E na anatomia dos membros inferiores, você se garante?
Neste artigo, falaremos sobre a anatomia dos membros inferiores, especificamente os músculos do quadril, cuja estrutura é capaz de viabilizar importantes movimentos e com certeza será cobrado em algum momento da faculdade.
O membro inferior possui 6 regiões: glútea; femoral ou da coxa; do joelho; crural, que inclui toda a perna; talocrural ou do tornozelo; e do pé. Precisamente sobre os músculos do quadril, eles correspondem à região de transmissão do peso do esqueleto axial para os membros inferiores. São, devido a isso, músculos potentes.
A articulação do quadril é aquela entre a cabeça do fêmur e o acetábulo. É uma articulação mais estável em relação à articulação do ombro. Os movimentos realizados por essa articulação, que é do tipo esferoide, são:
- Flexão e extensão;
- Abdução e adução;
- Rotação medial e rotação lateral;
- Circundução.
A transição do tronco para o membro inferior se localiza na região inguinal ou virilha. A região glútea proeminente nos garante o bipedismo e a posição ortostática.
Músculos intrínsecos
O músculo iliopsoas é um conjunto de dois músculos: o músculo psoas maior e o músculo ilíaco (Imagem 1). Ele é o principal músculo flexor da coxa e considerado como músculo postural. Está fixado à coluna vertebral, à pelve e ao fêmur. Em casos de lesão ou deficiência desse músculo, o indivíduo refere muita dificuldade para realizar a flexão da coxa e a elevação do tronco. Quadros inflamatórios envolvendo esse músculo são chamados de Psoíte, e podem ser configurados como de origem primária ou secundária.
Figura 1. Estrutura anatômica evidenciando músculos da parede posterior do abdome, ilíaco e psoas maior e a sua união para formar o músculo iliopsoas. Fonte: openstax.org.
Região glútea: parte superficial
A região glútea é formada por quatro planos:
- 1º plano: pele;
- 2º plano: tela subcutânea;
- 3º plano: musculatura superficial (músculos glúteos + m. tensor da fáscia lata) e profunda (músculos pelvitrocantéricos ou rotadores curtos);
- 4º plano: osso do quadril.
Antagonicamente à ação da flexão do músculo iliopsoas, na região glútea se encontram músculos responsáveis pela extensão da coxa.
O músculo glúteo máximo é o músculo glúteo mais superficial e um potente extensor da coxa. Além disso – por sua inserção ao longo do trato iliotibial –, quando contraído, esse músculo produz rotação lateral da coxa.
Os músculos laterais da região glútea (m. glúteo médio e m. tensor da fáscia lata) são importantes abdutores da coxa.
Ainda no plano superficial, porém posterior aos músculos glúteo máximo e glúteo médio, se encontra o músculo glúteo mínimo (Imagem 2). Por ter sua localização mais profunda e lateral, ele realiza abdução da coxa também.
A região glútea (Imagem 3) é um local frequente de injeções intramusculares de medicamentos. As injeções intraglúteas devem ser aplicadas no quadrante superior lateral da região, por ser um local seguro para essa administração.
Figura 2. Estrutura anatômica do glúteo máximo e médio. Fonte: Anatomia e Fisiologia de Seeley. Cinnamon, V. 10ed, 2016.,
Figura 3. estrutura anatômica dos músculos da região glútea profundos ao glúteo máximo e médio. Fonte: Anatomia e Fisiologia de Seeley. Cinnamon, V. 10ed, 2016.
Região glútea: parte profunda
Em um plano mais profundo, se encontram os músculos chamados pelvitrocantéricos, rotadores laterais ou ainda rotadores curtos.
O músculo piriforme, embora seja menos importante na biodinâmica, é um importante referencial anatômico para estruturas que passam pelos hiatos encontrados acima (suprapiriforme) e abaixo (infrapiriforme). No hiato suprapiriforme, passam a artéria e o nervo glúteo superior, que inerva os músculos glúteo médio e mínimo e o músculo tensor da fáscia lata. Além disso, no hiato infrapiriforme, passam a artéria e nervo glúteo inferior, que inerva o músculo glúteo máximo, o nervo pudendo, o nervo cutâneo posterior da coxa, o nervo obturatório e o nervo isquiático. Uma correlação clínica importante é a hipertrofia do piriforme, que pode comprimir o nervo isquiático.
O sinal de Trendelenburg indica uma deficiência dos músculos que realizam a abdução, principalmente o músculo glúteo médio. Nesse sinal, há uma anormalidade da marcha, com queda e inclinação do tronco contralateral ao músculo lesado, na tentativa de contrabalancear o movimento. Essa marcha é também chamada de claudicação ou deformidade de Duchenne.
Em uma camada mais profunda da região glútea, se localizam músculos responsáveis pela rotação lateral da coxa, quando atuando em conjunto e com auxílio do músculo piriforme, são eles os músculos obturador interno, gêmeos superior e inferior e quadrado femoral.
Saiba mais na videoaula completa de Músculos do Quadril no Jaleko Acadêmicos.
E, assim terminamos, esse assunto tão aplicável ao estudante de medicina, do básico de anatomia até as perguntas com correlação clínica do internato! Bons estudos, pessoal, e até a próxima!
Referências:
Sistema Osteomuscular – Anatomia do Sistema Locomotor – Músculos – Músculos dos membros inferiores – Músculos do quadril (Professor Marco Aurelio Passos). Jaleko Acadêmicos. Disponível em: https://www.jaleko.com.br.
MOORE, Keith L.. Anatomia Orientada para a Prática Clínica. 8ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. 1128p.
TANK, Patrick W.. Atlas de Anatomia Humana. 1ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 447p.
DRAKE, Richard L.. Gray’s anatomia clínica para estudantes. 3ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 1192p.
PAULSEN, Friedrich, WASCHKE, Jens. Sobotta: atlas de anatomia hu-mana. 23ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.