O número de faculdades de medicina no Brasil e o número de vagas ofertadas sofreu um aumento extraordinário nos últimos anos, nem sempre acompanhado com a melhoria da qualidade do ensino. Contudo, mesmo com a transformação das faculdades, a inovação não acompanha essas transformações, na grande maioria das vezes, devido ao alto tradicionalismo do médico e das Instituições Médicas.
O surgimento do Movimento Empresa Júnior na Medicina mostra que os futuros médicos estão preocupados com a mudança do mercado e com sua formação relacionada à carreira médica. Faltam campos de prática e conhecimento em gestão. Essa é a principal barreira que prejudica o surgimento de novas iniciativas.
O estabelecimento do vínculo entre a Empresa Júnior (EJ) e a Instituição de Ensino Superior (IES) é essencial para a construção de uma base sólida e que promova o desenvolvimento de suas atividades e de seus membros.
Além disso, o reconhecimento da Instituição de Ensino Superior à EJ é obrigatório pelo Conceito Nacional de Empresa Júnior – CNEJ. Mesmo podendo ser um reconhecimento da Universidade na totalidade, através da figura do reitor, e não da Faculdade de Medicina (coordenadores e diretores), a boa relação institucional é muito importante, afinal, a maioria é formada por médicos, potenciais clientes e propagadores do serviço da Empresa Júnior.
A Brasil Júnior – Confederação Brasileira de Empresas Juniores, organização que representa o Movimento Empresa Júnior – MEJ em âmbito nacional, reconhece que a base da expansão ordenada e sustentável deste movimento encontra-se, também, no relacionamento saudável entre a EJ e a IES em que está vinculada.
Para ajudar a demonstrar a importância desse laço mais íntimo entre a Empresa Júnior de Medicina e a IES, a Coordenadoria de Regulamentação da Brasil Júnior demonstrar a importância do estabelecimento deste vínculo tanto para a EJ quanto para a IES de modo a elucidar e orientar todo empresário júnior que almeja desenvolver relacionamento com as instituições.
AMPARO LEGAL DA EMPRESA JÚNIOR DE MEDICINA
As empresas juniores – segundo a Lei das Empresas Juniores, Lei Nº 13.267, de 6 de Abril de 2016 são “entidades organizadas sob a forma de associações civis geridas por estudantes matriculados em cursos de graduação de instituições de ensino superior com o propósito de realizar projetos e serviços que contribuam para o desenvolvimento acadêmico e profissional dos associados, capacitando-os para o mercado de trabalho”.
Tendo as empresas juniores fins educacionais, que propiciem ao estudante a vivência do mercado de trabalho para a preparação para sua vida profissional (art. 5º, caput), as EJs podem ser vistas como a materialização da Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/1996, uma vez que objetivam o pleno desenvolvimento do graduando, a sua preparação para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho (art. 2º, Lei 9.394/1996).
Outrossim, as empresas juniores também permitem que os jovens estudantes contribuam para o desenvolvimento da sociedade brasileira e prestem serviços à comunidade, de forma a construir uma relação de reciprocidade (art. 43, Lei 9.394/1996).
Por fim, pode-se dizer que a empresa júnior funciona como ferramenta capaz de auxiliar os entes federativos no alcance de um importantíssimo direito social: a educação (art. 6º, Constituição Federal de 1988). Os empresários juniores, por meio da prestação de serviços em nome da sua EJ, estarão colocando em prática aquilo que aprenderam em sala de aula e se tornarão mais preparados para enfrentar o mercado de trabalho, ao final da graduação.
Fonte: Brasil Júnior – Confederação Brasileira de Empresas Juniores
EMPRESA JÚNIOR DE MEDICINA NO CONTEXTO ACADÊMICO E PEDAGÓGICO
A vivência empreendedora proporciona aos estudantes de medicina poderem conhecer a prática de mercado, voltada a gestão em saúde, um dos pilares do ensino da medicina, baseado nas Diretrizes Curriculares Nacionais de Graduação em Medicina. O ensino da medicina se baseia em 3 grandes pilares:
- A Atenção à Saúde;
- A Educação em Saúde e;
- A Gestão em Saúde.
Dessa forma, por meio da Atenção à Saúde, os médicos recém-formados são capazes de promover uma assistência médica integral, como médicos generalistas, capazes de atender a grande maioria dos agravos em saúde, pelo seu ensino que passa por todas as grandes áreas da medicina, com aprendizado técnico e prático generalista.
Já a educação em saúde diz respeito à capacidade de promoção da saúde e prevenção de agravos, de modo a diminuir os casos de adoecimento e ampliar as condições de saúde da população na ausência da doença. O último pilar, tão importante quanto, mas o mais negligenciado pelas Escolas Médicas, a Gestão em Saúde, diz respeito à forma que o médico gerencia os gastos em saúde da população, proporcionando um atendimento médico que impacte toda a população nos mais diversos níveis de atenção, garantindo o princípio constitucional da saúde como direito de todos.
Esse último pilar é muito pouco trabalhado na teoria, e menos ainda, na prática. De acordo com Federação de Empresas Juniores de Minas Gerais – FEJEMG, como empresários juniores, os acadêmicos desenvolvem diversas características – criatividade, iniciativa, determinação, proatividade, liderança, profissionalismo e capacidade de tomada de decisões dinâmicas – as quais são de extrema importância para a formação profissional de todo acadêmico, entretanto, muitas vezes não são exploradas em sala de aula.
Sendo assim, é visível a contribuição do Movimento Empresa Júnior na formação médica, já introduz os jovens médicos no mercado de trabalho, antes da formatura e mostram a importância da gestão na formação de um médico generalista completo, permitindo a consolidação e aplicação do conhecimento adquirido a um nível acadêmico, além de gerar um impacto muito positivo na sociedade, à medida que torna as atividades de consultorias acessíveis às empresas de menor porte, tornando-as mais sólidas e competitivas no mercado.
EMPRESA JÚNIOR COMO MATERIALIZAÇÃO DO TRIPÉ UNIVERSITÁRIO
De acordo com a Brasil Júnior, “a empresa júnior aborda ensino, pesquisa e extensão, contemplando de uma só vez o tripé do ensino universitário de forma indissociável, assim como estabelecido no art. 207 da Constituição Federal.
Primeiramente, pode-se dizer que aspecto ensino é atendido, uma vez que as atividades exercidas na EJ são monitoradas e orientadas por docentes da instituição, os quais estabelecem com os empresários juniores uma relação contínua de teoria e prática. Os professores orientadores auxiliam os acadêmicos no planejamento, organização e definição das atividades, além de monitorar a elaboração, execução e avaliação de projetos, realizados através de consultorias e assessorias para as diferentes organizações clientes da EJ.
A pesquisa também é vivenciada no dia-a-dia dos empresários juniores, uma vez que, tanto para a organização técnica como administrativa, os alunos deverão pesquisar, comparar, quais elementos e características a Empresa Júnior necessitará para sua constituição e desenvolvimento, além das pesquisas necessárias para a execução de seus projetos.
Por fim, o aspecto da extensão também é observado, uma vez que as empresas juniores não possuem fins lucrativos e por ter como missão servir a comunidade e propiciar a construção de um País melhor.
Desta forma, pode-se dizer que as empresas juniores possuem um papel importante na formação acadêmica, pessoal, social e profissional, uma vez que pode proporcionar aprendizados que não são abordados em sala de aula, dada a deficiência existente na educação no Brasil.”
Fonte: Brasil Júnior – Confederação Brasileira de Empresas Juniores
BENEFÍCIOS DA REGULAMENTAÇÃO DAS EMPRESAS JUNIORES FRENTE ÀS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
A criação e a manutenção de Empresas Juniores dentro da IES traz muitos benefícios para ambos os lados, já que os alunos se beneficiam pela prática empreendedora e experiência de mercado e a Instituição devido à melhor formação de seus alunos, mais completa, e à própria imagem externa que seus alunos proporcionam à Instituição, levando para o mercado cases de sucesso de suas carreiras ou até mesmo da própria Empresa Júnior. Atualmente, Presidentes de grandes empresas são pós-juniores, levando ao mercado o conhecimento que adquiriram durante a formação acadêmica graças ao Movimento Empresa Júnior. Todas Empresas Juniores federadas, juntas, faturaram um total de 23 milhões de reais em 2019, juntando-se o faturamento das mais de 900 Empresas Juniores e mais de 22 mil empresários juniores, de todos os estados brasileiros. Pensa só no quanto os empresários juniores movimentaram a economia brasileira!
Além disso, o laço entre a IES e a EJ proporciona uma maior segurança jurídica às partes, tendo em vista a previsibilidade e estabilidade do relacionamento, preferencialmente previsto em convênios, portarias, resoluções, de acordo com a FEJEMG.
Desta forma, a Brasil Júnior, listou alguns dos benefícios observados em experiências vivenciadas por algumas EJs e suas IES:
- A partir do estabelecimento do vínculo entre EJ e IES, em um documento que formalize esta relação, a IES conceitua a empresa júnior de acordo com o Conceito Nacional de Empresa Júnior e passa a exigir da mesma requisitos mínimos para o seu funcionamento, o que contribui para que a EJ fique sempre atenta aos padrões que deve observar;
- Os laços entre IES e EJ propiciam a divulgação do Movimento Empresa Júnior dentro do meio acadêmico e fortalece a imagem da EJ diante da sociedade;
- As atividades desenvolvidas pelos empresários juniores são reconhecidas como atividades complementares do curso em que o aluno está se graduando;
- Os professores orientadores podem contabilizar os trabalhos junto à empresa júnior como atividade complementar;
- Através de documento que formalize este vínculo, a empresa júnior fica assegurada de uma gestão autônoma em relação à Universidade ou qualquer outra entidade estudantil;
- São estruturados requisitos básicos para apresentação de um projeto de criação de uma empresa júnior;
- Através da descrição da forma com a qual a EJ deverá buscar alcançar seus objetivos, promove-se a ética no exercício da atividade da empresa júnior;
- Podem-se fixar hipóteses de desqualificação da empresa júnior como tal, caso se desvie de suas diretrizes e das funções de uma empresa júnior;
- Cabimento de processo disciplinar no caso de irregularidade praticada por aluno membro de uma empresa júnior, no exercício das atividades da mesma;
- Estabelece-se previsão de responsabilização de cunho civil, penal e administrativo aos membros efetivos das EJs, oriunda do exercício irregular das suas atividades.
5) RELACIONAMENTO INSTITUCIONAL
Como foi dito neste e em outros artigos sobre o Movimento Empresa Júnior, todas as Empresas Juniores, de acordo com a Lei das Empresas Juniores, devem estar vinculadas a uma Instituição de Ensino Superior, e reconhecidas por ela, e o aluno membro da EJ deve ser aluno de graduação da Instituição. Diante desta exigência, faz-se necessário o estabelecimento de laços da EJ com a Universidade e com a Faculdade.
Contudo, esse vínculo tem caráter apenas pedagógico, através da orientação dos professores coordenadores, não existindo um número máximo de professores coordenadores. Dessa forma, não existe nenhum vínculo jurídico de cunho cível, trabalhista, tributário, consumerista e quaisquer outros que possam causar lesão ao patrimônio da IES.
Ou seja, ainda que estabelecido o vínculo pedagógico, a IES estará isenta de quaisquer dívidas ou pendências neste sentido. Da mesma forma, nem a IES, nem os Órgãos Reguladores da profissão, como os Conselhos de Medicina, têm poder decisório nos projetos exercidos pela Empresa Júnior, embora descumprimentos do Código de Ética Médica ou o Código de Ética dos Estudantes de Medicina são passíveis de punições e restrições.
Mesmo sem o poder regulatório, o estreitamento dos laços entre a EJ e a Reitoria da IES, a coordenação e a diretoria é muito importante, uma vez que precisarão do auxílio de professores orientadores para a realização de seus projetos – e sem contar que é muito mais confortável para o funcionamento da empresa estarem inseridos dentro de uma Instituição que os apoiem e reconheçam.
Além disso, a Brasil Júnior salienta que a relação com o Diretório ou Centro Acadêmico da Faculdade também é de grande importância para o desenvolvimento saudável da EJ, uma vez que esta é formada pelos alunos, representados por este Diretório.
Assim, sendo a experiência como empresário júnior imensamente enriquecedora para a formação profissional dos acadêmicos, é extremamente relevante a proximidade entre o agente representante dos graduandos e a EJ, para fins de bom relacionamento político, tendo em vista que, por vezes, somente as entidades estudantis representativas têm poder de voz e voto nos Conselhos Acadêmicos, representando, portanto, os empresários juniores daquela Instituição.
6) UNIÃO DO MOVIMENTO EMPRESA JÚNIOR
Existem hoje pouco mais de dez Empresas Juniores de Medicina e iniciativas de fundação em todo o Brasil, no meio de mais de 340 Faculdades de Medicina. Esse número é muito baixo, proporcionalmente. Dessa forma, é importantíssimo ressaltar que a união entre EJs de Medicina é uma estratégia extremamente saudável, mesmo quando ambas se situam em uma mesma cidade, como é o caso de Juiz de Fora, em Minas Gerais, que tem a presença de duas Empresas Juniores de Medicina, em uma mesma cidade.
A concorrência saudável estimula o crescimento, impulsionando as práticas de mercado e tornando o produto mais aperfeiçoado, devido à pressão para se igualar ao concorrente. Além disso, dentro da medicina, o mercado é gigantesco, para o número de empresas que oferecem esse tipo de serviço, de consultoria em gestão em saúde.
Diferente da medicina, o MEJ é muito mais disseminado em outros cursos, que tem uma prática maior em gestão e até mesmo dentro do próprio Movimento. Dessa forma, o benchmarking é uma prática que deve ser amplamente estimulada entre as Empresas Juniores de Medicina para impulsionar seu crescimento e o impacto dessas iniciativas no ensino da medicina.
Parabéns pelo blog, conteúdo muito bom, completo e de fácil compreensão. Vou recomendar, com toda certeza aos meus clientes!
Att,
Robert Pardim / Central da Grama
https://centraldagrama.com/grama-esmeralda
Obrigado, Robert! Ficamos muito felizes que você gostou. Recomenda sim e continue nos acompanhando!