A pericardite crônica consiste num quadro de pericardite com evolução de mais de 6 meses.
Existem diversas etiologias diferentes para pericardite crônica e, algumas vezes, os derrames pericárdicos crônicos são encontrados em pacientes assintomáticos e sem história prévia de pericardite aguda. A causa mais comum é a tuberculose.
Outras causas: Mixedema, Neoplasias, LES, Artrite Reumatóide, Infecções fúngicas, radioterapia torácica, infecções piogênicas e quilopericárdio.
Pericardite Constritiva:
É um tipo de pericardite crônica e ocorre devido a obliteração da cavidade pericárdica pela formação de tecido de granulação após resolução de quadro de pericardite fibrinosa ou serofibrinosa aguda ou após a reabsorção de um derrame pericárdico crônico. A causa mais comum é a tuberculose pericárdica.
Na pericardite constritiva, temos um espessamento e endurecimento do pericárdio que forma uma espécie de “carapaça” em volta do coração prejudicando o enchimento ventricular. Pode haver, inclusive, calcificação do pericárdio. Neste caso, o volume diastólico final ventricular e o volume sistólico estão reduzidos, e a pressão diastólica final em ambos os ventrículos bem como as pressões médias nos átrios e veias pulmonares encontram-se elevadas. Em geral, a função miocárdica é normal ou levemente reduzida.
Manifestações clínicas da pericardite crônica:
– Síndrome Edemigênica: Ascite, edema de MMII.
– Turgência Jugular Patológica.
– Sinal de Kussmaul: ingurgitamento da veia jugular na inspiração.
– Knock Pericárdico: sopro protodiastólico que pode ser confundido com B3.
– Sinal de Broadbent: Ictus cordis atenuado que se retrai na sístole.
– Hepatomegalia congestive.
– Alterações no pulso venoso: Contorno em forma de M, com deflexões X e Y proeminentes, sendo a deflexão Y a mais proeminente.
Tratamento:
O tratamento definitivo desses casos é a Pericardiectomia que deve ser a mais completa possível. A mortalidade cirúrgica situa-se na faixa de 5-10%.
Pericardite Pós-IAM
Existe um subtipo especial de pericardite que ocorre pós-IAM que pode ser precoce ou tardia.
Pericardite Epistenocárdica: Ocorre geralmente nas primeiras 2 semanas (precoce) após IAM transmural, com incidência em torno de 20%. O paciente apresenta dor torácica pleurítica (ventilatório-dependente) e posição-dependente (alivia ao sentar). A presença de atrito pericárdico, ECG com infra de PR e novo supra de ST de formato côncavo em várias derivações corroboram o diagnóstico. O tratamento é feito com AAS 500 – 750 mg VO de 6/6h.
Síndrome de Dressler): Geralmente ocorre 2-6 semanas após IAM (tardia) devido a quadro auto-imune contra antígenos pericárdicos, apresentando-se com febre baixa, mialgia, dor pleurítica, leucocitose e elevação de marcadores inflamatórios. Sua incidência é de, aproximadamente, 5%. Tratamento é feito com AAS 500 – 750 mg VO de 6/6h, sendo permitido uso de corticoide após 4 semanas do IAM (antes disso pode predispor ao remodelamento ventricular).
Veja também: DIRETO AO PONTO: Doença isquêmica do miocárdio e Direto ao Ponto: Estadiamento da Insuficiência Cardíaca Congestiva