Você já parou para refletir de onde surgiram os hospitais? Qual foi a demanda para a criação deles? Eles já surgiram dessa maneira que nós conhecemos ou eram muito diferentes? Quem gerenciava essas instituições? Qual o hospital mais antigo do Brasil? Essas e muitas outras perguntas serão respondidas nesse artigo sobre a História da Medicina.
A palavra hospital é de raiz latina e deriva de “Hospitalis”. Proveniente de hospes (hóspedes) – nessas casas que, futuramente, seriam os hospitais era comum receber peregrinos, pobres e enfermos. Hoje, a palavra hospital tem o mesmo sentido do grego nosocomium, que possui como significado tratar os enfermos.
O hospital tem origem em época muito anterior à era cristã, porém não há dúvidas que sua existência foi impulsionada pelo cristianismo.
O cirurgião Richard Selzer escreve: “Um hospital é apenas um edifício até que você ouça os cascos de ardósia dos sonhos galopando em seu telhado. Você ouve então e sabe que aqui não é uma mera pilha de pedra e madeira cortada com precisão, mas um espaço interno cheio de dor e alívio. Tal lugar convida a humanidade ao heroísmo.”.
Hoje, o termo hospital se refere a uma instituição que oferece assistência à saúde por meio de equipe e equipamentos especializados, custeados pelo setor público, empresas, instituições de caridade e outros meios. No entanto, nem sempre foi assim.
A HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DOS HOSPITAIS:
Documentos que remontam a 3000 anos a.C. comprovam o exercício da medicina entre os assíriobabilônicos. Mas não há comprovação alguma que indique onde essa prática era realizada e como era feito o atendimento.
Na Antiguidade, os hospitais eram como santuários e templos onde se exercia a medicina teúrgica, como centros de aconselhamento e de cura.
Inicialmente não havia um recanto próprio para pessoas enfermas. Geralmente os doentes eram agrupados junto com os miseráveis, órfãos e viajantes.
Os primeiros “hospitais” que temos informação foram construídos em 431 a.C., no Ceilão (atual Sri Lanka), pelo rei Pandukabhaya que ordenou a construção de casas “para internação”.
Aproximadamente dois séculos depois o imperador Asoka criou, na Índia, instituições especializadas para tratar doenças de forma semelhante aos hospitais de hoje, com a presença de médicos e enfermeiras.
Por volta de 100 a.C., na Europa, a introdução coube aos romanos, que ergueram locais chamados de valetudinária, a fim de cuidar dos soldados feridos em batalha. No entanto, foi apenas a partir do século IV, com o crescimento do cristianismo, que os hospitais se expandiram de forma mais evidente.
Comandados por sacerdotes e religiosos, os monastérios passaram a servir de refúgio e base para viajantes, peregrinos e doentes pobres. Esses lugares possuíam um infirmitorium, onde os pacientes eram tratados, uma farmácia e um jardim com plantas medicinais.
Esses modelos que serviram como inspiração para os hospitais modernos. Na Idade Média, as ordens religiosas continuaram sendo os líderes nas criações de hospitais.
O Cristianismo tornou esse cuidado mais humano, surgindo a ideia de ajuda aos necessitados e doentes. O decreto de Milão, de 313 d.C., instituído pelo imperador Constantino, e o Concílio de Nicéia, de 325 d.C., que estabelecia o atendimento compulsório aos carentes e enfermos, promoveram a motivação final para o desenvolvimento dos hospitais.
A criação e o desenvolvimento dos hospitais foram estimulados pelo aprimoramento do aprendizado da Medicina e pela evolução das reformas sanitárias. Um exemplo disso ainda na Idade Médica foi o Hospital do Cairo, em terras islâmicas, construído em 1283.
Nele havia enfermarias divididas para os pacientes com lesões, para os em recuperação, para mulheres, para os com problemas de visão, entre outros distúrbios. Um médico era responsável por administrar todo o complexo, e contava com a ajuda de outros profissionais, como os de enfermagem e auxiliares no atendimento.
Na Europa, entre o final do século XVII e início do século XIX, por impulso da Revolução Industrial inglesa, a burguesia crescia e colaborou, com novas aspirações socioeconômicas, para providências mais eficazes no campo da higiene e da saúde pública.
Neste contexto, surgiram os hospitais modernos. A partir desse momento, os doentes são distanciados de seus familiares e da sociedade e hospedados nessas construções.
QUAL FOI O PRIMEIRO HOSPITAL CRIADO NO BRASIL?
Nos dados que temos, há relatos de que o primeiro hospital do Brasil foi o Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Olinda, inaugurado em 1540 em conjunto com a Igreja de Nossa Senhora da Luz. Este hospital funcionou até 1630, quando a estrutura foi saqueada por holandeses e posteriormente incendiada.
E QUAL O HOSPITAL BRASILEIRO MAIS ANTIGO, AINDA EM ATIVIDADE?
Este é a Santa Casa de Misericórdia de Santos (inicialmente conhecido como Hospital de Todos os Santos), em São Paulo, existente desde 1543. No início, o atendimento não era feito por médicos (estes não existiam no Brasil e os médicos portugueses não estavam dispostos a vir para a colônia).
Os jesuítas se encarregavam por todos os atendimentos, trabalhando como médicos, famarcêuticos e enfermeiros.
Como curiosidade, o hospital funciona em outro local em relação ao original atualmente.
ALGUMAS OUTRAS CURIOSIDADES SOBRE O TEMA:
– Em tribos selvagens, como os antigos povos germânios, os doentes e fracos eram muitas vezes abandonados até a morte;
– Um dos primeiros lugares para cuidar de enfermos de que se tem registro oficial foi fundado na Irlanda, no ano de 300 a.C., pela Princesa Macha. Era chamado de “Broin Bearg” (casa de tristeza);
– No Egito e Grécia Antiga, os doentes eram submetidos a alguns tipos de medicações nos templos. Na Grécia, os pacientes recorriam ao templo de Esculápio, onde recebiam banhos térmicos, realizavam consultas a oráculos e passavam a noite na expectativa de receber alguma instrução divina por meio de algum sonho noturno.