Guilherme, por que vou querer saber sobre disfunção erétil? Acredite, o que não vai faltar na sua vida como médico é paciente procurando saber se pode ou não utilizar algo para melhorar esse sintoma, ou aquele amigo, tio, primo que vai lhe procurar para tirar algumas dúvidas sobre o “azulzinho”.
A disfunção erétil acomete até 20% da população e afeta de maneira importante a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias.
É caracterizada pela incapacidade persistente de ter e manter ereções suficientes para uma relação sexual satisfatória.
Na maioria das vezes é apenas uma consequência da doença cardiovascular sistêmica (sendo assim, associada com fatores etiológicos semelhantes, além de maior risco de desenvolver eventos cardiovasculares). Em outros casos, pode estar relacionada com cirurgias pélvicas, traumas, doenças neurológicas, deficiência hormonal e questões psicológicas.
COMO EU DESCUBRO SE MEU PACIENTE REALMENTE POSSUI DISFUNÇÃO ERÉTIL?
Primeiramente, devemos tentar diferenciar se trata-se de disfunções puramente psicogênicas, orgânicas ou mistas. Para isso, a história e o quadro clínico são essenciais. Por exemplo, indivíduos jovens, sem doença cardiovascular, sem manipulação prévia de topografia pélvica, ausência de trauma, doença neurológica, tipicamente se apresentarão com disfunção psicogênica. Neste caso, os pacientes apresentam ereções matinais ou noturnas preservadas e com boa rigidez, além de ereções normais à masturbação. Muito comum apresentarem dificuldade de manter a ereção no momento da penetração (período de maior ansiedade), também podendo estar envolvido com ejaculação precoce (pela mesma ansiedade). Quadros típicos de disfunção psicogênica não necessitam de investigação adicional.
Por outro lado, pacientes idosos, com doença cardiovascular e/ou fatores de risco, com perda de ereção espontânea estão sob risco de apresentarem alguma disfunção orgânica.
ALGUMAS SITUAÇÕES ESPECIAIS QUE NECESSITAM DE INVESTIGAÇÃO:
. disfunção erétil primária (sem fator causal orgânico ou psicogênico);
. história de trauma, com proposta de cirurgia vascular curativa;
. deformidades (Ex.: doença de Peyronie);
. disfunções psiquiátricas;
. desordens endócrinas
Indivíduos com ereções noturnas normais não apresentam alteração no mecanismo ou na capacidade de ter ereção (caracterizando a disfunção psicogênica). Atualmente, existem aparelhos capazes de medir o grau de rigidez e o tempo de manutenção desta durante a noite. Indivíduos apresentando mais de 60% de rigidez, com mais de 10 minutos de duração em ereções noturnas, são funcionalmente normais.
O Doppler peniano é um exame pouco invasivo e testa o status vascular peniano (através de injeção intracavernosa de agentes erectogênicos).
Nos pacientes com risco de disfunção hormonal associada, a análise com dosagem sérica de LH, testosterona total, testosterona livre deve ser solicitado. E quem são os pacientes sob risco? Portadores de síndrome metabólica, idosos, diabéticos, aqueles com diminuição da libido e redução do volume testicular.
OK! E DEPOIS DISSO TUDO, COMO VOU AJUDAR AQUELE MEU PRIMO, AMIGO, TIO E, PRINCIPALMENTE, MEUS PACIENTES?
Aqui se faz importante uma observação! Poucos são os pacientes que atingem a cura da disfunção erétil, com exceção daqueles que possuem disfunção psicogênica, indivíduos jovens vítimas de trauma com lesões arteriais ou disfunção hormonal grave.
Psicoterapia, com equipe multiprofissional, está indicada em pacientes com disfunção puramente psicogênica. A revascularização de lesões arteriais apresenta taxa de sucesso de aproximadamente 70%.
A reposição hormonal, quando bem indicada, possui uma boa taxa de sucesso.
Os inibidores da fosfodiesterase-5 (IPDE-5) são considerados o pilar do tratamento da disfunção erétil (responsáveis por relaxar a musculatura lisa intracavernosa e causar a ereção). Mas lembre-se, eles não induzem a ereção, somente a facilitam, sendo necessário o estímulo! Podem ser utilizados de forma contínua ou sob demanda (decisão a ser avaliada individualmente).
SE EU UTILIZAR UM IPDE-5, EU POSSO INFARTAR? Bom, o que sabemos é que essas drogas não aumentam a incidência de eventos cardiovasculares, porém o seu uso está contraindicado associado com nitrato pelo risco de hipotensão. Efeitos colaterais mais comuns dessas drogas são: cefaleia, rubor facial, dispepsia, congestão nasal.
Uma alternativa (segunda linha) é a utilização de prostaglandina injetável intracavernosa, realizada quinze minutos antes da relação. Ereções muito duradouras devem alertar o paciente a procurar um médico pelo risco de priapismo e fibrose.
GUILHERME, JÁ OUVI FALAR DE PRÓTESE PENIANA, ISSO REALMENTE EXISTE?
Sim! Elas realmente existem, consistindo em uma terceira linha de tratamento e só deve ser considerada nos pacientes que falharam com tratamento medicamentoso ou que desejam muito um tratamento definitivo. Quando indicados de forma correta, apresentam alta taxa de satisfação.
Então, quais sãos os principais problemas delas? Infecções, extrusões (nas próteses maleáveis) e mau funcionamento mecânico (nas infláveis).
AQUI ESTÁ UM PEQUENO RESUMO PARA ISSO DEIXAR DE SER APENAS UM ASSUNTO CURIOSO PARA VOCÊ!
muito bom post, realmente esclarecedor
Não fizemos mais do que a nossa obrigação!