5 Momentos em que a Imunologia vai ser parte da sua vida médica
O início da faculdade de medicina muitas vezes é encarado como marco na vida pessoal. Um dos motivos dessa importância é a quantidade de novas portas e experiências que se abrem no início do curso.
As tentações como festas, novas amizades, ligas e trabalhos científicos se apresentam a todo o momento. Em meio a essa enxurrada de opções, algumas matérias podem passar despercebidas e sem uma importância adequada, é o caso da Imunologia.
Seja por uma defasagem das faculdades em mostrar a relevância do tema ou professores que não dão aulas com encanto, o estudo do sistema imune muitas vezes passa como inútil, chato, denso e fica esquecido nos primeiros anos do ciclo básico.
É por isso que a equipe do Jaleko preparou pra você um verdadeiro compilado de situações na sua vida médica onde a imunologia estará presente. Dessa forma, nosso objetivo é dar um gás no seu estudo e ajudar para que você esteja preparado, como médico, pra atuar nessas situações.
Transplante de Órgãos
Não há como falar da história da imunologia sem citar os estudos com transplantes de órgãos. Essa modalidade de tratamento de doenças terminais funcionou como pontapé para entender como funcionava a rejeição do corpo humano às células provenientes de outro indivíduo. Descobriu-se os complexos maiores de histocompatibilidade (MHC), as doenças enxerto versus hospedeiro e a complexa rede de interações que permite o corpo diferenciar aquilo que é próprio do que é não-próprio.
Nesse caminho, o médico passou a entender como funcionava o processamento e apresentação de antígenos bem como os mecanismos que o corpo usa para destruir o que é considerado “invasor”. O cirurgião que atua nessa área, é preciso estar atento a eventuais processos adversos e trabalhar com fármacos que diminuam a resposta de rejeição do corpo contra esses novos órgãos.
Doenças Autoimunes
Ainda no caminho da diferenciação do que é próprio do que é não-próprio começamos a perceber que algumas pessoas tinham problemas nesse reconhecimento e passavam a atacar a si mesma. Lúpus eritematoso sistêmico, esclerose múltipla, diabetes mellitus tipo 1, miastenia gravis e artrite reumatoide são só algumas das mais de 120 doenças autoimunes já descritas.
O estudo dessas doenças serviu não só para descobrir a eficácia dos corticoides em seu tratamento, mas também entender os processos de seleção e maturação das células imunes. Foi possível entender os pontos-chaves onde ocorria a falha no desenvolvimento das células que permitia que elas atacassem o próprio organismo. Assim o reumatologista consegue intervir de forma adequada para melhorar a qualidade de vida dos portadores dessas doenças crônicas e debilitantes.
Imunizações
Em 1973 foi formulado o Programa Nacional Imunizações – PNI, estimulado pelo sucesso das campanhas de vacinação contra varíola na década de sessenta. O empenho em implementar esse programa veio dos estudos da imunologia onde descobriu-se que pacientes que já haviam adquirido alguma doença tinham uma resposta mais rápida e mais eficaz numa possível segunda infecção. Começou-se a estudar a imunização ativa, imunização passiva, resposta imune primária e secundária.
Os cientistas passaram a entender os variados mecanismos de indução de resposta imune e até mesmo produzir partículas, em laboratório, capazes de induzi-las. Além disso, foi possível o desenvolvimento de soros, principal representante da imunidade passiva, tanto usado nos acidentes com animais peçonhentos. Como pediatra, médico de família e comunidade ou emergencista, sua atuação vai ser importante garantindo que as crianças e adultos mantenham vacinação em dia. Com empenho, é possível a erradicação de algumas doenças e tratamento de venenos potencialmente fatais.
Imunossupressão
Marco na história da medicina dos anos 80 e 90, a Síndrome da Imunodeficiencia Adquirida causou impacto em imunologistas, infectologistas e na sociedade como um todo. Trazendo à tona as consequências de uma diminuição drástica da atuação do sistema imune, seu estudo permitiu entender melhor o funcionamento de uma célula até então pouco elucidada, o Linfócito T auxiliar.
Foi necessária a atuação conjunta de TODAS as esferas de ciências da saúde para alinhar prevenção, controle e tratamento da infecção pelo HIV. Não só em relação às células humanas, mas também foi possível aprofundar o estudo da virologia e entender os mecanismos que o vírus da imunodeficiência humana usava para burlar as armas imunológicas.
Com isso, houve avanço da terapia antirretroviral e a taxa de mortalidade da época não é a mesma hoje, tornando quase que semelhante a expectativa de vida de um paciente soropositivo em comparação com um soronegativo. Visões do futuro nos permitem sonhar com tratamentos definitivos e erradicar com sucesso a infecção pelo HIV.
Tumores
Grandes participantes da transição epidemiológica das populações desenvolvidas, o câncer figura no topo da categoria das patologias que mais matam no mundo chegando a ocupar a terceira posição em alguns estudos científicos.
Antes considerado sentença de morte, o estudo e aprofundamento da sua fisiopatologia permitiu instituir medidas terapêuticas mais eficazes e menos agressivas aos pacientes. A imunologia do câncer permite entender como o corpo age reconhecendo células potencialmente neoplásicas e estimulando os mecanismos de apoptose para sua erradicação.
Além disso, foi possível entender que algumas células cancerígenas podem expressar marcadores específicos em sua superfície, sendo este ramo muito trabalhado em busca de soluções terapêuticas futuras, produzindo anticorpos, ligantes de receptores e outras moléculas capazes de diminuir a progressão da doença. O oncologista precisa estar atento as atualizações terapêuticas dos diferentes tipos de câncer para promover melhor qualidade de vida aos seus pacientes.
Conclusão
Agora que você já entendeu onde e como a imunologia pode aparecer na sua vida médica é hora de meter a cara nos estudos! Então pega sua caneta, seu caderno e vem com a gente aprender como estudar imunologia.