A insuficiência aórtica (IAo) caracteriza-se pelo fluxo sanguíneo retrógrado da aorta para o ventrículo esquerdo durante a diástole, devido à incompetência do mecanismo de fechamento valvar aórtico.
A causa mais comum de IAo em nosso meio é a febre reumática, responsável por cerca de 85% dos casos. Outras causas de IAo são: endocardite infecciosa com destruição e perfuração dos folhetos; valva aórtica bicúspide (causa congênita mais comum).
Causas da IAo aguda: endocardite infecciosa e a dissecção da aorta ascendente com comprometimento valvar.
Quadro Clínico:
Em decorrência da disfunção ventricular ocorre dispneia, fadiga, ortopneia, dispneia paroxística noturna.
Pode ocorrer quadros de palpitações, angina e dor torácica. Síncope e morte súbita são eventos raros.
PA divergente. Pulso em martelo d’agua (Pulso de Corringan) – pulso de grande amplitude com redução abrupta.
O ictus cordis é difuso, hiperdinâmico e deslocado para baixo e para a esquerda.
O sopro diastólico aspirativo é de alta frequência e inicia imediatamente após a segunda bulha. O sopro em decrescendo é melhor audível com o paciente sentado e com o corpo inclinado para frente, nos focos aórtico e aórtico assessório.
O sopro de Austin-Flint, é um sopro diastólico de baixa intensidade, audível no ápice, que tem origem no impacto do jato regurgitante da insuficiência aórtica sobre o folheto anterior mitral. É indicativo de gravidade da IAo.
A presença de B3 correlaciona com o aumento do volume sistólico final e, portanto, com a gravidade da IAo.
Sinal de Musset: movimentação da cabeça aos batimentos cardíacos.
Sinal de Minervini: pulsações da base da língua.
Sinal de Quincke: variação da tonalidade subungueal pulsátil, palidez e ruborização à compressão leve.
Sinal de Muller: pulsação da úvula.
Sinal de Traube: som agudo auscultado sobre o pulso femoral (ruído de pistola).
Sinal de Duroziez: duplo sopro auscultado à compressão da femoral.
Sinal de Felletti: Pulsação da cabeça devido à pulsação das vertebrais (oposto do sinal de Musset).
Sinal de Hill: PAS no membro inferior maior que a PAS no membro superior.
Sinal de Landolf: Miose e midríase rítmicas com a pulsação da artéria oftálmica.
Exames complementares:
Eletrocardiograma: Desvio do eixo para a esquerda e sobrecarga do ventrículo esquerdo. O padrão Strain do VE se correlaciona com presença de dilatação e hipertrofia.
Radiografia de Tórax: sinais de congestão pulmonar, cardiomegalia (VE cresce inferior e lateralmente). Alterações na aorta podem sugerir a etiologia da IAo. Aumento do AE com retificação do arco médio pode indicar disfunção mitral associada.
Ecocardiograma: Identificação da etiologia, da gravidade da IAo e do nível do comprometimento (nível de valva ou da raiz da aorta) e avaliação dos aspectos morfológicos da valva e análise da função ventricular esquerda. O ECOTE pode ser utilizado em casos de limitações pelo ECOTT.
Cateterismo Cardíaco: Exames discordantes quanto à da gravidade da regurgitação, função ventricular e dilatação da raiz da aorta. Avaliação das artérias coronárias antes da cirurgia valvar em pacientes com fatores de risco para doença arterial coronariana (homens acima dos 40 anos e mulheres acima dos 45 anos).
Tratamento Cirúrgico:
Classe I (indicação excelente):
– Pacientes com IAo importante e sintomáticos
– Pacientes com IAo importante, assintomáticos, com Fração de Ejeção(FE) < 50% em repouso
– Pacientes com IAo importante que serão submetidos concomitantemente a cirurgia de revascularização miocárdica ou cirurgia da aorta ou de outras valvas cardíacas.
– Pacientes com IAo importante aguda ou agudizada de qualquer etiologia levando a insuficiência cardíaca aguda
A insuficiência Aórtica pode causar o sopro de Austin Flint. Saiba mais no vídeo DICAS JALEKO: Você sabe o que é sopro de Austin Flint?
Veja também: