Você está na enfermaria de Clínica Médica e chega um novo paciente para ser admitido, com o diagnóstico de esclerose múltipla. Seu staff pede para que você faça um exame neurológico minucioso e completo no paciente. E agora? Bate aquele nervosismo e você mal se lembra por onde começar um exame tão extenso?? Calma, estamos aqui pra te dar uma luz…o objetivo desse artigo é fornecer um roteiro básico e simplificado para orientar seu exame neurológico:
NÍVEL DE CONSCIÊNCIA
Ao avaliar o nível de consciência, procuramos classificar se o paciente encontra-se acordado, sonolento, torporoso ou comatoso, podendo lançar mão da Escala de Coma de Glasgow.
CONTEÚDO DE CONSCIÊNCIA
Nessa avaliação, constatamos se o paciente encontra-se orientado ou desorientado no tempo e/ou espaço. Podemos ainda realizar o Miniexame do estado mental (MiniMental).
INSPEÇÃO
Nessa etapa observaremos o paciente como um todo procurando movimentos atípicos, avaliando a fáscies e posição do paciente (Há ptose palpebral? Tremores? Posição antálgica? Rigidez de nuca?), além de verificar a fala e linguagem do paciente (há Disfonia? Dislalia? Disartria?).
EQUILÍBRIO E ESTÁTICA
Aqui faremos o famoso teste de Romberg, em que o paciente deve manter-se de pé, com os pés unidos e olhos fechados, devendo estar pronto para protege-lo de uma possível queda. Estará alterado na presença de um déficit proprioceptivo ou cerebelar/labiríntico.
MARCHA
Coloque o paciente para caminhar até determinado ponto e retornar, de preferência descalço. Observe as características de sua marcha (anserina, ceifante, tabética, escavante, etc).
FORÇA MUSCULAR
Agora devemos examinar os principais grupamentos musculares, sempre bilateralmente, graduando de 0 (plegia) a 5 (normal).
TÔNUS E TROFIA MUSCULAR
Observaremos da palpação e movimentação passiva a tonicidade e trofia muscular.
COORDENAÇÃO MOTORA
Com algumas manobras como a prova calcanhar-joelho ou dedo-nariz, conseguimos testar a via piramidal, o sistema cerebelar, vestibular e a propriocepção.
REFLEXOS PROFUNDOS E SUPERFICIAIS
Nessa etapa utilizaremos um martelo de reflexos (Taylor ou Buck) para realizar a percussão dos tendões de grupamentos musculares, avaliando a resposta reflexa profunda em graduação de 0 (arreflexia) a +4 (hiperreflexia), sendo +2 a resposta normal. Além disso avaliamos os reflexos superficiais, dentre os quais o cutâneoplantar é o mais importante, caracterizando o sinal de Babinski quando houver extensão, além de rastrear seus sucedâneos.
SENSIBILIDADE
No exame da sensibilidade, devemos avaliar a sensibilidade superficial (tátil, dolorosa, térmica), profunda (vibratória, pressão, propriocepção) e discriminativa (estereognosia, grafestesia), dando atenção para detecção de nível sensitivo.
NERVOS CRANIANOS
E para finalizar, devemos analisar os 12 pares cranianos, buscando alterações olfatórias, visuais, oculomotoras, da sensibilidade e motricidade da face, língua e região cervical, além da audição, fonação e equilíbrio.
Para te salvar de um possível perrengue, fizemos um checklist do exame neurológico para você baixar e ter a disposição para uma consulta rápida no seu celular ou tablet! Confira aqui.