Nervo Olfatório: o primeiro par (I)
Nervo Óptico: o segundo par (II)
Nervo Oculomotor, Nervo Troclear e Nervo Abducente: o terceiro (III), quarto (IV) e sexto (VI) pares
Nervo Trigêmio: o quinto par (V)
Nervo Facial: o sétimo par (VII)
Nervo Glossofaríngeo e Nervo Vago: o nono (IX) e décimo (X) pares
Nervo Acessório: o décimo primeiro par (XI)
Nervo Hipoglosso: o décimo segundo par (XII)
Fala pessoal do Jaleko!
Continuando a série sobre nervos cranianos, o assunto de hoje é o Nervo Vestibulococlear. Já ouviu falar? Sabe a função dele, como testá-lo? Não??? Então vem comigo!!
Figura 1: Nervos Cranianos
Patrick J. Lynch, 2017
Nervo Vestibulococlear (VIII)
O VIII par craniano é o Nervo Vestibulococlear. Se origina também no sulco bulbo-pontino (lateralmente ao VII par), penetra no osso temporal pelo meato acústico interno e o atravessa, juntamente com o nervo facial e o nervo intermédio, mas não emerge do crânio.
É composto por uma porção vestibular e outra porção coclear. A parte vestibular possui funções relacionadas ao equilíbrio. Já a parte coclear está envolvida com a audição.
O primeiro teste semiológico realizado tem como finalidade avaliar a porção vestibular do nervo. É o conhecido Teste de Romberg. Consiste em pedir que o paciente fique de pé, com os pés juntos e os braços ao lado do corpo, o examinador se posiciona ao lado do paciente com os braços ao redor do mesmo de modo a evitar quedas, e então pede ao paciente que feche os olhos. Se o nervo estiver lesado, ele cairá para o lado da lesão.
Para testar a porção coclear do nervo, dois testes devem ser realizados. O Teste de Weber, que tem como função avaliar a audição do paciente; é necessário utilizar um diapasão. Para realizá-lo deve estimular a vibração do diapasão e, então, colocar a haste única no topo do crânio do paciente (no centro), no meio da testa ou acima do lábio superior sobre os dentes. Feito isso, pergunte ao paciente em qual orelha o som é escutado melhor. O teste pode detectar uma perda auditiva de condução ou neurossensorial. Se de condução, o som será mais ouvido na orelha afetada, pois o som será transmitido diretamente pelos ossos do crânio e não pela orelha. E se a causa for neurossensorial o som será mais intenso na orelha não afetada, pois a orelha afetada absorve menos o som, ainda que o som seja transmitido diretamente.
E o terceiro teste é o Teste de Rinne, também utilizado para testar a audição, por condução aérea e óssea. Juntamente com o teste de Weber, pode se chegar a um diagnóstico quanto às duas causas de perda auditiva. O teste também faz uso de diapasão, que deve ser estimulado a vibrar e então encostado perpendicularmente no processo mastoide e o paciente deve avisar quando deixar de ouvir o zumbido, e ainda com o diapasão vibrando aproxime-o (sem encostar) da orelha do paciente e pergunte se o paciente ainda ouve o zumbido. O normal é que o tempo de percepção aérea seja maior que a percepção óssea. Na perda auditiva condutiva o paciente apresenta condução óssea maior que a área e na perda auditiva neurossensorial as conduções óssea e aérea estão diminuídas, sendo que a condução aérea ainda se sobressai um pouco. Como dito, o teste de Rinne e o teste de Weber devem ser associados para confirmar a causa da perda auditiva. Em suma, na surdez de condução, a vibração do teste de Weber lateraliza para o lado afetado e o teste de Rinne é negativo. Já na surdez neurossensorial, o teste de Weber lateraliza para o lado não afetado e o teste de Rinne é positivo.
A prova de Schwabach também pode ser realizada. Ela avalia a duração da condução óssea em segundos, comparando-a com a de um indivíduo normal. Para realizá-la deve colocar o diapasão vibrando sobre o processo mastoide e verificar por quantos segundos o paciente ouve.
Todos esses testes são utilizados para testar a função do nervo vestibulococlear e alterações nas funções podem ocorrer caso haja lesões no nervo.
Quanto à audição, algumas desordens podem ocorrer. Por exemplo, a hipoacusia (redução da audição), anacusia (perda completa da audição) ou hiperacusia (excesso de som, causada principalmente por lesão do músculo estapédio, inervado pelo VII nervo), podem ocorrer. Há também distúrbios como disacusia (leva a alteração na qualidade do som) e paracusia (perversão ou distorção da audição; o paciente escuta melhor em ambiente com ruídos do que em um ambiente silencioso).
A Doença de Ménière acomete o nervo vestibulococlear tanto em sua porção vestibular quanto na porção coclear e, com isso, leva à perda auditiva neurossensorial que pode acontecer por uma doença da cóclea, como é o caso da Doença de Ménière, e a alterações de equilíbrio. Acredita-se ser causada por aumento de líquido no ouvido interno. É uma doença clássica que apresenta tinitus (como assobio, rugido ou zumbido), sensação de plenitude auditiva (como se o ouvido estivesse repleto de água), flutuação da audição e episódios de vertigem (tonteira, falsa sensação de que tudo está rodando). No inicio da doença a audição é normal, porém a cada episódio/ataque a audição sofre uma redução, podendo levar o individuo à surdez neurossensorial. A doença pode ser agravada por consumo excessivo de sal e, sendo assim, dietas pobres em sal e uso de diuréticos podem evitar crises.
Um outro quadro que pode levar à perda auditiva neurossensorial é o neurinoma do acústico, também chamado de Schwannoma vestibular, onde ocorre o desenvolvimento de um tumor benigno, mas que provoca alterações devido ao efeito de massa, comprimindo estruturas. Na maioria das vezes é unilateral. Como fora dito, pode comprimir estruturas, uma delas sendo o nervo coclear, responsável pela audição, e portanto, levar a alterações auditivas. Pacientes com este quadro podem desenvolver, além do comprometimento auditivo, alterações visuais e no equilíbrio (por disfunção da porção vestibular do VIII par), e alterações dos músculos da face (por compressão do nervo facial).
Quanto à perda auditiva por condução, uma importante causa para a mesma é a obstrução do conduto auditivo externo e ouvido médio devido à infecções, por exemplo, e essa perda pode ser revertida pelo tratamento da infecção.
Enfim pessoal, essas são algumas das patologias que podem alterar as funções do VIII par e, por isso, os testes aqui descritos são importantíssimos para avaliar se há presença de lesão do nervo. Saber realizá-los e compreender os resultados dos mesmos é de suma importância na carreira médica.
Faça, refaça, treine!!! Acredite, vale a pena!!
Até a próxima! Espero ter ajudado!! Bons estudos! Abraços!