Você já deve ter ouvido falar nesses termos, mas, por vezes, fica confuso ou não sabe bem o que é… É para você esse artigo de hoje. Para que você não se confunda mais nesses termos de tão grande importância na embriologia.
Hoje, vamos falar então sobre embriologia. A embriologia é a ciência que estuda a formação do ser vivo, desde a fecundação até o desenvolvimento do mesmo, durante toda a gestação.
Esses termos, citados no título, referem-se à estágios iniciais do embrião. São estágios importantíssimos, uma vez que são base para todas as alterações que ocorrerão posteriormente e que formarão, etapa por etapa, um bebê. Portanto, quaisquer anormalidades que surgirem nessas etapas podem alterar todo o desenvolvimento e até mesmo inviabilizar o mesmo.
Sem mais delongas, vamos ao que importa hoje!!
MÓRULA
A mórula é o primeiro estágio embrionário. Ela é maciça, repleta de células.
E como ela se forma?
Quando ocorre a fecundação, ou seja, quando o espermatozoide penetra no ovócito, vários eventos acontecem. Um evento importante é a fusão de dois pró-núcleos, um masculino e outro feminino, levando à restauração do número diploide de cromossomos, ou seja, 46 cromossomos. Ao final desses eventos, forma-se o zigoto, e os 46 cromossomos que o formam se organizam em um fuso de clivagem.
O zigoto é composto por 23 cromossomos da mãe e 23 cromossomos do pai. Dessa forma, há uma nova combinação de cromossomos. Isso possibilita a variabilidade da espécie humana.
O zigoto é alvo de diversas clivagens, ou seja, divisões mitóticas repetidas, que se iniciam cerca de 30 horas após a fecundação e provocam um aumento do número de células rapidamente. Essas células são chamadas de blastômeros. A cada divisão formam-se blastômeros menores. Quando se formam nove blastômeros, os mesmos mudam sua forma e se unem, no processo de compactação, formando uma bola compacta de células. Essa proximidade das células permite a formação da massa celular interna.
Cerca de 3 dias após a fecundação forma-se a mórula, que, como já fora dito, é o primeiro estágio do desenvolvimento.
A mórula é composta por 12 a 32 blastômeros, sendo formada por uma camada interna que é a massa celular interna, e a camada interna é circundada por uma outra camada, que é a camada celular externa.
Esse processo de formação da mórula ocorre na tuba uterina.
No estágio de mórula, as células que a formam são células totipotentes. Mas, o que são células totipotentes? São células completamente indiferenciadas, capazes de gerar um organismo adulto. E essas células tem a capacidade de formar tanto um organismo adulto quanto tecidos extraembrionários, como a placenta.
BLÁSTULA
Quando a mórula chega ao útero, começa a surgir em seu interior uma cavidade, conhecida como cavidade blastocística. Essa alteração acontece devido à uma reorganização das células, que começam a ocupar a periferia, formando a cavidade. O interior dessa cavidade é preenchido por fluido, originado do útero, que penetra pela zona pelúcida. Essa cavidade é chamada também de blastocele. Nesse momento, o embrião deixa de ser chamado de mórula e passa a ser chamado de blástula.
A blástula, portanto, ao contrário da mórula, é oca, pois possui um espaço com líquido. À medida que o fluido aumenta na cavidade, ocorre a separação dos blastômeros em 2 tipos celulares: trofoblasto e embrioblasto.
Os trofoblastos correspondem a camada celular externa, a qual possui grande importância para formação da placenta.
Já os embrioblastos correspondem a camada celular interna e formarão o embrião propriamente dito. Posteriormente, o embrioblasto se diferencia em epiblasto e hipoblasto, formando o disco bilaminar.
No estágio de blástula as células da camada celular interna, os embrioblastos são células tronco pluripotentes, ou seja, são células capazes de gerar QUALQUER tecido do organismo. Porém, não são capazes de formar tecidos extraembrionários (pois essa capacidade é dos trofoblastos presentes na camada celular externa).
GÁSTRULA
Muitas alterações ocorrem, e chega-se, então, a uma nova etapa que sucede o estágio de blástula, essa etapa é a gastrulação que forma, portanto, a gástrula.
A gastrulação consiste no processo de formação das camadas germinativas. São três camadas germinativas e essas darão origem a todos os tecidos embrionários.
A gastrulação se inicia com o surgimento de uma linha conhecida como linha primitiva (originada por uma camada de células denominadas epiblastos, é uma diferenciação do embrioblasto que ocorre anteriormente ao processo de gastrulação). Ao se desenvolver, a linha primitiva gera algumas estruturas, como o nó primitivo (que corresponde a extremidade cranial da linha), o sulco primitivo (que é uma depressão na linha primitiva) e a fosseta primitiva (onde se encerra o sulco primitivo). Tanto o sulco quanto a fosseta primitiva são formados devido à invaginação de epiblastos.
Algumas células migram e formam o mesoderma, a camada intermediária.
Células do epiblasto deslocam as células hipoblásticas, e então o hipoblasto forma o endoderma, a camada mais interna.
E a camada de epiblasto forma o ectoderma, a camada mais superficial.
Assim, têm-se as três camadas: endoderma, mesoderma e ectoderma. Nesse estágio, o embrião é chamado de gástrula.
Nesse estágio, as células são células tronco multipotentes. Essas células tem a capacidade de se diferenciar em apenas alguns tipos de tecidos.
Cada uma das camadas é responsável pela formação de diversos tecidos. O endoderma forma, por exemplo, o Sistema Respiratório e Órgãos do Sistema Digestório. O mesoderma forma a derme, tecido conjuntivo e muscular, e o Sistema Circulatório e Reprodutor. E o ectoderma forma os epitélios, epiderme, cavidades, e o Sistema Nervoso.
Um evento importante que acontece nesse estágio e que será importante para o próximo, é a formação de uma estrutura a partir de células do mesoderma que formam então a notocorda, uma estrutura circular. A notocorda é importante para definir o eixo do embrião, estimular desenvolvimento do esqueleto axial, e de suma importância para o próximo estágio, de formação do Sistema Nervoso Central.
NÊURULA
No último estágio, eu disse que a notocorda seria muito importante para essa nova etapa.
A neurulação é o processo que dará origem ao sistema nervoso do embrião, que nesse estágio, é conhecido como nêurula. Esse processo é induzido/estimulado pela notocorda.
O sistema nervoso é derivado do ectoderma. O ectoderma localizado acima da notocorda sofre um espessamento, e, com isso, forma a placa neural. A partir daí, o ectoderma formador da placa neural passa a ser chamado de neuroectoderma, por ser uma “especialização” do ectoderma que dará origem ao sistema nervoso. A placa neural passa por várias alterações conformacionais, como formação de um sulco neural (uma depressão na placa), pregas neurais (que são proeminências da placa), até que essas pregas se unem e formam um tubo, conhecido como tubo neural. O tubo neural é o precursor do sistema nervoso central, formando encéfalo e medula espinhal. Quando esse tubo se forma, algumas células “ficam de fora” e formam, então, duas cristas neurais, que darão origem aos gânglios sensitivos dos nervos cranianos e espinhais. Além disso, contribuem na formação da retina, da glândula adrenal e etc.
Nesse momento, o embrião é chamado de nêurula.
Todos esses estágios acontecem até a quarta semana de desenvolvimento embrionário. Dá para acreditar que tantos acontecimentos importantíssimos acontecem em tão pouco tempo?!! Pois é, como valem quatro semanas para um embrião. São acontecimentos, que como você deve ter percebido, são cruciais para a vida. Por isso eu disse anteriormente, que anormalidades que possam vir a ocorrer nesses estágios iniciais podem inclusive inviabilizar a vida e formação do embrião, por serem fundamentais à vida!!
Espero que com esse artigo você tenha entendido com clareza o que esses quatro estágios são e representam à vida!!
Bons estudos!!!