Caracteristicamente, a faculdade de medicina traz estressores com os quais nem todos os alunos conseguem lidar. Além da carga horária exaustiva, o estudante de medicina é sobrecarregado com uma infinidade de temas a serem estudados, diversas provas e, o mais importante: sente- se muitas vezes pressionado pela grande responsabilidade de ser um futuro médico. Com isso, o esgotamento pode se manifestar.
[show_more more=”Ler mais” less=”ler menos” color=”#008ec2″ size=”120″ align=”center”]
O “Burnout”
Burnout é conhecido como um estado de estresse crônico, o qual contribui para o esgotamento emocional e físico, algo que soa bastante familiar aos estudantes de medicina, não é mesmo? A síndrome já tem diversos artigos, portaria do ministério da saúde e até uma recomendação de CID, o Z73.0 Para o nosso azar, vários estudos evidenciaram que os alunos de medicina são mais susceptíveis ao burnout do que estudantes de outros cursos; além disso, pesquisas mostram que cerca de 50% do total dos residentes de medicina apresentam sintomas de burnout.
Em geral, constata- se que os futuros doutores estão sob grande pressão, mas são constantemente aconselhados a levar adiante sua luta contra o esgotamento, uma vez que possuem um objetivo nobre: o de ajudar o outro. No entanto, muitas vezes essa tentativa de alívio do sofrimento alheio acaba causando sofrimento a si mesmo. Paradoxal, não é mesmo? Pois é…
Como o “burnout” do estudante de medicina afeta a vida pessoal
O burnout pode se manifestar na vida pessoal de várias maneiras. Por exemplo, estudantes de medicina têm se mostrado mais propensos ao abuso de substâncias do que pessoas de mesma faixa etária e classe social que cursam outros cursos.
Além disso, o burnout pode se manifestar de muitas outras formas, como humor deprimido, ansiedade, insônia, cefaleias, problemas gastrointestinais e dificuldade de concentração. Consumir mais álcool, desenvolver uma visão cínica da vida e se distanciar de pessoas próximas por “falta de tempo” são comumente comportamentos que surgem como respostas dos estudantes de medicina ao esgotamento em suas vidas pessoais.
Nesse sentido, por mais que os efeitos do burnout possam se apresentar de forma variável de pessoa para pessoa, existem alguns indicadores de estresse extremo. Quais são eles? Como identificar?
Exaustão
O cansaço extremo é um dos sintomas mais aparentes de burnout em estudantes de medicina. O excesso de tempo destinado ao estudo pode facilmente resultar em exaustão relacionada ao esgotamento. Dessa forma, é essencial que se busque um equilíbrio entre as horas de estudo e as horas de lazer. Fundamental também é que os alunos tenham a quantidade certa de sono para realizar as tarefas diárias e reter informações.
Distanciamento emocional
Se um estudante de medicina, anteriormente apaixonado e otimista em relação à profissão, parece insensível e cínico com a própria carreira, ele pode estar sofrendo de esgotamento. Esse quadro é prejudicial para as relações pessoais do aluno e para a sua futura profissão.
Sentindo-se incompetente ou inútil
Um estudante de medicina pode estar lutando contra o desgaste se começar a se sentir completamente incompetente ou inútil na escola e na vida pessoal. Uma atitude desesperada pode ser um sinal de que um aluno está sentindo que não é inteligente ou bom o suficiente para assumir suas responsabilidades atuais.
Sentindo- se sozinho
Muitas vezes, os estudantes de medicina assumem uma carga de trabalho tão pesada que ficam esgotados e sentem que ninguém entende o que estão vivenciando. É importante promover o convívio e a solidariedade dentro da escola médica, a fim de evitar que os alunos se sintam sozinhos em suas lutas.
5 dicas de como estudar nas férias e ter tempo para descansar
Causas de burnout do estudante médico: como contornar a situação?
Todas as possíveis causas de burnout devem ser reconhecidas e compreendidas pelas administrações escolares, a fim de que seja possível planejar intervenções.
Falta de tempo
A demanda da faculdade de medicina muitas vezes consome a maior parte do tempo do aluno. Sentir as pressões de um cronograma extenso de estudo pode provocar ausência nos eventos sociais ou reuniões familiares.
Como contornar a situação?
O estudante precisa ser incentivado a planejar um cronograma mais flexível. Por mais que se sinta pressionado pela faculdade, ele precisa entender que existem outros valores e questões importantes (como o tempo em família!) e que não pode abdicar deles. Para tal, indica- se que o aluno com dificuldade para encontrar esse equilíbrio planeje sua rotina destinando um tempo específico para cada atividade que julgar importante (estudo, lazer, esportes, família), e cumpra com o planejamento diário! Inicialmente pode parecer “engessado”, mas é uma boa tática até que essa conciliação se torne uma tarefa mais natural.
Médicos “não têm doenças mentais”
Uma causa séria de burnout em estudantes de medicina é a crença de que médicos e futuros médicos não lidam com doenças mentais, como depressão ou ansiedade. Como se o médico fosse um ser humano diferenciado, inatingível (até parece!). Essa crença falsa pode fazer com que os estudantes de medicina sintam- se sozinhos em sua luta contra as doenças mentais.
Como contornar a situação?
A comunicação de que a doença mental pode estar presente em qualquer pessoa, inclusive nos médicos, é crucial para propiciar um ambiente em que os alunos sintam- se à vontade para falar sobre seus problemas e para que criem coragem para busquem ajuda!
Expectativas inatingíveis
Expectativas de pais, de professores e até de si podem fazer com que os estudantes de medicina achem que são incapazes ou incompetentes. Sentimentos de ineficiência podem levar o aluno a internalizar seus sintomas de burnout ainda mais, não querendo expressar qualquer vulnerabilidade.
Como contornar a situação?
Compreender suas limitações e entender que elas são naturais. Procurar estratégias para superá-las; internalizar a ideia de que o aprendizado é contínuo e não é (nem nunca será) possível saber “tudo sobre tudo”. O aluno precisa ter humildade para assumir que não domina determinado assunto e para buscar ajuda de outros médicos. Afinal, buscar ajuda quando não se sabe (assim como ensinar a quem não sabe) não é demérito: é compartilhar conhecimento!
Nenhum incentivo para o bem-estar
Os estudantes de medicina são frequentemente orientados a “cuidar de si mesmos”. Mas, muitas vezes, não são fornecidos meios para tal.
Como contornar a situação?
Buscar atividades coletivas, como participar das equipes de esporte das atléticas; de associações estudantis; de grupos de música; ou quaisquer outras atividades de interesse que estejam fora do currículo e que ofereçam um ambiente prazeroso. Uma opção interessante é combinar atividades de lazer semanais com outros alunos de medicina que também procuram escapar da rotina.
[/show_more]
Excelente artigo. Parabens. Bjo.
Que bom que gostou, Cristiane!