A gravidez é considerada uma das fases mais significativas na vida de uma mulher. Nesse período, ocorrem profundas mudanças no corpo e mente feminina, uma mistura de medo e expectativa acerca de como será a nova vida com a vinda do bebê. De fato, um momento delicado e que requer um cuidado especial. Nesse momento, ela possui um grande aliado, o Obstetra.
12 de abril ficou conhecido como o Dia do Obstetra, profissional de grande relevância, responsável pelo cuidado e atenção integral à saúde da mulher e do bebê durante a gestação, parto e puerpério, justificando, então, a origem do latim da palavra Obstetrícia, que vem do verbo obstare, cujo significado é “ficar ao lado”.
Para atuar nessa área da medicina são necessários três anos de residência na área de Ginecologia e Obstetrícia e, após concluídos, o especialista pode optar por realizar o exame aplicado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) com o intuito de adquirir o título de Ginecologista e Obstetra.
Apesar de ser bem visto, o título não é obrigatório para quem fez residência. Lembrando que o médico pode optar por seguir somente a carreira obstétrica, ficar restrito à ginecológica, bem como atuar em ambas.
Entre as competências desse profissional – falando de forma exclusiva do Obstetra-, encontra-se a realização de partos, tanto vaginal quanto cesárea, acompanhamento através das consultas de pré-natal, realização de procedimentos cirúrgicos de intervenção imediata caso haja intercorrências tanto com a mãe quanto com o feto e o tratamento das diversas doenças relacionadas à gravidez.
Dentre as emergências e urgências mais citadas existem três grandes grupos e suas causas principais: infecciosas (abortamento infectado e infecção puerperal), hipertensão arterial (eclâmpsia e síndrome HELLP) e hemorragias (placenta prévia, descolamento prematuro da placenta e rotura uterina).
Essa especialidade requer maior disponibilidade de tempo do médico quando comparada a outros especialistas, como médico da família e comunidade, que geralmente possui horários fixos de trabalho. O Obstetra está sujeito a horários incertos, relacionados com trabalho de parto e percalços na gestação de suas pacientes.
Quando pensamos em cuidado integral algo que vem à cabeça, é bastante importante e faz parte da rotina do médico Obstetra é o pré-natal. As consultas devem começar tão logo a mulher deseje engravidar e são nelas que a futura gestante vai tirar suas dúvidas e verificar se tem alguma doença prévia que possa oferecer risco à sua saúde e do bebê.
São preconizadas no mínimo seis consultas pré-natais ao longo da gravidez (uma no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro), mas o que se espera é que sejam feitas mensalmente até o sétimo mês de gestação, depois quinzenalmente e mais próximo do parto, após o oitavo mês, semanalmente.
Toda consulta de pré-natal deve conter anamnese e exame físicos adequados, sendo que é necessário em todas as consultas medirem peso, pressão arterial, avaliar movimentos fetais, altura do fundo uterino e auscultar batimentos cardíacos fetais (BCF).
Na primeira, deve-se sempre avaliar o exame físico completo. A partir do segundo trimestre, a posição fetal é avaliada com as manobras de Leopold-Zweifel, composta por quatro tempos.
Pode ser dividido em dois tipos: acompanhamento de baixo (porque não existe risco zero na gravidez) ou de alto risco. O pré-natal de alto risco se refere ao cuidado com uma gestante que possui doença prévia ou durante a gravidez, que sugira risco.
Existem três condições: aquelas com doenças crônicas já previamente existentes, as que tiveram gestação anterior com grande risco e as que identificam uma condição ou doença durante a gestação, que pode trazer sérias consequências para mãe e o bebê.
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), deve ser solicitado exame de sangue para controle da glicemia, afastando riscos de Diabetes gestacional, bem como para a verificação de doenças infectocontagiosas, como Sífilis, Toxoplasmose, Hepatite B e C, Rubéola e HIV.
Essas doenças devem ser observadas, pois, podem trazer sequelas para o bebê. Além disso, o médico avalia, também, as vacinas que tem que ser feitas para esse grupo, como a contra o vírus Influenza, que tem campanha nacional na rede pública e, claro, a avaliação das doenças pré-existentes e aquelas que gestante está em maior risco.
Os tipos de partos realizados pelo médico Obstetra são: parto vaginal e parto cirúrgico, chamado popularmente de cesárea. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece em até 15% a proporção recomendada para realização de cesáreas, porém no Brasil este percentual chega a 55%, ficando atrás apenas da República Dominicana. Entre os estados com maiores percentuais estão: Goiás (67%), Espírito Santo (67%) e Rondônia (66%).
Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), no Brasil, o índice de morte materna em casos não-complicados é de 20,6 a cada 1000 Cesáreas, enquanto 1,73 mortes para cada 1000 nascimentos de parto vaginal, evidenciando uma grande discrepância, mas é claro que esse dado deve ser analisado com cuidado, porque muitas indicações de cesarianas ocorrem justamente pelo maior risco materno.
Quando falamos de parto, pode vir à cabeça de muitos algo que está bem evidência, que é o “parto humanizado”, denominado ‘’ assistência ao nascimento baseado em evidências e no respeito”, segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
As pesquisas médicas vêm mostrando que é possível sim fornecer uma assistência médica menos intervencionista, mais respeitosa e individual, preservando a segurança para a gestante e seu filho. Portanto, considerado algo promissor.
O cotidiano do Obstetra é marcado por consultas, orientações, partos e acompanhamentos. Ainda que os partos não sigam uma hora definida para acontecer, é possível que os profissionais dessa área, de certa forma, possuam uma rotina. Podem atuar tanto no setor público, como no setor privado.
Os locais mais comuns são os hospitais, maternidades, clínicas e, até mesmo, domicílio, sendo que alguns atuam em unidades básicas de saúde ou optam por realizar plantões. Além disso, podem trabalhar em centros de reprodução assistida e Organizações não governamentais (ONG’s).
Outra alternativa é seguir a carreira acadêmica como professor universitário ou se dedicar às pesquisas científicas, mas é necessário ir além da graduação em medicina e fazer mestrado e doutorado.
A remuneração do especialista varia de acordo com o tempo de experiência e o porte do empreendimento onde o Obstetra trabalha, segundo o Banco Nacional de Empregos (BNE). De acordo com a Pesquisa Salarial e de Benefícios Online da Catho, o salário médio é de R$ 8.964,00.
De uma forma geral, a obstetrícia é uma das especialidades mais escolhidas pelos recém-formados, compõe cerca de 8% do total de médicos.
O serviço público absorve mais da metade desses profissionais em atividade no país, cerca de 55,5%, de acordo com os dados da pesquisa Demográfica Médica no Brasil realizada pelo Conselho Federal de Medicina.
Embora seja concorrido, a grande maioria dos médicos obstetras encontra oportunidades de trabalho sem grandes dificuldades.
Um feliz dia a esses grandes profissionais! Até a próxima, pessoal.