A Tricomoníase também é uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível), causada pelo protozoário flagelado Trichomonas vaginalis. A coinfecção com o gonococo e outros agentes sexualmente transmitidos é comum. Apesar da maior frequência de casos sintomáticos na população feminina, os homens também podem ter o trato urogenital acometido. Vamos conhecer um pouco mais…
Aspectos da infecção e do parasita:
A tricomoníase é uma vaginite sexualmente transmissível. O agente etiológico dessa doença é o Trichomonas vaginalis, parasita exclusivo do ser humano e que tem a capacidade de sobreviver no ambiente extravaginal. Nas mulheres, pode causar lesões na vagina, colo do útero, uretra. Nos homens, afeta sobretudo a uretra (onde pode permanecer longos períodos sem causar sintomas). O protozoário possui quatro flagelos e uma membrana ondulante, é anaeróbio e tem formato oval. Ele sobrevive bem em meio úmido e com pH maior ou igual a 5.
Transmissão:
Esse parasita é transmitido principalmente, durante as relações sexuais desprotegidas. No entanto, como sobrevive em ambiente extravaginal, pode ser transmitido por toalhas, assentos sanitários, entre outros objetos compartilhados e que tiveram contato íntimo com as secreções contaminadas.
Sintomatologia:
A tricomoníase cursa com um intenso processo inflamatório, provocando microulcerações que facilitam a entrada de outros microrganismos.
- Nas mulheres: os sintomas da tricomoníase se acentuam durante ou após a menstruação. Elas se queixam de prurido, odor forte, corrimento profuso de cor amarelada ou amarelo-esverdeada, espumoso, associado a ardor genital e sensação de queimação (irritação vulvar), disúria e dispaneuria (dor durante a relação sexual). Uretrites e cistites também podem ocorrer. Na vagina, a infecção é limitada ao epitélio escamoso, mas a uretra e as glândulas de Skene são infectadas. Somente entre 10 e 20% das pacientes são assintomáticas.
- Nos homens: a tricomoníase é na maioria das vezes, assintomática. No entanto, pode causar uretrite com secreção amarelada ou amarelo-esverdeada (purulenta) ou espumosa. Ademais, disúria e polaciúria. Raramente, pode gerar complicações como epididimite e prostatite.
Diagnóstico:
O diagnóstico é essencialmente clínico-epidemiológico. E sua certeza é estabelecida com a visualização do parasita.
Nas mulheres: i) ao exame especular, se visualiza exteriorização de secreção amarelada ou amarelo-esverdeada bolhosa; ii) pela colposcopia, o colo uterino apresenta uma colpite difusa e/ou local, com aspecto de framboesa ou tigroide ou de morango; iii) pela bacterioscopia, observa-se a presença de parasitas gram negativos; iv) no exame a fresco, é possível a visualização microscópica dos protozoários flagelados e sua movimentação, bem como da presença abundante de leucócitos.
Além desses, o teste das aminas (ou do KOH ou de Whiff) pode ser realizado. Neste teste, a secreção vaginal é colocada numa lâmina e em seguida, uma gota de KOH a 10% é sobreposta. Na presença de vaginite por T. vaginalis, haverá reação e produção de aminas (que são voláteis). Dessa forma, haverá liberação de odor forte de peixe, sendo o teste considerado positivo. Vale lembrar que na vaginose bacteriana (causada pela bactéria comensal da flora vaginal, Gardnerella vaginalis), o teste das aminas também é positivo e o pH vaginal também é maior que 4,5 (básico). Técnicas de amplificação do ácido nucleico podem ser utilizadas, para detecção simultânea com outros agentes.
Nos homens, além do exame físico, com presença de uretrite secretiva e história favorável: i) culturas (padrão-ouro) da urina e swabs uretrais podem ser usados; ii) NAATs (testes de amplificação de ácido nucleico) – a partir de swabs genitais ou uretrais, o material genético do protozoário é amplificado (muitas vezes, juntamente com o da Clamídia).
Tratamento:
O medicamento preconizado é o Metronidazol, 500mg, 12/12h, por 7 dias. Ou até mesmo em dose única de 2g. O Tinidazol em dose única também pode ser utilizado, tendo maior aderência ao tratamento.
Atenção!! Mulheres, mesmo gestantes, devem ser tratadas por 5 a 7 dias (sendo o tinidazol contraindicado), pois a tricomoníase pode causar uma rotura prematura das membranas.
Precisa tratar a parceria sexual?
SIM!! A tricomoníase é uma IST! Logo, as parcerias sexuais – principalmente, das últimas 2 semanas – devem ser identificadas e tratadas adequamentes, mesmo sem sintomas.
Tricomoníase tem cura?
SIM!! A tricomoníase tem cura, mas não estimula imunidade protetora e duradoura. Ou seja, independente do sucesso terapêutico, a profilaxia deve ser sempre cumprida.
Prevenção:
Simples e de fácil acesso, se dá pelo uso de preservativos (feminino e masculino) – em todas as exposições sexuais (inclusive, no sexo oral).
Até o próximo artigo!