Segundo o Ministério da Saúde (MS), a visão é a capacidade que o indivíduo tem, por meio do olho, de perceber o universo que o cerca, sendo que oitenta por cento da relação do ser humano com o mundo se dá através desse sentido.
Diante disso, o dia 10 de julho traz um importante significado para a saúde do indivíduo, visto que nesse dia comemora-se o Dia da saúde ocular: uma data especial que está aí para lembrar o quão importante é cuidar da saúde dos olhos.
Ao contrário do que muitos pensam, o cuidado com a saúde oftalmológica começa ainda durante o pré-natal. Nesta fase é possível detectar doenças na mãe que podem causar cegueira nos fetos, como a Rubéola, Toxoplasmose e até mesmo a Sífilis. Durante os exames será possível notar más-formações que afetem a visão da criança. Registros do Ministério da Saúde apontam que 40% dos casos de cegueira infantil poderiam ser evitados ou tratados se tivessem sido detectados durante as consultas de pré-natal.
É fundamental o acompanhamento com o Oftalmologista após o nascimento para que se consiga prevenir e, caso necessário, tratar o mais precoce possível os problemas que possam ocorrer ao longo da vida.
A Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica diz que o primeiro exame oftalmológico deve ser realizado pelo pediatra/neonatologista ainda no berçário, e consiste no teste do reflexo vermelho, o famoso teste do olhinho. Com esse teste, é possível verificar se há alguma patologia como catarata congênita, glaucoma congênito ou até mesmo a presença de tumores oculares.
Faz-se necessário realizar o screening principalmente nas crianças, devido ao desenvolvimento ocular que acontece durante essa fase, e nos adultos que possuem faixa etária maior que 40 anos, por ser um grupo que está mais susceptível a determinados acometimentos oculares, como a catarata e o glaucoma.
E por que isso é tão importante? De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente pelo menos 2,2 bilhões de pessoas em todo o mundo têm problemas de visão. Desses, pelo menos 1 bilhão tem problemas de visão que poderiam ter sido evitados ou que ainda precisam ser resolvidos. Neste mesmo contexto, há uma estimativa, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de que mais de um milhão de pessoas, no Brasil, sejam cegas e mais de 35 milhões de pessoas possuam algum grau de dificuldade visual.
As condições oculares que podem causar comprometimento da visão e cegueira – como catarata, tracoma e erro de refração – são o foco principal da prevenção nacional e de outras estratégias de tratamento oftalmológico. Mas as condições oculares que normalmente não prejudicam a visão, incluindo xeroftalmia e conjuntivite, não devem ser negligenciadas, pois estão entre os principais motivos para as pessoas procurarem serviços de saúde ocular em todos os países.
A combinação de uma população em crescimento e envelhecida com um estilo de vida que é marcado por inúmeras horas em frente ao computador e celular aumentará significativamente o número total de pessoas com problemas oculares e deficiência visual, uma vez que a prevalência aumenta com algumas variáveis, como hábitos e idade.
Dentre as principais doenças oculares responsáveis pela maior parte dos atendimentos feitos no Brasil por oftalmologistas, temos catarata, glaucoma, conjuntivite, retinopatia diabética e degeneração macular relacionada à idade e erros de refração (miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia ou vista cansada).
Hoje, vamos destacar alguns desses erros de refração ou ametropias, que acometem milhões de brasileiros e pessoas no mundo todo. Porém, antes de começar a falar sobre as suas particularidades, vamos relembrar rapidamente como a imagem é formada.
CAMINHO DA LUZ ATÉ A FORMAÇÃO DA IMAGEM
Uma fonte de luz ilumina os corpos e objetos que então refletem os raios luminosos na direção dos nossos olhos. Quando olhamos na direção de algum objeto, a imagem atravessa a córnea e chega à íris que regula a quantidade de luz recebida por meio da pupila. Em seguida, a imagem chega ao cristalino e é focada sobre a retina. A lente do olho produz uma imagem invertida, e o cérebro a converte para a posição correta. Na retina, mais de cem milhões de células fotorreceptoras transformam as ondas luminosas em impulsos eletroquímicos que são decodificados pelo cérebro.
Agora, após sabermos o caminho da luz, vamos falar um pouco de três tipos de distúrbios oculares: presbiopia, miopia e hipermetropia.
PRESBIOPIA
A presbiopia é um defeito do mecanismo de acomodação do cristalino que se inicia, na maior parte das pessoas, após os 40 anos e progride até os 60 anos. Está presente em 18,3% da população brasileira, ou seja, aproximadamente 39 milhões de pessoas.
Com o avançar da idade, o cristalino sofre mudanças degenerativas, ficando menos complacente e, portanto, sendo mais difícil “acomodar”.
A presbiopia é definida quando o indivíduo começa a ter dificuldade com a visão de perto, como o ato de ler um jornal, que se torna borrada. Além disso, pode estar associado à astenopia (fadiga, desconforto ocular e cefaleia desencadeada pela leitura). Os sintomas costumam se agravar pela manhã e o problema de acomodação é bilateral e simétrico.
O diagnóstico é feito quando o indivíduo apresenta dificuldade de enxergar de perto quando tem uma idade próxima dos 40-50 anos. A partir daí o Oftalmologista faz a medida de amplitude de acomodação do paciente, com o intuito de estabelecer o grau da presbiopia.
O tratamento é feito com lentes convergentes (positivas), que permitem uma boa amplitude de acomodação para ver com nitidez objetos próximos. Lembrando que pode ser através de óculos – geralmente multifocais ou bifocais para não atrapalhar a visão de longe – ou com lentes de contato. Mais recentemente, a cirurgia refrativa também está sendo usada como meio de correção da presbiopia.
MIOPIA
A sua prevalência varia de 11 a 36%, sendo menor em negros e maior nos asiáticos. O Brasil tem uma população míope estimada entre 23 e 74 milhões de indivíduos.
Na miopia, objetos distantes são focalizados à frente do plano da retina, fazendo a imagem perder a sua nitidez. Portanto, são indivíduos que possuem dificuldade de enxergar de longe. Na miopia, o eixo longitudinal do globo ocular é grande em relação ao poder refrativo do sistema de lentes do olho.
Possui alguns subtipos: miopia axial: é a mais comum, na qual o globo ocular é alongado; miopia de curvatura: aumento da curvatura da córnea ou cristalino, trazendo um poder de refração excessivo para um olho de tamanho normal; miopia secundária: associada à catarata, trauma, cirurgia para glaucoma; e miopia congênita.
Geralmente, a miopia se instala entre os 8 e 14 anos, mas pode ocorrer precocemente entre 5 e 8 anos ou tardiamente até os 30 anos. A suspeita clínica vem quando a criança aproxima demais os livros de seus olhos para ler e não consegue acompanhar a aula no quadro. Nos adultos, percebe-se dificuldades em tarefas, como dirigir e ler placas de trânsito. A pessoa que é míope pode ter blefaroespasmo (contração do músculo palpebral), baseando-se no princípio de que a redução da fenda palpebral produz um estreitamento do feixe de luz ao penetrar no globo ocular, o que pode focar a imagem um pouco melhor.
O tratamento da miopia é a correção do erro de refração e tem como opções: óculos, lentes de contato ou cirurgia refrativa corretiva. A lente prescrita deve ser convergente e côncava (negativa).
HIPERMETROPIA
Ao contrário da Miopia, na hipermetropia objetos distantes são focalizados atrás do plano da retina, fazendo com que a imagem perca a sua nitidez. Isso ocorre porque eixo longitudinal do globo ocular do hipermetrope é pequeno em relação ao poder refrativo do sistema de lentes do olho. Está presente em 71 milhões de brasileiros.
Vale ressaltar que a maioria das crianças nascem hipermetropes leves, pois possuem o eixo longitudinal do globo ocular proporcionalmente curto e aí chamamos de hipermetropia fisiológica. Conforme a criança vai crescendo, o globo ocular vai alongando e a maioria se torna emétrope entre 5-12 anos de idade (emetropinização fisiológica).
Os indivíduos que possuem hipermetropia, quando forçam a visão para perto, sentem sensação de peso e dor ocular, bem como cefaleia e até mesmo lacrimejamento com hiperemia conjuntival. Deve ser suspeitada naqueles que possuírem dificuldade de enxergar de perto e apresentarem sintomas astenópicos.
O tratamento da hipermetropia é a correção do erro de refração por meio de óculos, lentes de contato ou cirurgia refrativa corretiva. A lente prescrita deve ser convergente e convexa (positiva).
Então, pessoal, a melhor forma de cuidar da saúde dos olhos é prevenindo, fazendo o acompanhamento periódico com o oftalmologista ou na clínica da família e comunidade para que seja feito o encaminhamento ao especialista, caso seja necessário. Vale ressaltar que a saúde dos olhos é um espelho para doenças como a diabetes, sendo, portanto, imprescindível o cuidado.
Espero que tenham gostado e até a próxima!