O ciclo clínico pode ser traduzido em três termos: transição, aprendizagem prática e desafio. É um ciclo muito esperado pelo aluno que iniciou a faculdade e está há cerca de 2 anos se debruçando em anatomia, laboratórios e lâminas de histologia e não vê a hora de ir para a prática clínica de fato. Para alguns, “a verdadeira Medicina” começa no ciclo clínico, por isso é tão esperada. Para você que vai começar esse ciclo, fique com meu relato de experiências vividas e compartilhadas até o momento no ciclo básico.
A rotina de um aluno no ciclo clínico
A rotina do ciclo básico é desafiadora para qualquer aluno. Sair do ciclo básico, no qual somente havia o contato com peças anatômicas e livros, e se deparar com hospitais, sistemas de operação, exame físico na prática, avaliação na hora do professor e dores reais de pacientes é desafiador, mas estimulantes. Nesse ciclo, a rotina se compõe em ter aulas teóricas (um pouco mais reduzidas do que o normal) acompanhada de muitas práticas em hospital e Unidade Básica de Saúde (UBS), basicamente.
Nos estudos, caberá a você entender qual a demanda de aulas e de revisões para as avaliações você necessitará. Em muitos casos ficará cansado para estudar a noite, porém busque manter a constância e, por pior que seja, utilize de alguns turnos no final de semana para “desafogar” as matérias atrasadas, valerá a pena em alguns momentos, basta se organizar. Além disso, nesse ciclo é muito comum os alunos utilizarem fontes de “preparatórios de residência” para estudarem, porém aqui vai uma dica de ouro: Só faça uso desses materiais resumidos se realmente você se dedicou nos anos anteriores em fontes recomendadas pela Medicina (Tratados, Ministério da Saúde e demais fontes oficiais), isso porque é de suma importância que você tenha essa experiência com tais fontes, caso contrário, acredite, você não terá mais e poderá perder a oportunidade de habilidade de síntese e compreensão teórica.
Nesses campos de prática, tem-se a oportunidade de acompanhar a rotina do centro cirúrgico, de ambulatórios, enfermarias e até mesmo de bairros adstritos pela UBS. Será puxada, será mais desgastante do que a mera rotina de estudos no EaD, mas a prática valerá muito a pena. É um mix de sentimento de cansaço e satisfação pela jornada da profissão que está construindo.
Como se preparar para a prática
Como tudo será novo, é normal ter bilhões de dúvidas no início das práticas, sobretudo da primeira. Por isso, segue abaixo três dicas que eu gostaria de ter ouvido para as minhas práticas:
Estude e revise as matérias teóricas da disciplina que terá prática
Ter esse embasamento teórico fará com que a prática seja mais proveitosa, caso contrário, você se sentirá mais frustrado do que animado. Se sentir perdido é normal, e está tudo bem, o que não dá é não buscar aprender onde errou, pois aí você deixa de se desenvolver como estudante.
Seja cordial com os professores e com os pacientes
Mais do que praticar a teoria, você praticará a humanidade. Serão médicos acostumados a lidar com vários alunos rotineiramente, logo, dar uma atenção maior a quem ele é e a trajetória dele fará com que ele se sinta mais interessado em te ensinar, visto que você não estará somente com ele para cumprir tabela. Bem como os pacientes, um simples bom dia com sorriso no rosto (mesmo que por trás da máscara), já poderá fazer toda diferença na aceitação e no desenvolver do atendimento. Lembre-se, os pacientes muitas das vezes são examinados por muitos alunos diferentes durante o dia, cabe então a você uma cordialidade e compreensão pela situação daquele que mais precisa de ajuda, o paciente.
Saiba se portar
É normal não sabermos a vestimenta ideal e os itens que precisamos levar ao campo de prática. Mas caso o professor não lhe oriente com isso antes da prática acontecer, alguns itens são indispensáveis para a prática, por exemplo: calça comprida (evite rasgados ou pantacurt), camisetas fechadas (evite alcinha ou decotes), cabelo preso/arrumado, Jaleko (ops, jaleco! rs), caneta, caderno pequeno para caber no bolso do jaleco, álcool em gel e estetoscópio, se tiver. Demais utensílios podem auxiliar sua prática, mas esses sãos os mínimos necessários. Além disso, não custa lembrar, evite atrasos!! Se programe para chegar ao menos 10minutos de antecedência do combinado, o professor entenderá seu comprometimento e zelo com sua prática.
Atividades extracurriculares no ciclo clínico
Sabe aquele ciclo obrigatório para fechar as horas extracurriculares antes do tão temido/sonhado internato? Pois bem, é o ciclo clínico!
São os seus últimos 2 anos para fechar horas obrigatórias de cada pilar em pesquisa, extensão e ensino na sua faculdade, por isso, vale a pena conferir aquelas informações que foram lhe passadas lá no primeiro semestre de calouro, mostrando qual a porcentagem de cada pilar para concluir antes do internato. Não deixe para o último ano do ciclo clínico. Comece a se organizar desde já para concluir esses horários extracurriculares. Busque em ligas acadêmicas, projetos de pesquisa, Iniciação Científica, Monitoria, Atlética, Centro Acadêmico, Empresa Junior, projeto de extensão e demais atividades, a sua preferida e que lhe fornecerá as horas que precisa. Em algumas faculdades, as atividades que compõe cada pilar podem mudar um pouco, por isso, confira com sua diretoria ou Centro Acadêmico quais as informações mais atualizadas sobre tais horas extracurriculares obrigatórias, a fim de evitar dor de cabeça nesse ciclo e no posterior, os quais por si só já causa insônia o bastante.
Dica final: faça escolhas de acordo com seus objetivos. Não é mais a hora de “entrar por entrar”, ao escolher um projeto para fazer parte, saiba quem é o orientador, a estrutura e realidade da rotina do projeto, bem como o time, esses fatores podem te ajudar a selecionar suas experiências extracurriculares, caso não tenha uma especialidade específica em mente e queira se aprofundar em tal. No mais, também não se prenda à especialidade específicas, é tempo de experimentar!