Características Gerais
Os papilomavírus são vírus pequenos, de ácido nucléico DNA, não envelopados, pertencentes à família Papilomaviridae. Compreendem um grande grupo que infecta os mais variados hospedeiros: humanos, macacos, bovinos, aves, peixes e outros animais vertebrados.
São específicos para cada espécie animal. Os que afetam o homem são chamados de Papilomavírus Humanos, o famoso HPV. Existem mais de 150 tipos conhecidos de HPV, que são designados por números. Vamos conhecê-los mais um pouco…
Patogenia
Os HPV’s infectam o epitélio escamoso da pele ou das mucosas, estimulando o crescimento celular local. Dessa maneira, provoca espessamento das células da camada basal e da camada espinhosa, além do acúmulo de queratina (por isso, a denominação de Papiloma = verruga).
Surgem, então, geralmente após 3 a 4 meses, as verrugas, com diferentes formas e localizações, dependendo do tipo de vírus e do local da infecção.
Alguns desses tipos de HPV (16, 18) são capazes de incorporar seu DNA ao DNA da célula hospedeira, adquirindo potencial oncogênico. Esses dois tipos codificam proteínas oncogênicas, uma vez que se ligam e inativam proteínas supressoras do crescimento celular – possuem caráter tumoral.
Na ausência dessas proteínas inibidoras, as células ficam mais sujeitas a mutações, aberrações cromossômicas e à ação de fatores externos, podendo tornar-se células neoplásicas.
Transmissão
Os HPV estão presentes na superfície de lesões e também resiste por longo tempo fora do hospedeiro, podendo estar presente em fômites (qualquer objeto inanimado ou substância capaz de absorver, reter e transportar organismos contagiantes ou infecciosos de um indivíduo a outro) e superfícies.
A eliminação assintomática dos vírus é de provável ocorrência.
Eles penetram por lesão de pele (mesmo microscópica) ou por mucosas. Podendo ser transmitidos por: contato direto, contato sexual ou durante a passagem pelo canal de parto infectado.
Síndromes Clínicas
- Verruga: proliferação benigna da pele, com período de incubação de 3 a 4 meses, autolimitada (desaparecem espontaneamente). A imunidade celular parece ter papel importante na regressão do quadro. Geralmente, causada pelos tipos HPV 1 a HPV 4;
- Verrugas anogenitais (Condiloma Acuminado): infecção do epitélio escamoso da genitália externa ou áreas perianais. Normalmente, causada pelos tipos HPV 6 ou HPV 11 – Infecção Sexualmente Transmissível (IST);
- Tumores benignos: tumores epiteliais benignos da cavidade oral, laringe ou conjuntiva, geralmente causados pelos HPV 6 ou HPV 11. Papilomatose laríngea pode provocar obstrução das vias aéreas, em crianças (hora do parto);
- Neoplasia cervical: infecção do trato genital feminino mais frequentemente pelos tipos 16 ou 18 pode levar ao desenvolvimento de câncer de colo de útero (cerca de 70%) em todo o mundo. Identificados, existem 12 tipos de HPV considerados de alto risco: 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59, que têm maiores chances de persistirem e estarem associados a lesões pré-cancerígenas. Em cerca de 90% dos casos de câncer, é encontrado DNA do HPV incorporado ao genoma da célula hospedeira.
Diagnóstico
- Essencialmente, Clínico;
- Esfregaços cervicais corados pelo método Papanicolau (busca de células anormais);
- Uso de sondas genéticas ou PCR para confirmação ou não do HPV (biologia molecular);
Prevenção
- Vacinação
– Vacina tetravalente (contemplando os sorotipos mais frequentes: 6,11, 16 e 18);
– Vacina bivalente (sorotipos 16 e 18);
– Produção por engenharia genética;
– Atualmente, é preconizado o esquema em 2 doses para estar complemente protegido, sendo disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde do Brasil, desde 2014. Após 6 meses da 1ª dose, se faz a 2ª dose. No entanto, para pacientes HIV positivos, deve-se realizar o esquema em 3 doses: 0, 2 e 6 meses;
– O ideal é realizar a vacinação antes do início da atividade sexual. As faixas etárias determinadas pelo Ministério da Saúde do Brasil são: Meninas (9 a 14 anos) e Meninos (11 a 14 anos). No caso de portadores do vírus HIV (tanto homens quanto mulheres), a faixa etária é mais ampla: dos 9 aos 26 anos.
Tratamento geral
Não há um tratamento específico para eliminação dos papilomavírus humanos, mas sim para eliminar as verrugas.
O objetivo terapêutico é iniciar uma resposta imune através da inflamação da lesão:
– São utilizados irritantes locais, como ácido salicílico, ácido láctico, podofilina, cantaridina entre outros;
– Métodos destrutivos: cauterização química com ácido tricloroacético (ATA), eletrocoagulação e criocirurgia com nitrogênio líquido;
– Imunomodulador local: Imiquimode – aumenta a resposta celular contra o vírus, gerando uma melhora da lesão, sobretudo nos casos de infecções genitais em que os métodos destrutivos são muito agressivos;
– Devido ao risco de disseminação com o sangramento, são contraindicadas excisão e sutura das verrugas.
Bons estudos e até o próximo artigo!