Quem nunca sentiu aquele frio na barriga quando soube que teria que falar em público? Quem nunca pensou em desistir minutos antes de entrar em alguma sala ou auditório, com receio de falar diante de uma plateia? Pois é… Apesar de muito comum, ter esse tipo de temor pode ser um grande problema, uma vez que a capacidade de fazer um bom discurso é uma das habilidades mais valorizadas no mundo contemporâneo.
Muitos profissionais classificariam falar em público entre seus principais medos. Em situações extremas, a boca pode fica seca, a voz fraca e todo o corpo tremer. No entanto, independentemente da área de atuação, comunicar-se com confiança é essencial; e caso você se encontre evitando situações em que seja desafiado a proferir um discurso ou a mediar uma conversa, estará limitando o seu potencial. Logo, é proferível aprender o mais rápido possível a superar o medo ou a descobrir uma forma melhor de lidar com ele, para não sabotar mais o seu próprio crescimento e o seu sucesso profissional.
A vida do estudante e a necessidade de falar em público: um vilão?
Ao contrário do que muitos pensam, falar em público não é uma necessidade apenas para as pessoas que trabalham no mundo dos negócios. Pelo contrário, inclusive os estudantes- com destaque para os estudantes universitários- vivem em um contexto semelhante, em que o domínio da oratória é indispensável. Por isso, a vida do estudante pode ser considerada um caos para aqueles que possuem insegurança excessiva, ou que possuem medo de ser, por alguns instantes, o foco da atenção.
Nesse sentido, levando- se em consideração que, durante a vida acadêmica, o estudante é frequentemente desafiado a se expor diante de um público- para apresentar seminários e projetos, para participar de conferências sobre temas relevantes, dentre outros- é importante que o aluno sinta- se à vontade e não torne a prática de falar em público um fardo ou um temor.
Portanto, separamos para você algumas dicas que podem ajudar bastante nesse contexto!
Dica número 1: envolva-se com seu público
Uma das principais dificuldades relatadas pelos estudantes é a de captar a atenção das pessoas. É normal para muitos o sentimento de desmotivação e de incapacidade, o que pode levar o indivíduo a desistir devido à crença de que não está apto a conseguir “segurar” a atenção dos ouvintes de seu discurso. No entanto, isso não precisa ser assim. Não é preciso ter medo de quem está sentado para ouvir o que você tem a falar; afinal, ele não é seu inimigo e sim uma pessoa interessada no que você tem a dizer e a acrescentar.
Por isso, uma dica interessante é tentar utilizar estratégias para envolver seu público, o que, além de tornar sua apresentação mais dinâmica, pode fazer com que você se sinta menos isolado como palestrante e pode auxiliá-lo a manter todos atentos à mensagem. Quando apropriado, sinta- se livre para fazer perguntas direcionados a indivíduos ou a grupos, bem como, se plausível, a incentivar as pessoas a participarem e a fazerem questionamentos ou tirarem as dúvidas.
Dica número 2: palavras que devem ser evitadas
É preciso que tenhamos em mente que algumas palavras quando proferidas podem reduzir a credibilidade do palestrante como orador. Por exemplo, pense em como essas frases soam: “Só quero acrescentar que acho que nós deveríamos agir dessa maneira a fim de atingir essas metas” ou “Eu apenas acho que esse plano é uma coisa boa”. Você consegue perceber como as palavras “apenas” e “eu penso” limitam a sua autoridade? Elas podem demonstrar insegurança, falta de conhecimento e de opinião própria. Podem mostrar que você não tem convicção do que está falando. Ainda, outras palavras como “coisa”, “negócio”, “troço”, além de poderem soar mal por serem muito informais, são extremamente vagas e não formam argumentos bem construídos e sustentados.
É necessário também que você tente prestar atenção em como está falando. Nesse momento, você deve estar se perguntando: “Poxa, como eu, já tomado por nervosismo, vou conseguir continuar o meu discurso e ainda prestar atenção em como estou falando? Por que isso é tão importante?”
Nesse caso, tenha em mente que prestar atenção na própria fala não é difícil; pelo contrário, auxilia a desenvolver o discurso de forma contínua, fluida e mais leve. Isso porque a tendência natural é de que o indivíduo fale de maneira mais rápida quando está nervoso. Dessa maneira, as chances de o orador tropeçar em suas próprias palavras ou dizer algo inapropriado são grandes. Ao focar no próprio nervosismo e começar a falar rapidamente para “se livrar” da ocasião, o indivíduo desvia a sua atenção do discurso para o seu estado emocional, prejudicando a qualidade da oratória.
Nesse contexto, tente se esforçar para desacelerar, o que pode ser feito por meio da manutenção de um ritmo respiratório contínuo e profundo. Não tenha medo de reunir seus pensamentos, nem de fazer pausas. Pelo contrário, pausas são uma parte importante da conversa e fazem você parecer confiante, natural e autêntico.
Logicamente, não estamos falando aqui sobre pausas longas que interrompem a linha de raciocínio que vem sendo construída. Estamos falando das pausas naturais entre as frases, das pausas para reflexão e daquelas nos momentos de mudança de tópico, as quais tornam o discurso mais agradável. Afinal, ninguém quando leva uma conversa de maneira natural fala o tempo inteiro e sem interrupções, não é mesmo?
Dica número 2: planeje seu discurso
Você é o arquiteto do seu próprio discurso. Possua esse poder e crie da forma que você deseja.
2.1 O planejamento nos momentos anteriores ao discurso e seu impacto na apresentação
Já reparou como pequenos problemas inesperados encontrados no início de uma semana qualquer podem atrapalhar seu progresso no final da semana? A mesma situação pode ocorrer em uma apresentação. Ao se concentrar em aspectos negativos nos momentos anteriores ao discurso, você pode ter o seu desempenho muito prejudicado “na hora H”. Logo: evite o lado negativo e busque focar no lado positivo. Simples assim! Algumas atitudes que você pode executar antes de começar- atitudes simples!- podem ajudar a garantir que seu discurso tenha um ótimo começo.
Primeiramente, tente encontrar alguém com quem conversar que estará na plateia, ou mesmo um conhecido que tenha interesse no assunto em questão. Enquanto estiver conversando, pergunte a essas pessoas o que elas têm em mente e quais são as suas expectativas em relação à palestra. Isso pode ajudá-lo no planejamento do discurso.
Outra atitude interessante é a de cumprimentar a pessoa fizer a sua introdução, o que pode ser realizado por meio de um aperto de mão, com semblante sereno e tranquilo, bem como por meio do agradecimento pela introdução que foi feita sobre você. Esse pequeno gesto simples ajuda o palestrante a ser introduzido no contexto e pode auxiliar a evitar um pouco do nervosismo sentido no momento em que se inicia um discurso. Além disso, essa atitude também apresenta uma forte imagem visual de conexão e confiabilidade para o público. Vale lembrar também que o agradecimento/ cumprimento ao apresentador, além de poder auxilia-lo a iniciar sua performance, consiste em uma atitude educada; afinal, nada mais justo do que agradecer pela ótima introdução que recebeu.
2.2 Os momentos iniciais do discurso: começando com o pé direito
Os primeiros segundos de qualquer discurso são fundamentais, pois os momentos iniciais do discurso são os responsáveis por causar a primeira impressão sobre a sua performance. Logicamente, não é uma verdade irrefutável a expressão popular “a primeira impressão é a que fica”. No entanto, é uma realidade o fato de que a impressão inicial causada na plateia muda a postura com a qual o público começa a encarar o momento. Nesse contexto, você poderá ser o responsável por causar uma boa impressão, levando os presentes a acreditarem que o objeto do discurso será extremamente interessante, ou poderá causar a impressão oposta.
Então, atue de forma inteligente. Se você iniciar o discurso com energia, sorrir confiante e assumir o controle do espaço e do público imediatamente, você terá um excelente começo. Se você “afundar”, manobrar sua energia e conversar apenas com as poucas pessoas que estão bem na sua frente, você terá o retorno oposto.
É evidente, nesse sentido, que é mais fácil andar com confiança se o seu eu interior está confiante. Então, não esqueça de pensar nisso antes de entrar e não negligencie o importante trabalho de auto- confiança que deve ser feito previamente ao discurso.
2.3 A importância de conhecer o público e o local
Faça sua pesquisa sobre a configuração da sala e com quem você está falando. Você está falando em uma pequena sala ou em um grande salão? Você está sentado ou em pé? Quem é o seu público? O medo do desconhecido é o que nos impede. Quanto mais detalhes você puder conhecer, mais confiantemente você provavelmente irá entrar em ação.
2.4 Planeje a sua estrutura de apresentação.
Todos os bons discursos e todas as palestras têm início, meio e fim bem planejados.
O começo
Para começar, pense no que atrairá a atenção do público e se manterá fiel ao que você está se sentindo confortável em oferecer. Dependendo da ocasião, o humor pode ser um ótimo recurso. Caso não se sinta à vontade para fazer uma piada, você pode começar com uma frase de impacto, um argumento de autoridade, ou mesmo fazer uma pergunta retórica ao público. Há diversas maneiras de começar um discurso, desde que o palestrante sinta- se à vontade para utilizar tal estratégia e a faça com a convicção de que a mesma será eficaz.
O meio
O meio do discurso é o momento em que você vai desenvolver o assunto: pense em cada detalhe, e delimite os pontos principais da abordagem. Assim você terá certeza de que não vai esquecer de nenhum assunto essencial e de que vai trata- lo de forma clara, compreensiva e acessível.
Evite ler palavra por palavra a partir de suas anotações. Para isso, faça uma lista de pontos importantes em cartões de dicas ou, à medida que for adquirindo mais prática para falar em público, tente memorizar o que você vai dizer. Também não é demérito consultar os seus cartões de sugestão quando precisar deles, desde que não fique muito tempo olhando e acompanhando o que está escrito, pois isso pode dar a sensação de que você não sabe sobre o que está falando, de que não tem propriedade para falar e precisa “ler tudo”. Nesse quesito, para demonstrar cada vez mais segurança e precisar, cada vez menos, de recursos auxiliadores do discurso, você deve ensaiar. Isso mesmo, ensaiar o que vai falar, como vai falar, em que contexto, sendo possível treinar sozinho, com amigos, parentes, animais de estimação… Ou seja, como achar mais adequado.
Caso tenha slides, deve- se treinar a passagem de um slide para outro, bem como delimitar quais ganchos vai usar e quais recursos serão utilizados com o objetivo de manter a atenção dos ouvintes. Caso queira fazer alguma brincadeira para descontrair, mas não for bom improvisando, você pode, até mesmo, planejá-la e separar algum momento específico para esse momento mais descontraído.
A finalização
O final do discurso é extremamente importante. Ele é o que fará com que as pessoas se lembrarem- ou não se lembrem- de você e de sua apresentação. Calma, sem desespero, não há nada complicado nesse quesito. Você pode, por exemplo, terminar com um simples agradecimento, com uma pergunta provocativa e até mesmo com uma estatística relevante. Todos esses métodos- e muitos outros- podem ser bastante eficazes.
Dica número 3: preste atenção à linguagem corporal
Já parou para pensar no fato de que a sua linguagem corporal também faz parte da performance no momento em que está proferindo o seu discurso? A maneira como seu corpo se porta e se movimenta dá ao seu público pistas constantes e sutis sobre o seu estado interior. Se você está nervoso, ou se não acredita no que está dizendo, o público pode conseguir notar ou desconfiar disso, baseado na linguagem corporal. Por isso, na posição de orador, você também precisa estar muito atento à sua linguagem corporal: fique em pé, respire profundamente, olhe nos olhos das pessoas e sorria. Não é adequado ficar o tempo todo apoiado sobre objetos ou usar gestos que não sejam naturais.
E os pódios? Aqueles com microfone que servem para que nos situemos atrás? Sim, eles existem e podem ser usados. São extremamente úteis, principalmente em palestras e discursos mais formais. No entanto, apesar de muitas pessoas preferirem falar atrás de um pódio – ainda mais porque esses pódios podem ser úteis para a realização de notas- eles colocam uma barreira entre você e o público.
Dessa forma, se não é a sua intenção produzir tanto distanciamento, talvez essa estratégia não seja a ideal. Sugerimos que, em vez de ficar de pé atrás de um pódio, você se mantenha diretamente em frente ao seu público, sendo completamente visível e dê a sensação de ser mais “acessível”. Gestos também podem ser usados para envolver o público, embora não seja recomendado gesticular de forma exagerada. Os gestos devem ter alguma conexão ou relação com o que está sendo falado no momento. Devem auxiliar você a passar a sua mensagem e não desviar a atenção do ouvinte. Caso feitos de maneira adequada, os seus movimentos e a energia transmitida vão se manifestar de forma harmônica com a sua fala e voz, tornando-a mais ativa e motivadora.
Dica número 4: pense positivamente
Pode parecer algo muito óbvio, e é! No entanto, não podemos deixar de mencionar a importância do pensamento positivo, uma vez que ele tem o potencial de causar uma enorme diferença para o sucesso da sua comunicação, já que pode ajudá- lo a ter mais confiança em si mesmo.
Por que é tão importante assim? Como o pensamento positivo pode impactar no meu discurso?
Vamos começar pelo medo. O medo é um grande vilão do seu discurso, uma vez que ele pode facilitar o estabelecimento de um ciclo de conversa interna negativa, especialmente antes de você falar, enquanto se “auto- sabota” com pensamentos como “Eu nunca serei bom nisso!” ou “Eu vou cair de cara no chão!”. Pensamentos assim têm grande capacidade de abaixar a sua confiança e de aumentar as chances de não conseguir o que realmente é capaz.
Como contornar essa situação? O que fazer para se livrar desses pensamentos?
Você pode adotar estratégias variadas. Uma delas é a de utilizar afirmações e visualizações para aumentar sua confiança, o que é especialmente importante antes de sua fala ou apresentação. Nesse contexto, tente visualizar uma apresentação bem- sucedida e imagine como se sentirá quando terminar e quando fizer uma diferença positiva para os outros. Use afirmações positivas como “Sou grato por ter a oportunidade de ajudar o meu público” ou “Eu vou me sair bem!” Essas frases podem variar de acordo com o contexto, o tipo de apresentação e o tipo de público. O importante é que sejam eficazes para torná- lo confiante de que está fazendo algo BOM, que pode ensinar muito a diversas pessoas e esclarecer eventuais dúvidas dos indivíduos presentes.
Dica de número 4: se possível, assista a gravações de seus próprios discursos
Muitas vezes esquecemos que, além de assistir a discursos de autoridades para buscar motivação e “aprender com que sabe” podemos aprender muito com nós mesmos! Sempre que possível, grave as suas apresentações e os seus discursos em geral. Você pode melhorar drasticamente as suas habilidades de conversação observando-se mais tarde e, em seguida, trabalhando para melhorar em aspectos que não foram tão bem sucedidos.
Enquanto você assiste, olhe para a sua linguagem corporal: você está balançando, apoiando-se no pódio ou apoiando-se pesadamente em apenas uma perna? Você está olhando para o público? Você sorriu, você teve nuances de expressão adequados ao contexto? Ou manteve uma face de nervosismo durante toda a apresentação? Você falou claramente em todos os momentos? Enquanto assistia ao vídeo, você conseguia entender a si mesmo? Acha que a mensagem foi transmitida de forma eficaz?
Por isso, ao assistir ao vídeo:
– Preste atenção aos seus gestos. Eles parecem naturais ou forçados? Certifique-se de que as pessoas possam vê-los, especialmente se você estiver de pé atrás de um pódio.
– Veja como você lidou com interrupções, como um espirro ou uma pergunta para a qual você não estava preparado. Seu rosto mostra surpresa, hesitação ou aborrecimento? Se assim for, pratique o gerenciamento de interrupções como essas, para que você fique ainda melhor da próxima vez
– Mesmo que ache honestamente que seu discurso foi “ruim”, não desista. Você deve estar se assistindo em um esforço para melhorar, não para destruir sua auto- estima. A única maneira de melhorar é praticar. Por isso, saia da sua zona de conforto e prepare mais apresentações/ discursos. Inclusive, com o tempo de prática, proferir um discurso pode se tornar algo corriqueiro e bem mais simples, não sendo mais necessário efetivamente sair da zona de conforto para proferí- lo.
Espero que você consiga, com esse artigo, tentar superar o medo de falar em público e desenvolva as suas habilidades, cada vez mais. Vamos resumir então os pontos principais?
- Planeje adequadamente
- Comece de forma impactante, seja com uma história pessoal, seja com uma citação de um especialista ou mesmo com uma estatística chocante.
- Conheça o público e as suas intenções
- Analise o local em que se dará a apresentação: chegue em tempo hábil para verificar a área de fala e, se possível, pratique usando o microfone e quaisquer recursos visuais
- Estruture seu material em três seções – início, meio e fim e, sobretudo, conheça o seu material
- Pratique: ensaie com todos os equipamentos que você planeja usar
- Envolva-se com seu público
- Sorria e procure manter o semblante sereno, demonstrando estar contente por estar alí
- Preste atenção à linguagem corporal
- Pense positivamente
- Assista às gravações de seus discursos
- Aproveite todas as oportunidades em que você puder falar e ouça outros oradores. Prepare-se bem antes do tempo. A experiência gera confiança, que é a chave para falar com eficiência