TVNS
– Ausência de cardiopatia: tratamento inicial sintomático com beta-bloqueadores. Antiarrítmicos (amiodarona) ficam reservados para pacientes frequentemente muito sintomáticos apesar do uso de beta-bloqueadores (1a escolha) e bloqueadores do canal de cálcio (verapamil e diltiazem), e que não são candidatos à ablação.
– Fase aguda pós-IAM: lidocaína ou amiodarona caso sintomática.
TVS
Cardioversão é obrigatória!
– TVS Monomórfica: cardioversão elétrica sincronizada 100J emergencial, seguida de antiarrítmico – amiodarona (dose de ataque + manutenção) ou procainamida (dose de ataque + manutenção).
Se a causa for intoxicação digitálica, a escolha é pela lidocaína ou fenitoína.
Se a causa for Intoxicação por cocaína, a escolha é pela lidocaína.
– TVS Polimórfica: desfibrilação com 360J (monofásico), seguida de antiarrítmico após a reversão.
Na Torsades de Pointes – SULFATO DE MAGNÉSIO 2g EV em bolus podendo repetir em 15min caso necessário, e 3-20mg/min de manutenção. A correção de outros distúrbios eletrolíticos também é essencial.
Se não for Torsades, o antiarrítmico de escolha é a amiodarona e, na presença de isquemia cardíaca (causa mais provável), deve-se iniciar beta-bloqueador caso a pressão arterial tolere (metoprolol 5mg IV a cada 15min até total de 15mg), e realizar revascularização miocárdica imediata (Angioplastia ou Cirurgia). Se necessário, balão intra-aórtico.
Para prevenção de novos episódios de TV sustentada (prevenção de morte súbita), os antiarrítmicos de escolha são: amiodarona (primeira escolha) e sotalol.
ATENÇÃO! Caso o paciente tenha apresentado TVS e tenha disfunção ventricular (FE < 35-40%), ele deve receber um cardiodesfibrilador implantável (CDI) além de manter o antiarrítmico (amiodarona).
*Imagem principal recortada de: By BruceBlaus – Own work, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=44925834
Fique por dentro também de outra arritmia que é bem comum em pessoas jovens e sem nenhuma doença de base: a taquicardia supraventricular paroxística
Boa tarde Dra. Roberta Nicodemos
Sou ex atleta do futebol e ex velocista de 100 e 200m.
Resumindo tive quer por marcapasso bicameral devido eu ter um Bloqueio AV. E os medicos disseram -me a levar um vida normal praticar esportes ,correr e fazer musculação. Atualmente eles me disseram que tive mais casos de TVNS e devia dar uma parade de tudo e tomar um remédio beta bloquiador r chamado Emprol XR.
Fiquei desesperado.
Como parar com tudo se sou um trainner personal
Olá! É imprescindível ser acompanhado por um(a) bom(a) arritmologista, para ver seu caso e avaliar o tipo de atividade que pode fazer. E lembre-se: o mais importante é cuidar de si e, como Personal Trainer, você ainda pode se reinventar.
Um grande abraço!