Sabe aquela queixa bem comum, do tipo: “Doutor, aquele dia senti meu coração disparar, uma palpitação terrível! Fui para o hospital e quando cheguei tinha desaparecido! Me falaram que era ansiedade ou extra-sístoles e me mandaram pra casa.”? Pois é, ela pode ter nome: taquicardia supraventricular paroxística. Aquela carinhosamente apelidada de “taqui-supra”. Você já ouviu falar dela!
E não é só aquela sua tia nervosa que reclama desses sintomas não! Saiba que inclusive ela predomina em pessoas jovens e sem nenhuma doença de base. E pior: excesso de cafeína ou até mesmo exercício físico podem desencadeá-la.
E aí, tá afim de ajudar a dar um diagnóstico e tratar, ao invés de mandar o paciente pra casa?
Então vamos lá! A taqui-supra é caracterizada por:
– FC > 100bpm
– Complexo QRS estreito (< 120ms)
– Ausência de onda P
– Intervalos RR regulares
De onde vem esse nome?
A denominação “supraventricular” significa que a participação de uma estrutura atrial (acima do ventrículo) é necessária para manutenção da arritmia, em contraste com as taquicardias ventriculares (TV). O termo paroxístico refere-se a uma particularidade do quadro clínico que se caracteriza por início e término abruptos da taquiarritmia.
Ela é causada pelo mecanismo de reentrada que pode se dar pela via nodal (75% dos casos) ou por via acessória (25% dos casos). A rápida ativação dos ventrículos pelo sistema de His-Purkinje normal justifica o QRS estreito.
A frequência cardíaca normalmente varia de 120-250bpm e quase sempre provoca sintomas que se iniciam com palpitações até síncope. A sensação de palpitações no pescoço é altamente sugestiva de TSVP por via nodal.
Tratamento
Se hemodinamicamente estável, a primeira medida é a manobra vagal, que pode ser realizada através da compressão do seio carotídeo ou através de manobra de Valsalva. A manobra vagal inibe o nódulo AV, bloqueando a reentrada da TSVP.
Se não houver sucesso, devemos adotar medidas farmacológicas para reverter a arritmia. A droga de escolha é a adenosina EV, que deve ser realizada em bolus rápido de 6mg (meia-vida muito curta, de cerca de 10 segundos). Se não melhorar, administrar 12mg em bolus. Preferir acesso venoso central, se possível, com dose inicial de 1-3mg.
Caso ainda não ocorra a reversão, a próxima medida é administrar verapamil 5-10mg ou diltiazem 15-20mg EV. Betabloqueadores (metoprolol 2,5-5mg EV bolus ou esmolol 1mg/kg EV bolus + infusão contínua se necessária) e digoxina também entram no acervo de drogas utilizadas para reversão da taqui-supra.
No entanto, se o paciente está hemodinamicamente instável, deve-se realizar cardioversão elétrica sincronizada.
Após a reversão da arritmia, pacientes que se mantém sintomáticos devem passar a fazer uso profilático de verapamil/diltiazem ou beta-bloqueadores orais, ou então da digoxina. A ablação pode se tornar uma opção.
Bom, agora que você já sabe tudo que precisa sobre a famosa taqui-supra, que tal segurar um pouco o excesso de café?
Saiba os quatro tipos de Taquicardia Ventricular (TV) que você precisa conhecer para identificar e tratar no artigo DIRETO AO PONTO: Taquicardia Ventricular (TV)
Boa noite Doutora! Eu tenho TSVP diagnosticada por cardiologista e não tomo café. 🙁
Posso fazer exercícios físicos com tsvp? No meu holter deu 62 tsvp ñ sustentadas, 30 Es SVs em salva de duas e 504 extras.