Introdução
Ter um bebê pode ser estressante, o que não tem relação com amar mais ou menos o filho. Isso porque ao nascer, um bebê gera inúmeras responsabilidades novas para os seus responsáveis, bem como diversas alterações de rotina e de estrutura do domicílio. Nesse sentido, uma vez que as mães frequentemente possuem diversas atribuições novas devido ao fato de terem um ser mais “frágil” sob sua tutela, não é incomum que essas sejam acometidas por uma sensação de falta de tempo para si mesmas, e, de maneira associada, apresentem grande instabilidade emocional. Resumindo: a depressão pós-parto.
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Como isso acontece?
Em geral, a mãe que dará a luz permanece durante todo o período de gestação ansiosa pelo nascimento de seu bebê. Ansiosa, é normal que a mãe idealize, ainda durante a gestação, aquele esperado momento em que estará comemorando a chegada do seu pequeno com seus amigos e familiares.
No entanto, nem tudo pode ocorrer como esperado e, no tão aguardado dia do nascimento, a mãe pode não sentir toda essa motivação para celebrar. Pelo contrário, ela pode ser tomada por uma sensação de “desespero”, sentir vontade de chorar e até mesmo ter a tendência de buscar o isolamento.
Você pode não saber disso, mas essas situações em que a alegria e excitação idealizadas, dão lugar ao sentimento de ansiedade e ao choro, são comuns nas mães de primeira viagem. Isso mesmo: a depressão moderada ou ansiedade e mudanças de humor são extremamente presentes.
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O baby blues
A maioria das mulheres experimenta pelo menos alguns sintomas do baby blues imediatamente após o parto. Acredita- se que tal sentimento seja precipitado pela súbita mudança nos hormônios após o parto, somado a fatores como o estresse, o isolamento, a privação de sono e a fadiga. Em geral, devido a isso, as mães podem ser levadas mais facilmente ao choro, podendo se sentir, por vezes, oprimidas e emocionalmente frágeis.
Como ocorre a evolução do quadro?
Geralmente o baby blues tem início ainda nos primeiros dois dias após o parto, atinge o pico em torno de uma semana e diminui até o final da segunda semana pós-parto. No entanto, nem sempre a evolução do quadro ocorre dessa forma…
Nesse caso, devemos ter a consciência de que os baby blues, com evolução auto- limitada, são perfeitamente normais. Por outro lado, quando os sintomas não desaparecerem depois de algumas semanas ou acabam se agravando, deve- se atentar para a possibilidade de a mãe em questão estar sendo acometida pela depressão pós-parto.
Afinal, como identificar se o quadro é compatível com o baby blues ou depressão pós-parto?
Vamos ver quais são os sinais e sintomas da depressão pós-parto?
Em geral, inicialmente a depressão pós-parto pode ser semelhante ao baby blues habitual. De fato, a depressão pós-parto e o baby blues compartilham muitos sintomas, incluindo mudanças de humor, choro, tristeza, insônia e irritabilidade. Apesar disso, a diferença é que, no caso da depressão pós-parto, os sintomas são mais graves, podendo incluir, em casos extremos, pensamentos suicidas e incapacidade de cuidar do recém-nascido. Além disso, os quadros tendem a ser mais duradouros e persistentes, sendo muito comum que a mãe sinta- se afastada do parceiro ou não consiga estabelecer uma relação agradável com o próprio bebê.
Dentre os sintomas, detecta- se com uma ansiedade fora de controle, a qual pode impedí-la de dormir, ou ainda, que dificulte que a mãe tenha refeições adequadas. Além disso, também é comum que mães sejam sufocadas por sentimentos de culpa ou inutilidade esmagadora ou comecem a desenvolver pensamentos preocupados com a morte. No caso de mães apresentando tais características, deve- se alertar para uma possível depressão pós- parto.
As possíveis causas de depressão pós-parto
Não há uma razão única pela qual algumas mães novas desenvolvam depressão pós-parto e outras não, mas acredita-se que várias causas inter- relacionadas e fatores de risco contribuam para o problema. Dentre essas causas, podem ser mencionadas:
- Alterações hormonais. Após o parto, as mulheres experimentam uma grande queda nos níveis dos hormônios estrogênio e progesterona. Nesse cenário, também pode haver diminuição dos níveis de hormônios tireoidianos, o que leva à fadiga e depressão. Essas rápidas mudanças hormonais, juntamente com as mudanças na pressão arterial sistêmica, no funcionamento do sistema imunológico e no metabolismo que as novas mães experimentam , podem desencadear a depressão pós-parto.
- Mudanças físicas. As modificações no corpo feminino que ocorrem devido à gestação podem desencadear, além de alterações físicas, grande impacto emocional. Muitas mães vivem em um conflito diário com o próprio corpo, o que ocorre principalmente quando há dificuldade de perder o peso adquirido durante a gestação. Dessa forma, não é incomum que essas mulheres sejam acometidas por um sentimento de insegurança em relação a atração física e sexual.
- Estresse. O estresse de cuidar de um recém- nascido também pode ser um desencadeante da depressão pós- parto.
Quais são os fatores de risco para depressão pós-parto?
Diversos fatores podem predispor à depressão pós-parto e o mais significativo é a história de depressão pós-parto, já que um episódio anterior pode aumentar as chances de haver um novo episódio para 30-50%. Uma história de depressão não relacionada à gravidez ou história familiar de transtornos do humor também é um fator de risco. Outros incluem estresses sociais, como falta de apoio emocional, relacionamento abusivo e incerteza financeira.
E a psicose pós- parto? Qual é a diferença entre ela e a depressão pós-parto?
A psicose pós parto: sinais e sintomas
A psicose pós-parto é um distúrbio raro, mas extremamente grave, que pode se desenvolver após o parto, caracterizado pela perda de contato com a realidade. O quadro de psicose pós-parto se desenvolve, na maioria das vezes, de forma abrupta, o que geralmente ocorre dentro das primeiras duas semanas após o parto, e às vezes dentro de 48 horas. Os sintomas incluem alucinações, delírios, extrema agitação e ansiedade, pensamentos ou ações suicidas, confusão e desorientação, mudanças rápidas de humor, incapacidade ou recusa em comer ou dormir, bem como pensamentos relacionados a atitudes que visam a prejudicar ou matar o próprio bebê.
Tratamento para depressão pós-parto
Algumas mães conseguem superar o quadro apenas com auto-ajuda, somado ao apoio do parceiro e da família. No entanto, caso não seja o suficiente, pode ser que essa mãe tenha a necessidade de auxílio de profissionais de saúde. Nesses casos, a busca pelo profissional não deve ser postergada ou preterida, já que a depressão pós-parto pode levar a consequências extremamente danosas tanto para a mãe, quanto para o companheiro e o bebê, impactando em toda a estrutura familiar. Nesse sentido, dentre os tipos de tratamentos possíveis, devem ser mencionados:
Terapia individual ou aconselhamento matrimonial– Nesse caso, o terapeuta pode ajudar a mãe a lidar com os ajustes da maternidade. Além disso, caso ela esteja passando por dificuldades com o parceiro, o aconselhamento matrimonial pode ser muito benéfico.
Antidepressivos – Para casos de depressão pós-parto com comprometimento ds funções diárias e da relação com o bebê mais intensos, os antidepressivos podem ser uma opção. No entanto, tal estratégia mostrou-se mais eficaz quando acompanhada de psicoterapia.
Terapia hormonal – Terapia de reposição de estrogênio, por vezes, ajuda com depressão pós-parto. O estrogênio é frequentemente usado em combinação com um antidepressivo. No entanto, deve- se avaliar os prós e os contras da reposição junto ao médico responsável.
Em relação às mães: será que existem estratégias para ajudá- las a lidar com essa situação? Claro! Existem inúmeras estratégias possíveis. Vamos falar um pouco sobre elas.
Dicas para a mãe: como lidar com a ponta da depressão pós-parto
1: Crie uma ligação afetiva segura com o seu bebê
O processo de ligação emocional entre mãe e filho, conhecido como apego pode ser considerado uma das tarefas mais relevantes da infância. O sucesso desse relacionamento permite que a criança sinta- se segura o suficiente para se desenvolver completamente e afeta a maneira com a qual ela interage, comunica- se e forma relacionamentos ao longo da vida.
No entanto, a depressão pós-parto pode interromper essa ligação. As mães deprimidas podem, em alguns momentos reagir negativamente ou não reagir de maneira alguma a uma manifestação do bebê. Mães com depressão pós- parto tendem a interagir menos com seus bebês e são menos propensas a amamentar, brincar e ler para seus filhos e também podem ser inconsistentes na forma como cuidam de seus recém-nascidos. Portanto, deve- se investir na tentativa de estabelecer uma relação saudável entre mãe e recém- nascido, visto que esse apego mostra- se uma estratégia que auxilia bastante na recuperação do quadro depressivo materno e que melhora muito a qualidade de vida dessas mães.
Dica 2: busque ajuda e suporte
No mundo de hoje, as novas mães muitas vezes estão sozinhas, sentem- se exaustas e solitárias. Assim, para contornar a situação, deve- se tentar restabelecer o contato adulto de apoio, o que pode ser feito por meio do compartilhamento dos sentimentos e dos problemas com entes queridos, com o objetivo de buscar apoio e de evitar a solidão.
Outra estratégia é tentar conversar com quem já passou pela mesma situação. Mesmo que a pessoa acometida pela depressão pós- parto tenha amigos que a apoiam, ela deve considerar procurar outras mulheres que estejam lidando com a mesma transição para a maternidade. Isso porque é bastante reconfortante ouvir que outras mães compartilham as mesmas preocupações, inseguranças e sentimentos.
Dica 3: cuide-se
Cuidar de si mesmo. Quanto mais a mãe se importa com o próprio bem- estar mental e físico, melhor ela tende a se sentir ao longo do tempo.
Dica 4. Volte a praticar exercícios
Estudos mostram que a atividade física pode ser tão eficaz quanto a medicação quando se trata do tratamento da depressão. Não há necessidade de exagerar: uma caminhada de 30 minutos por dia já pode dar resultados muito significativos. Além disso, exercícios de alongamento, como os encontrados na ioga, mostraram-se especialmente eficazes.
Dica 5. Pratique a meditação da atenção plena
Diversas pesquisas demonstram a eficácia da atenção plena. A mãe se sente mais calma e menos deprimida.
Dica 6. Não prive suas horas de sono
Dormir durante a quantidade de tempo diária adequada pode parecer um luxo inatingível quando se está lidando com um recém-nascido; porém, temos que ter em mente que a má qualidade do sono piora consideravelmente a depressão. Por isso, essas mães devem ser incentivadas a descansar. Para isso, ela deve buscar a ajuda de seu parceiro e/ou de membros da família para que tenha seu tempo de descanso adequado disponível.
Dica 7. Faça das refeições uma prioridade
É importante atentarmos para a alimentação, já que quando se está deprimido, a tendência é a de que haja comprometimento do aporte nutricional.
Dica 8. Reserve tempo para o relacionamento com o seu parceiro
Para muitos homens e mulheres, o relacionamento com o parceiro é sua principal fonte de expressão emocional e de conexão. No entanto, as demandas e as necessidades de um novo bebê podem atrapalhar e alterar agudamente esse relacionamento. Portanto, é importante que os casais dediquem algum tempo, energia e pensamento com o objetivo de preservar o seu vínculo.
E o parceiro. Como essa mãe pode ser ajudada?
A melhor atitude que um parceiro pode manifestar é a de apoio. As estratégias mais eficazes consistem no oferecimento de suporte tanto na divisão de tarefas, quanto auxílio para a resolução das inseguranças femininas e da instabilidade emocional. Muitas vezes o que essa mãe mais precisa é de um ouvido atento, de paciência e de muita compreensão de quem está ao seu lado.
Por isso, o ideal é que o parceiro tente incentivar essa mãe a falar sobre os próprios sentimentos. Que esteja disposto a ouví-la sem julgá-la ou oferecer soluções; nesse caso, não é adequado tentar a todo custo consertar os problemas, mas simplesmente servir de apoio para ela.
O parceiro também tem o papel de incentivar a mulher a “se permitir” fazer pausas e relaxar. A depressão afeta o desejo sexual, o que faz com que a mulher demore um pouco para querer ter relações íntimas novamente.
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muito eficaz , adorei