Você já ouviu falar sobre o programa MD- PhD? Já pensou sobre tentar se candidatar? À primeira vista, pode parecer impossível existir a possibilidade de fazer o doutorado cursando a faculdade de medicina. Como conciliar duas atividades que demandam muito tempo de dedicação e de estudo? Como conseguir se organizar para dar conta de todas as tarefas, já que os dias possuem apenas 24h? Será mesmo possível fazer isso?
À primeira vista, cursar a graduação e a pós-graduação de forma concomitante pode parecer loucura. No entanto, não é bem assim. Devemos ter em mente que esse é um programa diferenciado e adaptado para estudantes de medicina. Na realidade, mesmo com a carga horária extensa, cada universidade acaba adotando critérios e regras próprias, com o objetivo de tornar viável a realização do programa. Obviamente isso não quer dizer que a trajetória do aluno que opta pelo MD-PhD não seja cansativa. Pelo contrário, ela tende a ser mais cansativa do que a dos colegas que optam a dedicar- se exclusivamente à graduação.
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Dessa forma, o incentivo à produção de cientistas médicos pode não ser tão surreal assim quanto nos parecia no primeiro momento. Até porque, trata- se de uma oportunidade única de obter uma formação que propicie a realização de descobertas a partir de pesquisas desenvolvidas em laboratórios. Além disso, que possibilite a utilização e a aplicação do conhecimento médico. Buscando traduzir suas conclusões em possíveis tratamentos eficazes para os pacientes. E você? Gostaria de encarar essa? Neste artigo, vamos entender um pouco mais sobre as motivações dos alunos, o dia- a- dia e as expectativas.
De onde surge a motivação dos alunos?
Todos os estudantes de medicina que pretendem cursar o programa MD- PhD precisam ter determinação para seguir em frente com projeto. Ao iniciar o doutorado antes de finalizar a graduação, ele precisa estar ciente de que precisará destinar. Além do tempo que reserva diariamente aos estudos e às aulas da graduação, uma quantidade de tempo também grande para a pós- graduação.
O aluno precisa estar disposto e decidido a realizar todas as atividades previstas nos dois programas de forma concomitante. Sempre conciliando os horários e se adaptando à cada situação. Portanto, esse aluno que pensa em se candidatar ao programa precisa realmente ter a certeza de seus objetivos e, adicionalmente, precisa ter a convicção de que o objetivo principal do programa está alinhado aos seus objetivos de vida.
Esse aluno precisa realmente ter vontade de trabalhar com pesquisa. Assim, o programa pode ser muito prazeroso e gratificante. Mais do que isso, a rotina nos laboratórios de pesquisa pode se tornar um gatilho para uma vida de muito sucesso acadêmico e de muita satisfação profissional e pessoal.
O que faz com que os alunos de medicina decidam seguir um programa de MD-PhD?
Em geral, o que move a maioria desses alunos é a curiosidade. Curiosidade essa que também é a chave responsável pela motivação de muitos pesquisadores, independentemente da formação de cada um. O que leva alunos a buscar um laboratório de pesquisa para participarem ativamente de projetos de pesquisa e para efetivamente participarem de diversos experimentos ainda como estudante de graduação é, sobretudo, o interesse em descobrir o novo. Em responder a perguntas que ainda não possuem respostas.
Nesse sentido, essas características e formas de pensar funcionam como combustíveis para esses alunos, os quais se sentem motivados a buscar entender de forma mais aprofundada os motivos e as formas. É isso que fomenta a busca pelo que está por trás de toda a conduta médica.
À medida que vão ganhando experiência, os alunos envolvidos em projetos de pesquisa ficam ainda mais entusiasmados com o mundo da investigação experimental. Além disso, a leitura frequente de artigos científicos permite que esses estudantes estejam cada vez mais atualizados e desenvolvam o senso crítico. Isso fomenta ainda mais a busca pelo saber.
E o que eles ganham com isso?
Enquanto na clínica é possível testemunhar a maneira com a qual as diferentes terapias propostas causam impacto na vida de cada paciente acompanhado. No laboratório são oferecidas inúmeras oportunidades de criar novas possibilidades terapêuticas. Entretanto, essas novas terapias desenvolvidas, se obtiverem sucesso, serão reproduzidas em grande escala. Com isso terão impacto imensurável no tratamento da doença para incontáveis pacientes.
De maneira geral, pode- se dizer que, na maioria dos casos, o principal ganho desses alunos é a satisfação na possibilidade de- além de receber o retorno e a recompensa imediatos ao cuidar de seus pacientes nos consultórios, hospitais e clínicas.
Bem, uma vez concluído o PhD. Que tipos de opções de carreira o programa MD-PhD oferece?
De maneira geral, a maioria dos graduados que completam o MD- PhD buscam uma carreira em medicina acadêmica. Esperando que ela seja pautada no trabalho em um hospital de ensino. Nesse contexto, é possível que o médico-cientista busque oportunidades incluindo ensinar, ver pacientes, investigar questões biomédicas importantes no laboratório. O duplo grau permite que um médico-cientista se mova de forma fluida entre os domínios clínicos e/ ou cirúrgicos e de pesquisa. São amplamente encontrados em hospitais universitários.
No entanto, médicos- cientistas não estão limitados e essas opções. Apesar de as trajetórias mencionadas acima serem mais comuns e tradicionais, não são as a únicas existentes. Médicos-cientistas também podem buscar cargos nas indústrias de biotecnologia, nas indústrias farmacêuticas, trabalhos em consultoria, administração, defesa de direitos, políticas públicas, saúde global, educação e muito mais.
E se eu me interessar pelo programa? Que tipo de experiência de pesquisa é ideal ter antes de me candidatar?
Isso pode variar de acordo com cada universidade em que o programa MD-PhD esteja vigente. Em geral, é valorizado que, como estudante de graduação, o aluno faça estágios em algum laboratório da própria universidade. Além disso, é interessante que o aluno participe de seminários, discussões de artigos e que esteja sempre em contato com outros pesquisadores, buscando sempre manter- se informado.
Como escolher um laboratório?
É muito importante manter a mente aberta sobre o tipo de pesquisa e laboratórios para participar do seu trabalho de doutorado. Muitos alunos entram pensando que sabem exatamente o que querem fazer durante o doutorado e acabam recusando grandes oportunidades
Além disso, não se limitar a uma ideia específica permite muitas vezes que alunos se surpreendam e acabem por optar por seguir linhas de pesquisa bastante diferentes das que planejaram originalmente. É frequente ver os alunos alegarem que estão muitos satisfeitos por terem “mudado de ideia”.
Por isso, se você pretende entrar nessa, tente conhecer vários tipos de laboratórios e de linhas de pesquisa, antes de selecionar um orientador de PhD e um laboratório. Esteja preparado para mergulhar fundo e para fazer um trabalho de qualidade.
E se você me perguntar: Bia, como você se sente em relação ao programa MD- PhD? O que você mais gosta nele?
Particularmente sou suspeita para falar. Gosto do programa e vejo nele a possibilidade de encurtar o tempo necessário para que eu atinja o meu sonho. Adoro o fato de que, quanto mais aprendo, mais sou motivada a buscar aprender mais, conhecer mais. Acho incrível a rapidez com que surgem novas possibilidades de criar, de produzir, de descobrir. Além disso, sinto- me privilegiada por estar cercada por colegas extremamente competentes, curiosos e, principalmente APAIXONADOS pelo que fazem.
Ver o brilho no olhar dos meus colegas é minha recompensa diária. Considero que ser médico-cientista não consiste em apenas um trabalho, mas sim em uma trajetória desafiadora e inigualável. Ao longo dos anos, você provavelmente experimentará alguns momentos de aflição, mas também muitos momentos de felicidade extrema. Permanecer flexível, paciente e resiliente é fundamental para aproveitar o processo.