Confira o post que preparamos com tudo o que você precisa saber sobre a Estenose Aórtica.
A Estenose Aórtica é a doença valvar cardíaca mais comum. Sua prevalência aumenta com a idade.
A valva aórtica é uma estrutura tricúspide. A estenose aórtica (EAo) é uma condição em que, pela restrição à abertura dos folhetos valvares há uma redução da área valvar, levando a formação de um gradiente de pressão sistólico entre o VE e a aorta
Nos países desenvolvidos a causa mais comum da EAo é a degeneração do complexo valvar devido à aterosclerose que ocorre da base das cúspides para os folhetos, sem ocorrência de fusão das válvulas.
Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, a causa mais comum continua sendo a febre reumática (FR), levando ao acometimento da população mais jovem, estando na maioria dos casos associada à lesão mitral e, muitas vezes, a insuficiência aórtica. Neste caso a EAo resulta de aderências e fusão das cúspides, o que leva à retração e ao enrijecimento dos folhetos.
Outras etiologias possíveis são a EAo congênita (população mais jovem), calcificação de uma valva aórtica bicúspide e calcificação de uma valva aórtica tricúspide.
Quadro Clínico:
Na fase inicial, na qual o paciente é assintomático.
As manifestações clínicas surgem em geral por volta da 5a a 6a décadas de vida e são indicativas de pior prognostico. Curvas de sobrevida mostram que o intervalo do início dos sintomas até a morte é de aproximadamente 2 anos em pacientes com dispneia (IC), 3 anos em paciente com síncope e 5 anos em pacientes com angina. A morte súbita é uma causa frequente de morte em pacientes sintomáticos, mas é rara entre os assintomáticos (< 1% ao ano).
Pulso é tardio e fraco (tardus e parvus).
Sopro sistólico ejetivo, rude, de intensidade crescendo-decrescendo (diamante). A intensidade do sopro aumenta com manobras que aumentam o retorno venoso e/ou a contratilidade do VE (posição de cócoras, exercício físico, batimento pós-extrassistólico) e diminui com manobras que reduzem o retorno venoso (Valsalva, posição ortostática) ou que aumentam a resistência vascular periférica (handgrip). Denominamos fenômeno de Gallavardin quando o sopro da estenose aórtica se irradia para o foco mitral (continuidade anatômica entre os anéis aórtico e mitral), podendo parecer que existem 2 sopros diferentes (diferenciar da insuficiência mitral com as manobras descritas acima).
A primeira bulha é normal, a quarta bulha é freqüentemente audível devido à contração atrial vigorosa.
Em estenose aórtica grave pode ocorrer o desdobramento paradoxal de B2.
A presença de frêmito pode indicar maior gravidade da doença.
Exames complementares:
Ecocardiograma: tem papel fundamental para confirmar o diagnóstico e a etiologia da EAo, classificar sua gravidade e ajudar a definir a necessidade da intervenção cirúrgica.
Radiografia de Tórax: é um exame pouco específico, geralmente não apresentando nenhuma anormalidade. O aumento das câmaras esquerdas ocorre quando há disfunção ventricular associada ou insuficiência aórtica concomitante. Pode ser observada a calcificação aórtica (anel) e dilatação da aorta ascendente.
Eletrocardiograma: a sobrecarga de VE é a principal alteração em 85% dos casos de EAo grave, com aumento da amplitude dos complexos QRS, padrão Strain. Pode ocorrer também sobrecarga do AE.
Cateterismo: nos casos de discrepâncias entre a clínica e os exames ecocardiográficos se faz necessário o cateterismo cardíaco e a angiografia coronária em pacientes acima de 40 anos com troca valvar planejada. O cateterismo é o exame padrão ouro para estimar o gradiente pressórico VE-Ao e quantificar a estenose aórtica.
Tratamento Cirúrgico:
Classe I:
Pacientes com EAo importante sintomáticos.
Pacientes com EAo importante que serão submetidos a CRVM ou a cirurgia da aorta torácica ou troca valvar concomitante.
Pacientes com EAo grave, assintomáticos, mas com disfunção do VE (FE < 50%).
Para entendermos as alterações clínicas e semiológicas das valvulopatias, é necessário o entendimento do ciclo cardíaco. Clique aqui para ver um breve resumo desse processo!
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